ELOGIO DA DIALÉCTICA
A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração:
isto é apenas o meu começo.
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes
falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? Também de nós.
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca, será: ainda hoje.
Brecht
ATÉ AMANHÃ, CAMARADAS
No ano que hoje finda, lutámos muito
- e, com a luta, conseguimos impedir a política de direita de ir tão longe quanto queria no roubo de direitos à imensa maioria dos portugueses.
No ano que hoje finda, lutámos muito
- e, com a luta, conseguimos tirar a maioria absoluta ao governo de serviço à política de direita.
No ano que hoje finda, lutámos muito
- mas não conseguimos derrotar definitivamente essa praga que há 33 anos nos faz a vida negra.
Conclusão: no ano que amanhã começa teremos que lutar mais do que no ano que hoje finda.
Um 2010 com ainda mais e mais fortes lutas, é o que nos desejo.
Até amanhã, camaradas.
- e, com a luta, conseguimos impedir a política de direita de ir tão longe quanto queria no roubo de direitos à imensa maioria dos portugueses.
No ano que hoje finda, lutámos muito
- e, com a luta, conseguimos tirar a maioria absoluta ao governo de serviço à política de direita.
No ano que hoje finda, lutámos muito
- mas não conseguimos derrotar definitivamente essa praga que há 33 anos nos faz a vida negra.
Conclusão: no ano que amanhã começa teremos que lutar mais do que no ano que hoje finda.
Um 2010 com ainda mais e mais fortes lutas, é o que nos desejo.
Até amanhã, camaradas.
POEMA
O QUE UMA CRIANÇA TEM DE GRAMAR
Os olhos de Deus vêem todas as vias.
Faz as tuas economias para o pior dos dias.
O mandrião nada de bom deixa em herança.
Muito ler os olhos cansa.
Carregar carvão desenvolve a musculatura.
O belo tempo da infância que tão pouco dura.
Não te rias dos enfermos.
Com os adultos não se discuta e têm-se termos.
Quando à mesa te fores sentar nunca te sirvas em primeiro lugar.
Passear ao domingo é muito salutar.
Um velho respeito merece.
Não é com bombons que um menino cresce.
Mas são do que as batatas não há nada.
Criança educada deve saber estar calada.
Brecht
Os olhos de Deus vêem todas as vias.
Faz as tuas economias para o pior dos dias.
O mandrião nada de bom deixa em herança.
Muito ler os olhos cansa.
Carregar carvão desenvolve a musculatura.
O belo tempo da infância que tão pouco dura.
Não te rias dos enfermos.
Com os adultos não se discuta e têm-se termos.
Quando à mesa te fores sentar nunca te sirvas em primeiro lugar.
Passear ao domingo é muito salutar.
Um velho respeito merece.
Não é com bombons que um menino cresce.
Mas são do que as batatas não há nada.
Criança educada deve saber estar calada.
Brecht
SEM COMENTÁRIOS
TRÊS NOTÍCIAS SEM COMENTÁRIOS:
Uma - segundo a ABC News, o bombardeamento norte-americano que, na terceira semana de Dezembro, matou 64 iemenitas - entre os quais 23 crianças e 17 mulheres - foi ordenado pelo Presidente Barack Obama, Prémio Nobel da Paz.
Duas - no sábado passado, um bombardeamento norte-americano - realizado por drones (aviões não tripulados) matou 13 pessoas numa localidade paquistanesa da região do Waziristão do Norte, na fronteira com o Afeganistão.
Segundo o jornal The News, os cerca de 90 bombardeamentos com drones efectuados naquela região desde 2008, mataram um milhar de paquistaneses e levaram ao êxodo de 300 mil pessoas.
TRÊS - a Agência de Imigração e Segurança Aduaneira dos EUA tem cerca de 180 prisões secretas para encarcerar imigrantes ilegais. Estas prisões estão instaladas quer nas zonas suburbanas, quer no centro de grandes metrópeles, como Los Angeles.
Nelas, os presos são tratados à maneira: James Pendergraph, funcionário da instituição garante que «se a Agência não tem provas suficientes para acusar alguém mas acredita que esse alguém é ilegal, pode fazê-lo desaparecer».
E MAIS TRÊS, TAMBÉM SEM COMENTÁRIOS:
UMA - O serviço de saúde gratuito é uma realidade, no Paraguai, desde o passado dia de Natal.
A medida, aprovada pelo governo de Fernando Lugo, vai custar ao Estado cerca de 65,4 milhões de dólares, mas o executivo considera-a fundamental face às carências da imensa maioria da população até aqui sujeita ao pagamento de taxas moderadoras em consultas, internamentos hospitalares, exames de diagnóstico e medicamentos fornecidos nas unidades públicas.
DUAS- entre Janeiro e Novembro de 2009, a taxa de desemprego caiu de 9,5 para 7,5% na Venezuela, país onde, em 2010, 45,7% do Orçamento vai ser investido em projectos e programas que beneficiam a população.
TRÊS - a UNICEF confirmou que Cuba foi o único país da América Latina e do Caribe que erradicou a desnutrição infantil.
