Ontem foi dia de festa para o Cravo de Abril.
Foi em Espinho e foi coisa bonita e digna de ser vista, graças, em primeiro e destacado lugar, à Guida e ao Alex - incansáveis, amigos, camaradas... - e, em segundo lugar, às muitas presenças amigas e solidárias: camaradas e amigos de Espinho, o Rogério e a Dete; a Graciete; a Sal, o Carlos, o Antuã e a Mercedes; o Alex e o Alberto Augusto... mais o pessoal ido de Lisboa, mais os que, por razões várias, não puderam ir, mas - bem o sabemos! - estavam lá connosco...
Fica apenas este breve registo da Festa, porque alguém virá aqui, um dia destes, contar-vos como foi.
Entretanto, no mesmo dia, o Presidente Tomás, perdão, Cavaco, foi ao Cartaxo.
Cavaco, perdão, Tomás, é um observador e, por isso, durante o caminho, certamente voltou a observar o «sorriso das vacas que estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto»...
Tomás, perdão, Cavaco, é um pensador e, por isso, voltou certamente a manifestar-se «surpreendidíssimo por ver que as vacas avançavam umas atrás das outras»...
Enquanto observava e pensava deste jeito, é bem provável que Cavaco, perdão, Tomás, fosse fazendo prognósticos mentais sobre os resultados das eleições na Madeira: 64%?, talvez um pouco menos, mas maioria absoluta de certeza...
Depois, falou. Como (quase) só ele sabe: exortou os portugueses a «trabalhar mais e melhor» - e a ganhar menos, é claro... - e decretou o fim das «querelas inúteis» que só dividem os portugueses - e, no seu tradicional jeito didáctico, pegou no exemplo dos famosos ciclistas Nicolau e Trindade - «que eram adversários em cima da bicicleta, competiam, mas fora dela eram amigos, eram homens de trabalho» - e disse que «as vacas...», perdão, disse o que o levou a visitar a Câmara Municipal do Cartaxo: é necessário «o máximo consenso partidário para fazer avançar a reforma do poder local apresentada pelo Governo»...
E enquanto tal dizia, pensava só para si, que tal reforma tem a suprema vantagem de acabar com o que tudo o que há de democrático no Poder Local Democrático saído da Revolução de Abril..
Depois, calou-se, cansado, extenuado de tanto pensar...
Também o pensador Eduardo Lourenço, em declarações à Lusa, se pronunciou sobre a situação do País.
Recorrendo ao mesmo acordo ortográfico utilizado por Cavaco, perdão, por Tomás, o pensador Lourenço pensou assim: «Portugal acabou por ser vítima das circunstâncias, não só de nós próprios, de algum modo. Certas coisas que nós deveríamos ter feito, provavelmente a tempo, e não fizemos»..., e após ter desferido tão elevado pensamento, Lourenço, tal Cavaco, perdão, tal Tomás, concluiu que «Portugal tem capacidade para reagir positivamente a todas as pressões de que tem vindo a ser alvo»...
São assim os pensadores...
Não há volta a dar-lhes...