POEMA

ITINERÁRIO


Os milhares de anos que passaram viram
a nossa escravidão.

NÓS carregámos as pedras da pirâmides,
o chicote estalou,
abriu rios de sangue no nosso dorso.
NÓS empunhámos nas galés dos césares
os abomináveis remos
e o chicote estalou de novo na nossa pele.
A terra que há milhares de anos arroteámos
não é nossa
e só NÓS a fecundamos!
E quem abriu as artérias? quem rasgou os pés?
Quem sofreu as guerras? quem apodreceu ao abandono?

E quem cerrou os dentes, quem cerrou os dentes
e esperou?

Spartacus voltará: milhões de Spartacus!

Os anos que aí vêm hão-de ver
a nossa libertação.


Papiniano Carlos

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Muitos Spartacus continuam a luta e nova alvorada chegará.

Um beijo.

Olinda disse...

O mal dos heróis é serem sempre poucos.Mas o povo é o principal motor da história.

Maria disse...

Muito a propósito. E sim, milhões de Spartacus hão-de renascer dos nossos dedos, das nossas mãos!

Um beijo grande.