Diz Obama que até final deste ano sairão do Iraque todos os soldados norte-americanos que há quase nove anos ocupam o país.
Isto porque, diz o Prémio Nobel da Paz, está estabelecida e assegurada «a normalidade democrática» naquele país...
Sairão até Dezembro? Todos os soldados norte-americanos?
Veremos...
Quanto à «normalidade democrática» vejamos:
estamos a falar de um país que foi invadido e ocupado pelo mais poderoso exército do planeta, provocando a morte de mais de 1 milhão e 300 mil pessoas e obrigando mais de 4 milhões a refugiar-se; que destruiu e saqueou o riquíssimo património cultural do país e que se apropriou das suas riquezas naturais; que destruiu a economia e liquidou os serviços públicos de Saúde e Educação, que antes eram garantidos gratuitamente à maioria da população;
estamos a falar de um país onde os sequestros e as matanças se converteram num hábito; onde, nas 420 prisões a cargo dos EUA, há mais de 23 mil presos e nas restantes, a cargo do governo iraquiano, há mais de 400 mil - em cárceres onde as mulheres são torturadas e violadas e donde apenas 10% saem para julgamentos;
estamos a falar de um país onde 28% das crianças sofrem de desnutrição e 10% de doenças crónicas; e onde a corrupção alastra, começando nos membros do governo... (um exemplo: descobriu-se recentemente a existência, só no ministério do Interior, de 66 mil empregos fictícios que custam ao Estado, anualmente, cinco mil milhões dólares...)
Mas não há razão para preocupações: Obama garante que tudo está bem; que reinam a paz e a ordem; que o governo foi «eleito democraticamente» e está, por isso, em condições de assegurar a «normalidade democrática»...
Assim, os soldados norte-americanos podem sair do Iraque e ir espalhar a «normalidade democrática» na Síria, no Irão... enfim, onde haja petróleo...