TOMA TOMA TOMA
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra,
contundentes, contundidos, esmocados,
com vozes de cana rachada e um toma toma toma
de quem não usa a moca para coçar os piolhos
mas para rachar as cabeças.
O padreca, o diabo, a criadita,
o tarata, a velha alcoviteira, o galã
e, às vezes, um verdadeiro rato branco trapezista,
tramavam para nós a estafada estória
da nossa própria vida.
Mundo de pasta e de trapo
que armava barraca em qualquer canto
e sem contemplações pela moral de classe
nem as subtilezas de quem fica ileso
desancava os maus e beijocava os bons.
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra.
Ainda hoje esbracejo e me esganiço como esses
matraquilhos da comédia humana.
Alexandre O'Neill
4 comentários:
“Os Robertos” era um Teatro Popular, vi algumas vezes nas praias do norte.
Através de uma barraca de madeira, tapada com pano de Chita estampada já muito gasto, saltavam de lá uns bonecos com uma grande cabeça e olhos esbugalhados, com os dois pequenos braços agarravam num pau ou numa vassoura e corriam atrás de um outro boneco, dando-lhe muita pancada, seguido de muitos gritos e vozes estranhas. As histórias eram simples mas o mau perdia sempre.
Como as crianças adoravam e riam, os adultos prontamente nos acompanhavam e seguiam com o olhar a trama da história.
Como gostei deste poema. Há muito não me lembrava dos Robertos.
Gd Bj,
GR
Com "cachaporra" ou sem... já era tempo de os maus começarem a perder...
Vivam os "robertos"!
Abraço.
Lembro-me muito bem dos "Rbertos" que o meu Pai me levava a ver.
Quem sabe se algo da minha formação também vem daí?
Um beijo.
Os robertos da nossa infância, que andavam de praia em praia e eram a verdadeira alegria da miudagem...
Um beijo grande.
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