O TIGRE DO PAPEL

O site WikiLeaks divulgou mais 251 287 documentos confidenciais ou secretos que são correspondência trocada entre o Departamento de Estado e diplomatas dos EUA espalhados pelo mundo.
Membros do governo de Obama vieram a público manifestar as suas «preocupações» com o facto. Dizem eles que a divulgação destes documentos «põe em perigo a vida de cidadãos norte-americanos em vários países».
Se põe ou não, não sei, nem quero saber, nem isso me preocupa.
Preocupa-me, isso sim, as vidas brutalmente ceifadas por esses «cidadãos norte-americanos em vários países» .

Como é hábito, às vozes preocupadas dos chefes, juntaram-se de imediato as dos seus porta-vozes distribuidos pelos média do grande capital, em todo o mundo.
Foi o caso de Teresa de Sousa - ex-esquerdista assanhada, de punho no ar: «o imperialismo é um tigre de papel», e agora, que o papel é outro, assanhada propagandista do tigre do papel.
Escreveu ela, no seu Público, que a afirmação de Julian Assange segundo a qual a divulgação destes documentos «serve a transparência», é falsa.
Porquê?: porque, escreve Teresa de dedo em riste, «não há transparência aceitável fora da lei. Não há jornalismo sem regras».
Obviamente, está referir-se à «lei» dos seus donos e às «regras» por eles determinadas - «lei» e «regras» que são as dela, pelo papel que desempenha e pelo papel que o tigre imperialista, directa ou indirectamente, lhe faz chegar.

Tal como os seus chefes, Teresa está preocupada.
E porquê?: porque o que o Assange quer é «enfraquecer a América».
(Reparem: Teresa não escreve Estados Unidos da América: tal como os seus chefes, escreve «América», assim como quem diz que o continente americano é propriedade do imperialismo norte-americano - e venha o papel...).

Escreve, finalmente, Teresa que a divulgação dos documentos, para além de colocar «problemas muito sérios às democracias» - o que, digo eu, é perigosíssimo para os patrões das democracias... - «coloca problemas igualmente muito sérios à imprensa livre das democracias»- que é, digo eu, a imprensa feita com o papel do tigre e das suas crias indígenas.

Em resumo, e parafraseando um grande escritor norte-americano, o que faz escrever Teresa ... é o papel...

7 comentários:

samuel disse...

Já tenho por aqui o rascunho de uma coisa, sobre este assunto, em que para além da Dona Teresa, também entra a sempre apreciada Câncio... :-)))

Abraço.

salvoconduto disse...

Talvez a pasta...

A outra que não há meio de se cansar também diz + ou - o mesmo.

Antuã disse...

Dá-me um certo gozo mudar de estação quando a pobre Teresa palra na Antena-1.

Carlos Henrique disse...

Não é só a Teresa de Sousa,e a Câncio, então e as observações feitas sobre este caso, pelos nossos ex-camaradas que se passaram para o PSD, Zita Seabra e José Magalhães para o PS,o José Luis Judas,o Pina Moura e os restantes Carlos Britos.

Que mania, porque razão não apontamos também aqueles que nos eram próximos, será que eles também não foram à procura do dito papel? Será que não são tão reaccionários e traidores como os Acácios...

Um abraço

Carlos Henrique
Seixal

Maria disse...

Outra que também podia ir para a pátria do papel...
Eles não gostam que as verdades venham à luz do dia. Nunca gostaram. Lá sabem porquê...

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Os nossos que se passaram para o lado de lá também são traidores em certo sentido. Apresentar as dúvidas no local certo é um direito de cada um
Discordar e trazer para o exterior os seus pontos de vista e recalcamentos tão pouco esclarecidos é outra coisa bem condenável.
Um beijo.

Dylan disse...

Não sei muito bem onde é a fronteira da liberdade da informação mas de certeza que não será no terreno onde a Wikileaks tem actuado. A sua política de terra queimada substitui o jornalismo pelo voyeurismo da opinião pública, ao melhor estilo de se saber qual é a cor do papel higiénico que os diplomatas usam. Como se não houvesse segredo de estado nem a diplomacia não fosse um manual de boas maneiras. Reconheço o papel relevante de Julian Assange na denúncia das violações de direitos humanos mas a sua organização acaba por fazer o mesmo que tanto a sua missão divina e protagonismo reclamam: espiar.

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