Das cerca de 150 milhões de crianças que passam fome em todo o mundo, nenhuma é cubana.
Uma - segundo a ABC News, o bombardeamento norte-americano que, na terceira semana de Dezembro, matou 64 iemenitas - entre os quais 23 crianças e 17 mulheres - foi ordenado pelo Presidente Barack Obama, Prémio Nobel da Paz.
Duas - no sábado passado, um bombardeamento norte-americano - realizado por drones (aviões não tripulados) matou 13 pessoas numa localidade paquistanesa da região do Waziristão do Norte, na fronteira com o Afeganistão.
Segundo o jornal The News, os cerca de 90 bombardeamentos com drones efectuados naquela região desde 2008, mataram um milhar de paquistaneses e levaram ao êxodo de 300 mil pessoas.
TRÊS - a Agência de Imigração e Segurança Aduaneira dos EUA tem cerca de 180 prisões secretas para encarcerar imigrantes ilegais. Estas prisões estão instaladas quer nas zonas suburbanas, quer no centro de grandes metrópeles, como Los Angeles.
Nelas, os presos são tratados à maneira: James Pendergraph, funcionário da instituição garante que «se a Agência não tem provas suficientes para acusar alguém mas acredita que esse alguém é ilegal, pode fazê-lo desaparecer».
E MAIS TRÊS, TAMBÉM SEM COMENTÁRIOS:
UMA - O serviço de saúde gratuito é uma realidade, no Paraguai, desde o passado dia de Natal.
A medida, aprovada pelo governo de Fernando Lugo, vai custar ao Estado cerca de 65,4 milhões de dólares, mas o executivo considera-a fundamental face às carências da imensa maioria da população até aqui sujeita ao pagamento de taxas moderadoras em consultas, internamentos hospitalares, exames de diagnóstico e medicamentos fornecidos nas unidades públicas.
DUAS- entre Janeiro e Novembro de 2009, a taxa de desemprego caiu de 9,5 para 7,5% na Venezuela, país onde, em 2010, 45,7% do Orçamento vai ser investido em projectos e programas que beneficiam a população.
TRÊS - a UNICEF confirmou que Cuba foi o único país da América Latina e do Caribe que erradicou a desnutrição infantil.
Das cerca de 150 milhões de crianças que passam fome em todo o mundo, nenhuma é cubana.
POEMA
QUEM É O TEU INIMIGO?
Ao que tem fome e te rouba
o último pedaço de pão chama-lo teu inimigo.
Mas não saltas ao pescoço
do teu ladrão que nunca teve fome.
Brecht
Ao que tem fome e te rouba
o último pedaço de pão chama-lo teu inimigo.
Mas não saltas ao pescoço
do teu ladrão que nunca teve fome.
Brecht
«UMA IDEIA PARA PORTUGAL»
O jornal i, encomendou a Simone de Oliveira (SO) «Uma Ideia para Portugal».
SO não se fez rogada e começou por dizer que «ou damos as mãos por uma ideia conjunta ou não vamos a lado nenhum».
Confesso que não percebi muito bem a que mãos SO se referia e de que «ideia conjunta» se tratava...
Mas, logo a seguir, SO explicou a sua «ideia»: «Promover mais a partilha e menos o egoísmo».
Aqui chegado, o cheiro a esturro que a primeira frase me fizera chegar ao nariz, acentuou-se: cheirou-me a frase natalícia, igual às que o Presidente da República e o primeiro-ministro nos dizem todos os anos nas suas mensagens de Natal e Ano Novo...
E o cheiro acentuou-se ainda mais quando SO fez o seu retrato de Portugal: «Somos um país cansado, com pouca gente disposta a ajudar, e há que acabar com esta perspectiva derrotista para pôr fim à pobreza encoberta, às diferenças sociais evidentes».
Ajudar?: quem a quem?, ajudar como? - perguntei-me.
Foi então que SO, explicou tudo: «É simples: quem tem muito deve começar a partilhar, porque ajudar não custa».
Pronto: fiquei esclarecido: «quem tem muito» (os ricos) deve ajudar quem não tem (os pobres). E, «porque ajudar não custa», assim se acaba com a pobreza - a «encoberta» e a outra...
Que grande «ideia para Portugal»!
(Se SO me permite, completarei a sua «ideia» acrescentando que, para que a solução por ela apresentada seja viável, é preciso que os ricos sejam cada vez mais ricos - para poderem dar maiores esmolas aos pobres, é claro...)
SO não se fez rogada e começou por dizer que «ou damos as mãos por uma ideia conjunta ou não vamos a lado nenhum».
Confesso que não percebi muito bem a que mãos SO se referia e de que «ideia conjunta» se tratava...
Mas, logo a seguir, SO explicou a sua «ideia»: «Promover mais a partilha e menos o egoísmo».
Aqui chegado, o cheiro a esturro que a primeira frase me fizera chegar ao nariz, acentuou-se: cheirou-me a frase natalícia, igual às que o Presidente da República e o primeiro-ministro nos dizem todos os anos nas suas mensagens de Natal e Ano Novo...
