Ouvi dizer, entre os gritos do mundo, que é no silêncio dos pássaros
Que as mães carregam ao colo os filhos mortos
Estevas em sangue amassadas pelo molho dos olhos
Longínquos, como bátegas libertando o pó da terra em brasa.
Ouvi dizer, rente ao silêncio das romãs e dos limões, que é no estalar
Da fruta que as mágoas vêm beber a sua própria existência
Junto do coração amargo dos homens assustados
Caroços liquefeitos na sede do lume.
Ouvi dizer , ardendo no restolho das ausências que transporto, que nas lâminas
da solidão
É que se rasgam as certezas dos homens orgulhosos
Peregrinos dos regatos enfiados nos bolsos da infância rebentando na corrente
os ovos roubados aos ninhos , esquecidos atrás nas calças.
Disseram-me ainda há pouco que os homens mordem à força quando perdem todas as outras
Formas de amar. Alcateias assustadas pelo cio.
Casa das glicínias
4 de Outubro de 2011
Lains de ourém
2 comentários:
Bonito o poema.
O desespero é grande quando vemos o aparente fracasso da nossa esperança.
Mas o amor a um ideal tudo supera e não deixará morrer a força que o sustenta.
A Luta continua.
Beijos.
Belíssimo poema! E mais não digo...
Beijo, António.
Enviar um comentário