POEMA

DEMOTADURA


Estações de TV governo dá.
Descabeladamente aumenta o pão.
O Braga diz que mais aumentos, «não»
e que salários aumentados, ná.

Na Educação mil cortes? É pra já.
Os remédios mais caros? Aí estão.
A CEE vem-nos comer à mão
quiquiriqui, cocoricó, cacaracá...

Cavaco quer ter sempre o trunfo de ás.
Ele pensa, ele quer - logo ele faz.
Controvérsias, debates, não atura.

Na maré alta da hipocrisia
ele soletra bem de-mo-cra-cia
mas traduz mentalmente «ditadura».


Mário Castrim
(Janeiro/1992)

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

A CEE ou UE veio comer-nos a mão e tudo mais sob a "democracia" dos seus apoiantes.

Um beijo.

Maria disse...

Cavaco (e outros) sempre soletraram democracia com a palavra ditadura na cabeça. São assim, de nascença.

Um beijo grande.

Olinda disse...

Sempre actualizado o saudoso Castrim.

Maria João Brito de Sousa disse...

Que maravilha de poema! Tenho uma enorme admiração por este tipo de poesia... e o Mário Castrim sempre foi um mestre da ironia!
Abraço vermelho!