E o cheiro acentuou-se ainda mais quando SO fez o seu retrato de Portugal: «Somos um país cansado, com pouca gente disposta a ajudar, e há que acabar com esta perspectiva derrotista para pôr fim à pobreza encoberta, às diferenças sociais evidentes».
Ajudar?: quem a quem?, ajudar como? - perguntei-me.
Foi então que SO, explicou tudo: «É simples: quem tem muito deve começar a partilhar, porque ajudar não custa».
Pronto: fiquei esclarecido: «quem tem muito» (os ricos) deve ajudar quem não tem (os pobres). E, «porque ajudar não custa», assim se acaba com a pobreza - a «encoberta» e a outra...
Que grande «ideia para Portugal»!
(Se SO me permite, completarei a sua «ideia» acrescentando que, para que a solução por ela apresentada seja viável, é preciso que os ricos sejam cada vez mais ricos - para poderem dar maiores esmolas aos pobres, é claro...)
POEMA
ALGUMAS PERGUNTAS A UM «HOMEM BOM»
Bom, mas para quê?
Sim, não és venal, mas o raio
que sobre a casa cai também
não é venal.
Nunca renegas o que disseste.
Mas que disseste?
És de boa fé, dás a tua opinião.
Que opinião?
Tens coragem.
Contra quem?
És cheio de sabedoria.
Para quem?
Não olhas aos teus interesses.
Aos de quem olhas?
És um bom amigo.
Sê-lo-ás do bom povo?
Escuta pois: nós sabemos
que és nosso inimigo.
Por isso vamos
encostar-te ao paredão.
Mas em consideração
dos teus méritos e das tuas qualidades
escolhemos um bom paredão
e vamos fuzilar-te com boas balas
atiradas por bons fuzis
e enterrar-te com uma boa pá
debaixo da terra boa.
Brecht
Bom, mas para quê?
Sim, não és venal, mas o raio
que sobre a casa cai também
não é venal.
Nunca renegas o que disseste.
Mas que disseste?
És de boa fé, dás a tua opinião.
Que opinião?
Tens coragem.
Contra quem?
És cheio de sabedoria.
Para quem?
Não olhas aos teus interesses.
Aos de quem olhas?
És um bom amigo.
Sê-lo-ás do bom povo?
Escuta pois: nós sabemos
que és nosso inimigo.
Por isso vamos
encostar-te ao paredão.
Mas em consideração
dos teus méritos e das tuas qualidades
escolhemos um bom paredão
e vamos fuzilar-te com boas balas
atiradas por bons fuzis
e enterrar-te com uma boa pá
debaixo da terra boa.
Brecht
HEROIS DO TEMPO QUE VIVEMOS
Desde que, em 2007, deixou de ser primeiro-ministro da Grã Bretanha, Blair foi premiado com uma série de tachos, cada um dos quais, por si só, suficiente para fazer fortuna.
Entre esses prémios, está o de conferencista - de que hoje nos dão conta os jornais.
Isto é: Blair faz conferências. Em todo o mundo.
E faz-se pagar bem: em menos de um ano, já ganhou mais de 20 milhões de euros - limpos, visto que as deslocações em avião especial, tal como as estadias, são pagas por quem o convida para falar - e a equipa especial de seguranças da Scotland Yard que zela pela sua integridade física é paga pelo Governo britânico.
Juntando a estes 20 milhões, outros tantos milhões pelo cargo de conselheiro de um grande banco norte-americano; e outros tantos milhões provenientes da promessa de escrever uma auto-biografia; e outros tantos milhões por não sei que tarefas de paz (vejam bem!) no médio oriente; e outros tantos milhões por etc, etc, não é difícil concluir que a profissão de criminoso de guerra é uma das mais bem pagas no mercado actual.
Às vezes pergunto-me se estes profissionais do crime em massa - Blair é co-responsável no assassinato de centenas de milhares de pessoas - conseguem dormir sem sobressaltos nem pesadelos.
E vem-me à memória aquele personagem de Chaplin - Monsieur Verdoux - que sublinhava esta terrível verdade do tempo que vivemos: um homem que mata uma pessoa é um criminoso, um homem que mata um milhão de pessoas é um herói...
Entre esses prémios, está o de conferencista - de que hoje nos dão conta os jornais.
Isto é: Blair faz conferências. Em todo o mundo.
E faz-se pagar bem: em menos de um ano, já ganhou mais de 20 milhões de euros - limpos, visto que as deslocações em avião especial, tal como as estadias, são pagas por quem o convida para falar - e a equipa especial de seguranças da Scotland Yard que zela pela sua integridade física é paga pelo Governo britânico.
Juntando a estes 20 milhões, outros tantos milhões pelo cargo de conselheiro de um grande banco norte-americano; e outros tantos milhões provenientes da promessa de escrever uma auto-biografia; e outros tantos milhões por não sei que tarefas de paz (vejam bem!) no médio oriente; e outros tantos milhões por etc, etc, não é difícil concluir que a profissão de criminoso de guerra é uma das mais bem pagas no mercado actual.
Às vezes pergunto-me se estes profissionais do crime em massa - Blair é co-responsável no assassinato de centenas de milhares de pessoas - conseguem dormir sem sobressaltos nem pesadelos.
