Quando os jornais começaram a dar notícia dos julgamentos dos facínoras dementes que, sob a designação de Khmers Vermelhos - espalharam o horror no Camboja, disse para mim que eles, os jornais, iriam chamar «comunistas» aos criminosos cambojanos e atirar para cima dos comunistas as responsabilidades dos brutais crimes ali cometidos.
Estamos habituados a que assim seja e, como é sabido, à conta disso já carregamos um pesadíssimo fardo de crimes inomináveis...
No entanto, e para minha surpresa, tal não aconteceu!: para os média dominantes, faça-se-lhes justiça, os Khmers Vermelhos têm sido isso mesmo: Khmers Vermelhos, ponto final.
Até agora!
E é caso para dizer que tardou mas arrecadou...
Foi hoje, no órgão da Sonae.
Helena Matos, comentadora que ali tem lugar cativo - e, portanto, escreve, em geral, imitando a voz do dono; e, em particular, imitando a sua própria voz... - desembaínhou a espada do anticomunismo militante e aí vai disto:
«Khmers Vermelhos»? - grita ela, naquele jeito que lhe vem dos tempos de revolucionária - «Khmers comunistas» é que eles são, «marxistas-leninistas» e tudo.
E conta que tudo isto, que ela já sabia muito bem, lhe foi confirmado por uma sua gémea, cambojana! - e, ainda por cima, descendente de portugueses!! - cuja lhe garantiu que «Khmers comunistas» é que eles eram - e quem disser o contrário não passa de um perigoso e criminoso comunista.
E por que é que os jornais chamam «vermelhos» aos kmers «comunistas»?
Helena Matos pensa - sim, ela pensa... - que esse erro gravíssimo se deve a - eu avisei-vos: ela pensa! - que esse erro gravíssimo se deve a «uma estranha condescendência da opinião pública ocidental perante os crimes do comunismo».
E ESTA???!!!
Digo-vos: não há pachorra para aturar esta cambada.
Aqui ficam alguns registos que vale a pena recordar:
1 - o regime de Pol Pot - dos Kmers Vermelhos - foi derrubado pela acção dos comunistas vietnamitas que, intervindo no Camboja - e sob protestos e ameaças do governo dos EUA - puseram termo ao bárbaro genocídio que ali se verificava;
2 - quando, na sequência do derrubamento do regime, se criou um governo que se propôs iniciar a recuperação das cruéis devastações económicas, sociais, políticas, culturais, humanas, civilizacionais provocadas por quatro anos de poder dos Khmers Vermelhos, esse novo governo foi alvo de intensa ofensiva por parte dos EUA, da Grã-Bretanha, da França e da China;
3 - uma das exigências desses países - rejeitada pelos comunistas do Vietname -
era que os «polpotistas» estivessem representados no novo governo;
4 - altos dirigentes dos EUA, incluindo o seu Presidente, não se cansaram, na altura, de elogiar Pol Pot, de negar a dimensão e a crueldade do genocídio por ele praticado e de exigir que ele fosse considerado um cidadão com direitos iguais a qualquer outro cambojano - e com direito a ser eleito...;
5 - no Conselho de Segurança da ONU só a então União Soviética tomou posição clara e inequívoca contra os crimes de Pol Pot e defendendo um solução democrática para o país.
17 comentários:
Só a URSS tomou posição contra os kmers veremelhos e POL POT,no Conselho de Segurança da ONU. Mas nisso não se fala nem da posição dos outros países "livres e demicráticos".Porquê hoje retomar esse assunto? Porque é cada vez mais urgente destruir os ideais comunistas.
Um beijo,com muita amizade, mas muita amargura.
Ao anti-comunismo primário de Helena Matos há que se juntar uma boa dose de ignorância e estupidez.
Obrigado pelo relato documental, fazia-me falta!
O abraço que faz falta
Antes de mais, o meu muito obrigado pelo conhecimento partilhado.
E puxando desavergonhadamente a brasa à "minha sardinha", este tipo de comentário anti-comunista da Helena Matos insere-se na tal lógica dos comentaristas a que fiz menção num dos últimos posts que deixei no "chegateaqui" e que tu comentaste de forma ... subtil :-))
Mais uma vez, obrigado.
