POEMA

GRITO NEGRO


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder, sim
e queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!


José Craveirinha


4 comentários:

samuel disse...

Que sopre o vento!

Abraço.

Fernando Samuel disse...

samuel: e que sopre forte...
Um abraço.

Maria disse...

E que o vento sopre em todas as direcções onde existe exploração!

Um beijo grande.

Fernando Samuel disse...

Maria: repito: e que sopre forte...

Um beijo grande.