E vem-me à memória aquele personagem de Chaplin - Monsieur Verdoux - que sublinhava esta terrível verdade do tempo que vivemos: um homem que mata uma pessoa é um criminoso, um homem que mata um milhão de pessoas é um herói...
POEMA
PROFECIA
Quando o palhaço, a quem os barões do carvão
deixam fazer de Chefe na nossa terra, tiver feito
de Chefe tempo bastante,
vai empreender no Continente todo
o papel de Chefe.
Quantos mais canhões tiver
mais ameaças vai soltar.
Vai julgar: eles receiam a guerra, mas
um dia há-de ele ter a sua guerra.
Há-de berrar: a velha França
está cansada e quer sossego.
E virão contra ele esquadras de tanques da França.
Há-de berrar: para o povo inglês de merceeiros
a guerra é cara de mais.
E virá contra ele o ouro do Transvaal
e de ambas as Índias.
Há-de berrar: a América
fica muito longe, não tem exército.
E virá contra ele muito próximo
o exército da vasta América que constrói cidades
que têm cem andares.
Há-de berrar: só a União Soviética
espera por nós.
E hão-de vir contra ele os aviões
dos povos soviéticos, quatro vezes consecutivas.
Há-de berrar: os nossos amigos italianos
hão-de vir ajudar-nos.
E não virá ninguém.
E a Alemanha, que na última guerra
ganhou as batalhas todas menos a última,
nesta guerra, tirante a primeira,
há-de perdê-las todas.
Brecht
Quando o palhaço, a quem os barões do carvão
deixam fazer de Chefe na nossa terra, tiver feito
de Chefe tempo bastante,
vai empreender no Continente todo
o papel de Chefe.
Quantos mais canhões tiver
mais ameaças vai soltar.
Vai julgar: eles receiam a guerra, mas
um dia há-de ele ter a sua guerra.
Há-de berrar: a velha França
está cansada e quer sossego.
E virão contra ele esquadras de tanques da França.
Há-de berrar: para o povo inglês de merceeiros
a guerra é cara de mais.
E virá contra ele o ouro do Transvaal
e de ambas as Índias.
Há-de berrar: a América
fica muito longe, não tem exército.
E virá contra ele muito próximo
o exército da vasta América que constrói cidades
que têm cem andares.
Há-de berrar: só a União Soviética
espera por nós.
E hão-de vir contra ele os aviões
dos povos soviéticos, quatro vezes consecutivas.
Há-de berrar: os nossos amigos italianos
hão-de vir ajudar-nos.
E não virá ninguém.
E a Alemanha, que na última guerra
ganhou as batalhas todas menos a última,
nesta guerra, tirante a primeira,
há-de perdê-las todas.
Brecht
AMADO, O MUITO AMADO...
Obama quer que os seus «aliados da NATO» se envolvam mais intensamente na guerra do Afeganistão, que ele designa como «guerra justa» e de «importância vital para a defesa e segurança dos EUA e do mundo».
Isto porque, como nos tem sido dito muitas vezes há muitos anos, todas as guerras em que os EUA estão envolvidos são «guerras justas» e tudo o que é de «importância vital» para os EUA, é-o igualmente para o mundo...
O Governo PS/Sócrates, pela voz do MNE Luís Amado, já disse que sim: para além da «força de combate de 150 homens» que seguirá em Janeiro - a juntar-se aos 100 que já lá estão - o ministro Amado «estuda a hipótese de reforçar a presença portuguesa com pessoal da PSP e da GNR para acções de formação e treino das forças de segurança afegãs».
Mas o MNE de Sócrates não se fica por aqui: Amado no nome, ele faz questão de justificar as razões que o tornam muito amado pelo Governo dos EUA...
Assim, confirmando-se como verdadeira voz do dono norte-americano - Amado enviou uma carta à nova chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, na qual, para além de elogiar a «visão clara e sensata do Presidente Obama» sobre o caminho a seguir no Afeganistão, lhe pede para que a União Europeia coloque «o Afeganistão no topo das suas prioridades políticas» - e lembra-lhe que o «Tratado de Lisboa abre uma excelente oportunidade para maximizar aquilo que se pode e deve fazer em conjunto»...
(aí está o Tratado Porreiro, pá!, a mostrar para que serve...)
Confirmando saber a lição na ponta da língua, Amado lamenta que os portugueses não sejam capazes de ver o que para ele, o muito amado, é uma evidência, a saber: que a guerra no longínquo Afeganistão «é vital para a defesa e a segurança de Portugal» - precisamente porque é vital para a defesa e a segurança dos EUA...
Assim vai a independência e a soberania que a Revolução de Abril restituiu a Portugal e aos portugueses - e que a contra-revolução colocou de novo sob as patas do imperialismo norte-americano e da sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia.
Isto porque, como nos tem sido dito muitas vezes há muitos anos, todas as guerras em que os EUA estão envolvidos são «guerras justas» e tudo o que é de «importância vital» para os EUA, é-o igualmente para o mundo...
