Uma coisa a que deram o nome de «Conferência Internacional dos Amigos da Líbia» vai reunir amanhã.
Sarkozy e Cameron - cuja amizade pela Líbia esta bem patente nos milhares de bombardeamentos dos últimos seis meses - são os proponentes e organizadores da coisa, que contará com a inevitável presença de, entre muitos outros «amigos da Líbia», Hillary Clinton, a amigalhaça número 1.
É objectivo desta coisa «mostrar o apoio da comunidade internacional ao Conselho Nacional de Transição e contribuir para a instauração de um regime democrático na Líbia» - ou seja: consumar a ocupação do país; ou seja: prosseguir, em novos moldes, a «protecção de civis»...
A propósito: os tais «32 barcos carregados de bens essenciais e de medicamentos» anunciados há dias pelos «rebeldes», chegaram, transportando «600 toneladas de farinha, azeite e polpa de tomate» e 500 mil litros de água - que, agora, serão distribuídos de acordo com as prioridades definidas: os primeiros beneficiados serão os desalojados e famintos de Tripoli (35 000) e do Nordeste (200 000).
Os média dominantes não se cansam de enaltecer esta «importante ajuda humanitária»...
É certo que, feitas as contas, se constata que cada pessoa receberá, dos que os flagelaram com bombas, apenas 2, 5 quilos de «farinha, azeite e polpa de tomate»... mas o que interessa é difundir, fazer chegar a todo o lado a notícia da «chegada da ajuda humanitária»...
A Líbia é, hoje, um país devastado - excepto, naturalmente, nos locais onde os «rebeldes» se encontravam... pois aí as bombas foram. de facto, protectoras: não caíram...
Temos assim que protecção de «rebeldes» e «protecção de civis» são as duas faces da moeda líbia.
No primeiro caso, a protecção foi um êxito: nem um «rebelde» foi morto;
no segundo caso, a «protecção» também cumpriu os seus objectivos e foi, igualmente, um «êxito»: matou milhares de civis, destruiu habitações, hospitais, escolas, centrais eléctricas...
Mas a «protecção» continua: os «amigos» do povo líbio vão continuar a protegê-lo nas duas modalidades acima referidas: enviando-lhes «farinha, azeite e polpa de tomate» e ensinando-lhes democracia...
Com amigos como estes, o povo líbio não precisava de inimigos...