POEMA

NÃO PASSARÃO


Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!

Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
entre o sangue vertido
e o sonho desfeito.

Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
de traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
que na tua tragédia se redime.

Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
nasce o trigo de novo.
Morrem filhos e filhas da nação.
Não morre um Povo!

Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
as forças que te querem jugular
não poderão passar
sobre a dor infinita desse não
que a terra inteira ouviu
e repetiu:
Não passarão!


Miguel Torga

6 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Não, não passarão.
Por muito que destruam, a semente fica e germinará.

Um beijo.

Justine disse...

Grande, enorme hino de força e resistência!

svasconcelos disse...

Grandioso, este poema!

Não passarão!

beijo,

Olinda disse...

Grande ode à resistencia,bem precisamos de nos lembrar que já houve tempos piores,e tantos homens e mulheres continuaram a lutar.

Maria João Brito de Sousa disse...

Fabuloso hino à resistência!

Maria disse...

Grande, grande poema de resistência!

Um beijo grande.