O Governo PS/Sócrates, pela voz do MNE Luís Amado, já disse que sim: para além da «força de combate de 150 homens» que seguirá em Janeiro - a juntar-se aos 100 que já lá estão - o ministro Amado «estuda a hipótese de reforçar a presença portuguesa com pessoal da PSP e da GNR para acções de formação e treino das forças de segurança afegãs».
Mas o MNE de Sócrates não se fica por aqui: Amado no nome, ele faz questão de justificar as razões que o tornam muito amado pelo Governo dos EUA...
Assim, confirmando-se como verdadeira voz do dono norte-americano - Amado enviou uma carta à nova chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, na qual, para além de elogiar a «visão clara e sensata do Presidente Obama» sobre o caminho a seguir no Afeganistão, lhe pede para que a União Europeia coloque «o Afeganistão no topo das suas prioridades políticas» - e lembra-lhe que o «Tratado de Lisboa abre uma excelente oportunidade para maximizar aquilo que se pode e deve fazer em conjunto»...
(aí está o Tratado Porreiro, pá!, a mostrar para que serve...)
Confirmando saber a lição na ponta da língua, Amado lamenta que os portugueses não sejam capazes de ver o que para ele, o muito amado, é uma evidência, a saber: que a guerra no longínquo Afeganistão «é vital para a defesa e a segurança de Portugal» - precisamente porque é vital para a defesa e a segurança dos EUA...
Assim vai a independência e a soberania que a Revolução de Abril restituiu a Portugal e aos portugueses - e que a contra-revolução colocou de novo sob as patas do imperialismo norte-americano e da sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia.
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (10)
(POR BAIXO DE UMA FOTOGRAFIA DE HITLER)
Isso que aí está, esteve quase a governar o mundo.
Mas os povos dominaram-no. No entanto
desejaria não ouvir o vosso triunfante canto:
o ventre donde isso saíu, ainda é fecundo.
Brecht
(POR BAIXO DE UMA FOTOGRAFIA DE HITLER)
Isso que aí está, esteve quase a governar o mundo.
Mas os povos dominaram-no. No entanto
desejaria não ouvir o vosso triunfante canto:
o ventre donde isso saíu, ainda é fecundo.
Brecht
UMA VEZ MAIS
Pronto, já passou!
Chegou com chuva e frio e com chuva e frio nos deixou.
De resto, a acreditar nas notícias dos jornais, uma vez mais tudo foi igual ao ano passado e ao outro e ao outro...
À noite ouvimos, uma vez mais, a tradicional mensagem do primeiro-ministro, também igual, na sua essência, a todas as anteriores (dele e dos seus antecessores nos últimos 33 anos):
uma vez mais, as «palavras adequadas à quadra» mas «necessárias aos tempos que vivemos»;
o ano que passou foi, uma vez mais, «de grande exigência para todos, famílias, trabalhadores e empresas» - por culpa, uma vez mais, da «crise económica mundial»;
mas, uma vez mais graças à sábia governação nacional, «foi possível estabilizar o nosso sistema financeiro, apoiar as famílias, as empresas, estimular a economia»;
daí, uma vez mais, os «sinais claros de retoma»;
é claro que, uma vez mais, temos «muito trabalho pela frente» para que «a modernização do nosso país» prossiga;
sendo certo que, com um Governo como o que temos, tudo se resolverá, uma vez mais, a bem de «todos»...
E, se se entender que, uma vez mais, neste caso, «todos» significa: alguns, poucos, a imensa minoria de sempre... não há dúvida de que o primeiro-ministro falou verdade.
Uma vez mais...
Chegou com chuva e frio e com chuva e frio nos deixou.
De resto, a acreditar nas notícias dos jornais, uma vez mais tudo foi igual ao ano passado e ao outro e ao outro...
À noite ouvimos, uma vez mais, a tradicional mensagem do primeiro-ministro, também igual, na sua essência, a todas as anteriores (dele e dos seus antecessores nos últimos 33 anos):
uma vez mais, as «palavras adequadas à quadra» mas «necessárias aos tempos que vivemos»;
o ano que passou foi, uma vez mais, «de grande exigência para todos, famílias, trabalhadores e empresas» - por culpa, uma vez mais, da «crise económica mundial»;
mas, uma vez mais graças à sábia governação nacional, «foi possível estabilizar o nosso sistema financeiro, apoiar as famílias, as empresas, estimular a economia»;
daí, uma vez mais, os «sinais claros de retoma»;
é claro que, uma vez mais, temos «muito trabalho pela frente» para que «a modernização do nosso país» prossiga;
sendo certo que, com um Governo como o que temos, tudo se resolverá, uma vez mais, a bem de «todos»...
E, se se entender que, uma vez mais, neste caso, «todos» significa: alguns, poucos, a imensa minoria de sempre... não há dúvida de que o primeiro-ministro falou verdade.
Uma vez mais...
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (9)
Não vamos agora discutir
se explorámos o poder quando o tínhamos.
Agora já não temos o poder.
Não vamos agora falar
sobre se isto vai sem violência.
Agora foi a violência que nos derrubou.