Boa malha
Abraço
Olha... que é que queres? Gosto da Helena Matos! Embora se passem anos entre as visitas... estas idas ao Zoo são sempre engraçadas...
Abraço.
Se essa tal Helena Matos tivesse lido os artigos publicados por Wilfred Burchet a partir de Phom Pen em 1979, ou tivesse lido os Cadernos do Terceiro Mundo de Novembro de 1985, de certeza que antes de contemplar quem a lê com este tipo de intrujices, talvez meditasse um pouco reconhecendo que a verdade é a mãe da história. Se é que ela consegue meditar?
Pois é; a Senhora ignora esses factos porque nessa altura era uma Maoista com garras de aço sempre pronta a retraçar os revisionistas.
Não há pachorra para a cambada nem para ler estes jornais!!!
Mas a HM sabe mjuito bem o que fez!
Um beijo grande.
A Helena Matos é um aborto da brava natureza.
Em contrapartida há muita pachorra para ouvir J.de Sousa. Ontem no parlamento mais um arremesso de protesto de provocar calafrios ao advesário. "Vinho azedo em casco novo" é assim que pateticamente concorre com o Louçã nos "veementes protestos metafóricos" depois claro vai ao futebol. Ele sabe bem do que é que o povo trabalhador precisa... Dêem-lhe bola que ele agradece...
O revisionismo enterra-se à medida que o governo enterra quem trabalha. Só falta C.Silva anunciar a próxima "guerra" que vai "ferir de morte" o governo do
saque e da falta de vergonha, muito parecido com a falta de vergonha do PCP e da Inter.
Ora aki tá um revolucionário,amigo da verdade.caro anónimo das 9:55-qual é a percentagem da divida do estado em relação à divida publica(ie,o Estdo mais os PRIVADOS)?Não sabe,nem quer saber donde,nada disto é para aki xamado.Interessa só atacar a única força coerente da politica portuguesa,caro mano da HM!!!!O Obscurantismo ao serviço do Banksters!
Ora a que está o prezado SR.Dr. Anónimo das 10:09 que afirma que é necessário saber qual é a percentagem da "divida do Estado em relaçãoà dívida pública". Depois explica do alto da sua cátedra entronizada de sabedoria académica que ele aprendeu com os eruditos e sábios da burguesia desmiolada.
Não é de estranhar que ele esteja um pouco confuso...
Vinha saudar-te por esta mensagem, que tem enorme pertinência e deveria merecer reflexão séria, até por aquilo que sublinhas que foi a intervenção decisiva dos comunistas vietnamitas, e apanho com energumenadas a completo despropósito. Passo sobre elas com cuidados de não apanhar salpicos (safei-me!) e deixo-te
um grande abraço
Anonimo das 09:55; tens uma espingarda para mim? Estou decido em iniciar a guerra contra a burguesia quanto antes. Tenho é muitas dúvidas em saber para qual das trincheira te vais atirar assim que comece a fuzilaria.
Nesse campo a história deu-nos muitas lições de traição.
É precisamente na trincheira que insinua que a traição está em larga maioria, não tenhamos dúvidas caro Khe Sanh. Agora então que os milhões nunca foram tão valiosos os traidores esperam ansiosos a sua vez. Não é verdade? Outros já lá estão nos poleiros à espera da reforma doirada e outros já agozam de pleno direito. Ainda não reparou nisso?
O que me dá mais gozo é a imbecilidade de certos anónimos revolucionários de plástico.
Graciete Rietsch: a ofensiva anticomunista não pára...
Um beijo.
Anónimo: o anticomunismo, para além de sempre antidemocrático, é sempre estúpido e ignorante.
Abraço.
Pata Negra: abraço e bom trabalho.
Eduardo Miguel Pereira: de facto, ela integra plenamente esse exército de comentaristas/propagandistas do sistema que mencionaste.
Um abraço.
O Puma:abraço.
samuel: não há como o zoo para nos mostrar a bicharada...
Um abraço.
Khe Sanh: ela sabe tudo isso, só que não quer que se saiba...
Um abraço.
Maria: ó se sabe!...
Um beijo grande.
Antuã: a natureza tem destas coisas...
Um abraço.
do zambujal: é o melhor: deixá-los a falar sozinhos...
Grande abraço.
Pintassilgo: um abraço.
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