Revendo (resumidamente) a matéria dada:
«No dia 1 de Maio de 1886, o operariado norte-americano ergueu um poderoso conjunto de greves e de grandes acções de massas, reivindicando direitos laborais e, entre eles, as oito horas diárias de trabalho.
Em Chicago, no dia 4 de Maio desse ano, no decorrer de um comício sindical, a polícia montou uma provocação, fazendo explodir uma bomba que matou um polícia, assim criando o pretexto para a brutal vaga repressiva que se seguiu: dezenas de mortos, centenas de feridos, centenas de trabalhadores presos, designadamente dirigentes operários, oito dos quais foram submetidos a um julgamento que se revelaria como a continuação da provocação montada no dia 4: um juiz, um júri e testemunhas todos escolhidos a dedo...
E, como a provocação previamente determinara, os acusados foram condenados a penas cruéis, tendo quatro deles - Adolph Fischer, Albert Parsons, August Spies e George Engel - sido enforcados em 11 de Novembro do ano seguinte.
(...) A repercussão destes acontecimentos - que constituíram um novo estádio na luta dos trabalhadores contra a exploração capitalista - fez-se sentir em todo o mundo.
E três anos depois, o Congresso Operário Internacional de Paris, em homenagem aos "Mártires de Chicago", aprovou uma resolução que fixava o dia 1º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador.
(...) Desde então, todos os anos, no 1º de Maio, por todo o mundo, milhões de trabalhadores saem às ruas em memoráveis jornadas de confraternização, de luta e de exigência reivindicativa aos governos e ao patronato, exigência que comporta, sempre, a redução do horário de trabalho - sendo certo que em alguns países, as oito horas diárias são, ainda hoje, a reivindicação primeira dessas manifestações.
E tal é o significado do 1º de Maio, enquanto sinónimo de liberdade na luta pelos direitos e interesses dos trabalhadores, que só nos países onde a opressão domina ele não é comemorado livremente».
O MASTRO DE MAIO DOS TRABALHADORES
Trabalhadores de todo o mundo, seja qual for
o vosso trabalho, suspendei-o neste dia:
deixai para trás as nuvens de inverno,
avançai ao sol com alegria.
Agora que de novo a verde terra rejubila
nos rebentos e nas flores de Maio
levantai os corações e a voz
na alegria universal do Dia do Trabalho.
Desfraldai bandeiras de terras longínquas
com a mesma mensagem de luta e esperança:
levantai o mastro de Maio e as suas grinaldas
que a vossa causa envolve na causa de todos.
Em cada faixa que esvoaça está escrito
o doce alvoroço do coração da liberdade
por distantes que estejam a coroa e o prémio
cada um com todos os outros os há-de alcançar.
A vossa causa é a esperança do mundo
a vossa luta é a vida do homem,
a Liberdade, bandeira desfraldada dos trabalhadores,
é um véu na luminosa face do futuro.
Sejais vós muitos ou poucos, reunidos,
que seja clara a vossa mensagem neste dia;
sejamos pássaros da primavera, mesmo com uma só pena,
cantemos o Primeiro de Maio.
Uma vida nova está ainda oculta,
mas projecta-se já a sua sombra;
um novo renascer da esperança seguramente
aí vem, como o mar chega à praia.
Fincai pé, trabalhadores, com firmeza,
fortes e unidos, puxai em conjunto:
juntai as mãos numa cadeia ao redor do mundo
se quereis realizar a vossa esperança.
Quando os Trabalhadores do Mundo, irmãos e irmãs,
construírem, no tempo novo que aí vem,
a casa comum para si próprios,
então, será sua a terra inteira.
Walter Crane
(Inglaterra, 1845-1915)