Brecht
Não vamos agora discutir
se explorámos o poder quando o tínhamos.
Agora já não temos o poder.
Não vamos agora falar
sobre se isto vai sem violência.
Agora foi a violência que nos derrubou.
Brecht
A GRANDE QUESTÃO
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é a grande questão do tempo que vivemos - este tempo de Natal em que, por hábito e vocação, todos somos bons para todos.
O tema - que os média dominantes tratam como questão «fracturante» que é - provocou já a esperada troca de setas supostamente envenenadas entre o Presidente da República e o primeiro-ministro - coisa pela qual ambos se pelam, como é sabido e que, pelos vistos, está paralavar e durar.
Quem também se pela por coisas dessas é o Louçã, que veio agora dizer que a proposta de lei do Governo que permitirá o dito casamento é inconstitucional - e, por essa e por outras, logo o primeiro-ministro o equiparou a um porta-voz do PR.
Com isto tudo, parece que a questão estará resolvida dentro de seis meses...
Até lá... bom, até lá continuemos a tratá-la com as honras devidas a qualquer questão «fracturante».
Entretanto, outras questões se colocam aos portuguesas - questões não fracturantes, é claro... - e que, por isso mesmo, não cabem no debate em curso e não têm direito ao tempo e ao espaço das têvês, rádios e jornais - nem estarão resolvidas dentro de seis meses, nem pouco mais ou menos.
Refiro-me, por exemplo:
aos mais de dois milhões de portugueses que vivem na pobreza - muitos na miséria, muitos passando fome;
aos milhares de trabalhadores com salários em atraso;
às muitas centenas de milhares que têm trabalho mas o salário não dá para comer;
aos mais de 700 mil desempregados, metade dos quais sem subsídio de desemprego.
Isto para citar, apenas, alguns exemplos, porque a lista é extensa e dramática.
Tão extensa e tão dramática que há quem pense, até, que os responsáveis por estes dramas deveriam ser chamados a contas...
Mas não sejamos impacientes. Tudo se há-de resolver.
Primeiro, as questões «fracturantes».
Depois, as outras, as não fracturantes, as que dizem respeito, apenas, à vida da imensa maioria dos portugueses...
(E, já agora, os pobres, os desempregados, os sem salário, etc, etc, que aproveitem bem o Natal, participando no debate sobre grande questão do tempo que vivemos)
O tema - que os média dominantes tratam como questão «fracturante» que é - provocou já a esperada troca de setas supostamente envenenadas entre o Presidente da República e o primeiro-ministro - coisa pela qual ambos se pelam, como é sabido e que, pelos vistos, está paralavar e durar.
Quem também se pela por coisas dessas é o Louçã, que veio agora dizer que a proposta de lei do Governo que permitirá o dito casamento é inconstitucional - e, por essa e por outras, logo o primeiro-ministro o equiparou a um porta-voz do PR.
Com isto tudo, parece que a questão estará resolvida dentro de seis meses...
Até lá... bom, até lá continuemos a tratá-la com as honras devidas a qualquer questão «fracturante».
Entretanto, outras questões se colocam aos portuguesas - questões não fracturantes, é claro... - e que, por isso mesmo, não cabem no debate em curso e não têm direito ao tempo e ao espaço das têvês, rádios e jornais - nem estarão resolvidas dentro de seis meses, nem pouco mais ou menos.
Refiro-me, por exemplo:
aos mais de dois milhões de portugueses que vivem na pobreza - muitos na miséria, muitos passando fome;
aos milhares de trabalhadores com salários em atraso;
às muitas centenas de milhares que têm trabalho mas o salário não dá para comer;
aos mais de 700 mil desempregados, metade dos quais sem subsídio de desemprego.
Isto para citar, apenas, alguns exemplos, porque a lista é extensa e dramática.
Tão extensa e tão dramática que há quem pense, até, que os responsáveis por estes dramas deveriam ser chamados a contas...
Mas não sejamos impacientes. Tudo se há-de resolver.
Primeiro, as questões «fracturantes».
Depois, as outras, as não fracturantes, as que dizem respeito, apenas, à vida da imensa maioria dos portugueses...
(E, já agora, os pobres, os desempregados, os sem salário, etc, etc, que aproveitem bem o Natal, participando no debate sobre grande questão do tempo que vivemos)
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (8)
As raparigas à sombra das árvores da aldeia
escolhem os namorados.
A morte
escolhe também.
Talvez
nem sequer as árvores fiquem com vida.
Brecht
As raparigas à sombra das árvores da aldeia
escolhem os namorados.
A morte
escolhe também.
Talvez
nem sequer as árvores fiquem com vida.
Brecht
SER OU PARECER EIS A QUESTÃO
«Ser» é uma coisa - «parecer» é outra.
E ninguém exibe melhor as diferenças entre uma coisa e outra do que o nosso por demais conhecido Mário Soares.
Ele «parece» sempre o que não é - e «é» sempre o que não parece.
«Parecendo» (quase) tudo o que há de melhor e de mais positivo, ele «é» (quase) tudo o que há de pior e da mais negativo.
E não tem cura. Está-lhe no sangue.
