MASSA
No final da batalha,
e morto o combatente,
aproximou-se dele um homem
e disse-lhe: «Não morras, amo-te tanto!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Aproximaram-se dele dois homens e repetiram-lhe:
«Não nos deixes! Coragem! Volta à vida!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Acudiram-lhe vinte, cem, mil, quinhentos mil,
clamando: «Tanto amor, e não poder nada contra a morte!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Milhões de homens o rodearam,
num pedido comum: «Não nos deixes, irmão!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Então, todos os homens que há na terra
o rodearam; viu-os o cadáver triste, emocionado;
soergueu-se lentamente,
abraçou o primeiro homem.
E começou a andar...
César Vallejo
8 comentários:
Não conheço o autor, vou investigar um pouco, mas o poema é (parece-me)uma bela e estranha metáfora à força que os homens podem ter, se unidos. Li bem?
Já fui saber quem foi Vallejo, e comecei por constatar que nasceu no mesmo dia que eu!
E pareceu-me um poeta "nocturno". Irei lê-lo. Obrigada por mo mostrares.
E, no comentário acima, queria dizer ." metáfora da força que ..."
justine: signos iguais - Peixes, quase, quase no fim... -portanto.
Durante muito tempo pensei que ele era espanhol, dado que os poemas que conhecia tinha-os lido em edições espanholas... Depois descobri este poema - que li como tu - e uma pequena biografia, na antologia «Poemas do Último Século Antes do Homem». Não conheço mais nenhum poema dele traduzido em português.
Veio-me à memória Gandy,que,com as suas greves de fome,conseguiu unir os Indianos, e vencer!
Em todas as situações a união, é o elo mais forte!
Um por todos e todos por um!
José Manangão
Seja ele quem for, já gosto da sua poesia. A avaliar por esta...
beijinhos
josé manangão: em todo o caso, o César Vallejo era um camarada, militante do Partido Comunista de Espanha.
Um abraço forte.
sal: mesmo assim, aqui fica a pequena (e incompletíssima) biografia dele que refiro na resposta ao comentário da justine: «César Vallejo, peruano, nascido em 1892. É um dos mais importantes poetas da América do Sul deste século. A sua poesia continua a exercer uma profunda influência. O poeta sofre uma prisão em Trujillo, aos 28 anos, e exila-se em seguida, orientando-se para o comunismo. Está em Espanha durante a República e a Guerra Civil e morre em Paris, na miséria, em 1938, em consequência, ao que parece, duma crise de paludismo».
Um beijo amigo.
"A União faz a Força!"
Gostei muito deste poema.
Cada dia conheço mais poetas, por ti apresentados. Tão belos poemas.
Obrigado,
GR
gr: são os nossos poetas, não é?
Enviar um comentário