POEMA

AS NOTÍCIAS DA GUERRA


Quisera esquecer-se das notícias da guerra,
voltar a cara um pouco ao egoísmo dos seus dias,
e olvidado o tempo da batalha
refugiar-se
- quem sabe onde! -
oculto
ao ruído dos tiros.
Mas quando lhe dizem que a bomba rebentou
sobre o junco no canavial
e que o estrépito do bombardeio ainda afoga a flautita
que percorria o tempo das aldeias
e que o grito rebenta interminável confundindo-se
com o hino das colheitas:
então
quisera olvidar seu nome e rasgar todas as palavras
que pouco ou nada podem fazer pelo junco rebentado.

Então,
este homem quisera rasgar-se diante do espelho.


Alberto de Diego

5 comentários:

dona tela disse...

Pois. Quando toca à nossa porta é que... ai,ai.

Uma boa noite.

Ana Camarra disse...

Fernando Samuel

Eu por vezes quero desligar, esquecer, coisas que me incomodam, não me rebentam nos juncos á minha frente, mas rebentam na mesma, não me rasgo, mas rasgam-me um pouco da alma.

Beijo

GR disse...

O mal-estar dos outros é, também o nosso.
Por essa razão a Luta terá que ser feita por todos,
eu, tu, eles, nós… todos juntos.

Bjs,

GR

samuel disse...

"Pode alguém ser livre
se outro alguém não é
a corda dum outro
serve-me no pé
nos dois punhos, nas mãos
no pescoço, diz-me:
Pode alguém ser quem não é? "


Chega sempre o dia...

Abraço

Fernando Samuel disse...

dona tela: obrigado pela visita, boa semana.
Um beijo amigo.

Ana Camarra: não, não conseguimos (nem podemos) esquecer...
Um beijo.

GR: é a NOSSA luta.
Um beijo.

Samuel: ou isso...
Um abraço.