Hoje, Soares grita no Diário de Notícias a sua indignação face às cargas policiais contra os manifestantes no decorrer da Cimeira de Copenhaga.
Sublinhando que os manifestantes «foram contidos e agredidos pelas forças ditas da "ordem", como se fossem subversivos ou terroristas», o ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República clama que «não se esperava um tal comportamento de um Estado de direito e democrático como é a Dinamarca».
Aí está Soares parecendo o que não é.
Na verdade, lendo o que ele escreveu ninguém dirá que, de todos os primeiros-ministros pós 25 de Abril, Soares foi o que mais vezes recorreu às «forças ditas da ordem» para reprimir trabalhadores - reprimir brutalmente, registe-se: que o digam, entre muitos outros, os trabalhadores da Lisnave.
Mas ele é assim: um desavergonhado para o qual a desvergonha não tem margens nem limites.
E ninguém exibe melhor as diferenças entre uma coisa e outra do que o nosso por demais conhecido Mário Soares.
Ele «parece» sempre o que não é - e «é» sempre o que não parece.
«Parecendo» (quase) tudo o que há de melhor e de mais positivo, ele «é» (quase) tudo o que há de pior e da mais negativo.
E não tem cura. Está-lhe no sangue.
Hoje, Soares grita no Diário de Notícias a sua indignação face às cargas policiais contra os manifestantes no decorrer da Cimeira de Copenhaga.
Sublinhando que os manifestantes «foram contidos e agredidos pelas forças ditas da "ordem", como se fossem subversivos ou terroristas», o ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República clama que «não se esperava um tal comportamento de um Estado de direito e democrático como é a Dinamarca».
Aí está Soares parecendo o que não é.
Na verdade, lendo o que ele escreveu ninguém dirá que, de todos os primeiros-ministros pós 25 de Abril, Soares foi o que mais vezes recorreu às «forças ditas da ordem» para reprimir trabalhadores - reprimir brutalmente, registe-se: que o digam, entre muitos outros, os trabalhadores da Lisnave.
Mas ele é assim: um desavergonhado para o qual a desvergonha não tem margens nem limites.
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (7)
É noite. Os casais
vão deitar-se nas camas.
As mulheres novas
vão parir órfãos.
Brecht
É noite. Os casais
vão deitar-se nas camas.
As mulheres novas
vão parir órfãos.
Brecht
OS PROPAGANDISTAS
Os média dominantes - propriedade que são do grande capital - cumprem exemplarmente o seu papel de difusores da ideologia capitalista - e, portanto, da ofensiva ideológica anticomunista.
Todos os dias, em todo o mundo, milhões e milhões de cidadãos absorvem o discurso único dessa ideologia, difundido nos noticiários, nos comentários, nas análises, nos artigos de opinião, nos debates, fóruns e mesas redondas, nos programas de entretenimento, na publicidade - para além de ser tema prioritário de ensino em todas as escolas...
A difusão exaustiva e massiva desse discurso único, alimenta, molda e formata o pensamento e o conhecimento da imensa maioria das pessoas.
O cidadão informado por esses média, toma como suas as opiniões que lhe vão sendo injectadas e passa a ser um difusor dessa informação.
Assim, a opinião muitas vezes publicada transforma-se em opinião pública.
Todos os dias vemos exemplos disso - aqui na blogosfera, por exemplo e para não irmos mais longe.
Basta fazer uma visita às caixas de comentários de meia dúzia de blogs de esquerda e logo deparamos com uns quantos comentadores que repetem textualmente as opiniões veiculadas pelos média dominantes como se fossem opiniões deles próprios - e, sobretudo, como se fossem verdades absolutas, incontestadas e incontestáveis.
A identificação de «comunismo» com «crime» é a linha mestra da ofensiva ideológica em curso, iniciada há mais de 160 anos, quando Marx e Engels publicaram o Manifesto do Partido Comunista - obra que, por razões óbvias, fez tremer o grande capital da época.
Foi nessa altura que, pela primeira vez, foi lançada a tal identificação: os comunistas são, dizia a propaganda capitalista, seres «horrendos» e «brutais» que «matam os velhinhos» e «comem as criancinhas» - ideia que, até aos dias de hoje, continua a fazer parte do arsenal propagandístico do anticomunismo.
Naturalmente, de então para cá essa identificação foi assumindo formas diferenciadas, adaptando-se às necessidades de cada momento.
Nos tempos actuais, e após a derrota do socialismo, a operação de criminalização do comunismo e do ideal comunista assenta naquilo a que os propagandistas e estoriadores de serviço chamam os «crimes do comunismo» - que eles não hesitam em quantificar: «100 milhões de mortos».
Este número apareceu num livro de propaganda a que foi dado o título de «Livro Negro do Comunismo» - cujo coordenador foi um credenciado propagandista do anticomunismo, de seu nome Stéphane Courtois (por sinal ex-comunista...)
Courtois organizou esse livro ao serviço de uma daquelas fundações norte-americana que financiam o anticomunismo em todo o mundo - a Fundação Olin: por sinal a mesma que encomendou e pagou a Francis Fukuyama, a sua propaganda sobre «O Fim da História; por sinal, a mesma que financia uma revista de provocação anticomunista dirigida por Courtois, etc, etc...
