DOIS POEMAS
CANTO E LAMENTAÇÃO NA CIDADE OCUPADA
6.
Pelo silêncio na planície pela tranquilidade em tua voz
pelos teus olhos verdes estelares pelo teu corpo líquido de bruma
pelo direito de seguir de mãos dadas na solidão nocturna
lutaremos meu Amor
Pela infância que fomos pelo jardim escondido que não teve
o nosso amor
pelo pão que nos recusam pela liberdade sem fronteiras
pelas manhãs de sol sem mácula de grades
lutaremos meu Amor
Pela dádiva mútua da nossa carne mártir
pela alegria em teu sorriso claro pelo teu sonho imaterial
pela cidade escravizada pela doçura de um beijo à despedida
lutaremos meu Amor
Pelos meninos tristes suburbanos
contra o peso da angústia contra o medo
contra a seta de fogo traiçoeira cravada
em nosso coração aberto
lutaremos meu Amor
Na aparência sózinhos multidão na verdade
lutaremos meu Amor
Daniel Filipe
(in A Invenção do Amor e outros poemas)
MAL-ME-QUER, BEM-ME-QUER
Falemos, pois, de amor: serenamente.
A esfinge que nós somos, adormece cansada
e a criança de um dia olha-nos, frente a frente.
(Muito, pouco, nada).
Daniel Filipe
(in Pátria, lugar de exílio)
7 comentários:
Boa poesia...
A primeira vem com o "bónus" de me lembrar o meu companheiro de cantigas Manuel Freire, que tão bem a musicou e canta.
FS, este é um dos da minha selecção pessoal! Tão belo e com tanta força.
E o "mal-me-quer...", uma pérola!
Obrigada, um beijo
A força das palavras está na mão de quem as escreve e na voz de quem as canta!
Abraço
José Manangão
A luta pelo amor deve ser diária e constante. Sua poesia é uma forma de luta.
Beijos de Sol e de Lua.
samuel: tenho-a aqui, em vinil, e é linda...
Um abraço.
justine: «uma pérola», dizes bem...
Um beijo amigo.
josé manangão: e também na voz e no sentir de quem as lê...
Um abraço.
bruxinhachelot: obrigado pela visita, e pelas palavras.
Um beijo amigo.
Daniel Filipe poeta do amor,do despertar de consciência para a luta, para um mundo melhor.
É uma felicidade ler este poema.
GR
gr: poeta do amor e da luta... e grande poeta!
Um beijo amigo.
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