OS PROFESSORES EM LUTA

PERGUNTAR NÃO OFENDE


O Público de hoje diz que agentes da PSP se deslocaram a várias escolas do País perguntando quantos e que professores iriam aderir à manifestação nacional.
O pretexto alegado pela PSP é o de «garantir a segurança dos manifestantes» (onde é que eu já ouvi isto?...».
Muito justamente, os professores acham estranha esta forma de a PSP garantir a sua segurança, e, muito justamente, acham que se trata de uma manobra de intimidação visando enfraquecer a manifestação de amanhã.

Manobra anti-democrática e violadora da Constituição da República Portuguesa, mas que não evitará o inevitável: amanhã, os professores, unidos em torno das suas estruturas representativas de classe, vão realizar uma poderosa manifestação, muito provavelmente a maior de toda a história da sua luta em defesa dos seus legítimos interesses e direitos.

Em Ourém, os polícias que procederam às «averiguações» disseram estar a cumprir ordens da direcção nacional da PSP.
O Comando Distrital da PSP de Santarém desmentiu ter dado essas ordeens.
A Direccção Nacional da PSP assumiu as ditas ordens.
O ministro do Interior... perdão, da Administração Interna, confirmou as ordens de «averiguar» quantos vinham mas não as ordens de «averiguar» os que vinham - e diz que, sobre isso, até pediu «a abertura de um processo de averiguações». Pois, pois...

Em resumo: as ordens existiram mesmo. E, pelos vistos, essas ordens passaram a ser prática normal do Governo face aos que, usando um direito constitucional, contestam a sua política e, com as armas que têm na mão, a combatem.

Outras ordens da mesma família, e igualmente anticonstitucionais - estas já num patamar superior de «averiguações» - foram as que, ontem, levaram a GNR a carregar sobre os trabalhadores em greve na ETAR de Ribeira de Moínhos, em Sines - à semelhança do que havia ocorrido na Valorsul, na Pereira da Costa, etc..

De tudo isto exala um cheiro nauseabundo ao antigamente, aquele cheiro que se desprende da declaração da ministra da contra-educação quando - recorrendo a uma expressão frequentemente utilizada pelos seus colegas ministros dos tempos de Salazar e Caetano - diz que «é evidente que esta manifestação está partidarizada».

Ora, se acrescentarmos a estas práticas do Governo a sua subordinação total ao poder do grande capital (que é, de facto, quem manda no Governo), a sua política anti-social, anti-democrática, anti-patriótica, teremos que concluir que o Governo de José Sócrates é um governo fora da Lei Fundamental do País.

E perante esta realidade incontestável - e porque perguntar não ofende - uma pergunta ocorre fazer:
quando é que o Presidente da República cumpre o juramento, feito em acto de tomada de posse, de «cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa»?

4 comentários:

Antonio Lains Galamba disse...

PSP? PIDE? desculpe, repita lá, não percebi...

Fernando Samuel disse...

antonio lains galamba: percebeste, percebeste, ó se percebeste...
Abraço.

Justine disse...

Ah, estou admirada, eu a pensar que estes rapazes zelosos tinham todos agido por sua alta recreação, afinal receberam ordens! Mas quem diria!!!

Cheira mal, sim FS, cheira cada vez pior.

Fernando Samuel disse...

justine: e a verdade é que ordens desta natureza só o Governo as pode dar...