Pegando nos números antes inventados pelo percursor da invenção dos «crimes» - Robert Conquest (por sinal também ex...) - Courtois traçou como objectivo, neste seu «Livro Negro», atingir os «100 milhões de mortos»...
E como não era difícil - já que tinha previamente assegurada a divulgação em todo o mundo do seu número como verdadeiro e incontestável - pronto, escreveu «100 milhões».
É certo que alguns dos colaboradores de Courtois no «Livro Negro» demarcaram-se publicamente das conclusões a que ele chegou, sublinhando, mesmo, a obsessão doentia de Courtois em atingir o número de «100 milhões - mas a demarcação não teve grande repercussão e a cifra, de tanto e tanto repetida, ficou...
E, hoje, milhões de pessoas têm isso como coisa certa e repetem o número em tudo quanto é sítio.
(aqui mesmo, no Cravo de Abril, vemos com frequência, em comentários, reflexos dessa conclusão inventada por Courtois - e, se repararem, sempre naquele tom de quem está a dar opiniões pessoais e de verdade autenticada)
Não é difícil desmontar os caminhos seguidos por esses estoriadores/propagandistas. Nem é difícil demonstrar e desmascarar o conteúdo e as falsidades que alimentam a sua propaganda.
O que é difícil - impossível, mesmo, na situação actual - é fazer chegar essa desmontagem, essa demonstração e esse desmascaramento, aos milhões de cidadãos que todos os dias, em todas as latitudes e longitudes, são submersos pelas vagas de desinformação organizada produzida por esses estoriadores/propagandistas e difundida pelos média propriedade do grande capital.
E, como é óbvio, tudo isto traz maiores dificuldades à nossa luta.
No entanto e apesar disso - e essa é que é a grande questão, e a que mais preocupa os pagadores desses propagandistas - a luta continua.
Sempre tendo o socialismo e o comunismo no horizonte.
Todos os dias, em todo o mundo, milhões e milhões de cidadãos absorvem o discurso único dessa ideologia, difundido nos noticiários, nos comentários, nas análises, nos artigos de opinião, nos debates, fóruns e mesas redondas, nos programas de entretenimento, na publicidade - para além de ser tema prioritário de ensino em todas as escolas...
A difusão exaustiva e massiva desse discurso único, alimenta, molda e formata o pensamento e o conhecimento da imensa maioria das pessoas.
O cidadão informado por esses média, toma como suas as opiniões que lhe vão sendo injectadas e passa a ser um difusor dessa informação.
Assim, a opinião muitas vezes publicada transforma-se em opinião pública.
Todos os dias vemos exemplos disso - aqui na blogosfera, por exemplo e para não irmos mais longe.
Basta fazer uma visita às caixas de comentários de meia dúzia de blogs de esquerda e logo deparamos com uns quantos comentadores que repetem textualmente as opiniões veiculadas pelos média dominantes como se fossem opiniões deles próprios - e, sobretudo, como se fossem verdades absolutas, incontestadas e incontestáveis.
A identificação de «comunismo» com «crime» é a linha mestra da ofensiva ideológica em curso, iniciada há mais de 160 anos, quando Marx e Engels publicaram o Manifesto do Partido Comunista - obra que, por razões óbvias, fez tremer o grande capital da época.
Foi nessa altura que, pela primeira vez, foi lançada a tal identificação: os comunistas são, dizia a propaganda capitalista, seres «horrendos» e «brutais» que «matam os velhinhos» e «comem as criancinhas» - ideia que, até aos dias de hoje, continua a fazer parte do arsenal propagandístico do anticomunismo.
Naturalmente, de então para cá essa identificação foi assumindo formas diferenciadas, adaptando-se às necessidades de cada momento.
Nos tempos actuais, e após a derrota do socialismo, a operação de criminalização do comunismo e do ideal comunista assenta naquilo a que os propagandistas e estoriadores de serviço chamam os «crimes do comunismo» - que eles não hesitam em quantificar: «100 milhões de mortos».
Este número apareceu num livro de propaganda a que foi dado o título de «Livro Negro do Comunismo» - cujo coordenador foi um credenciado propagandista do anticomunismo, de seu nome Stéphane Courtois (por sinal ex-comunista...)
Courtois organizou esse livro ao serviço de uma daquelas fundações norte-americana que financiam o anticomunismo em todo o mundo - a Fundação Olin: por sinal a mesma que encomendou e pagou a Francis Fukuyama, a sua propaganda sobre «O Fim da História; por sinal, a mesma que financia uma revista de provocação anticomunista dirigida por Courtois, etc, etc...
Pegando nos números antes inventados pelo percursor da invenção dos «crimes» - Robert Conquest (por sinal também ex...) - Courtois traçou como objectivo, neste seu «Livro Negro», atingir os «100 milhões de mortos»...
E como não era difícil - já que tinha previamente assegurada a divulgação em todo o mundo do seu número como verdadeiro e incontestável - pronto, escreveu «100 milhões».
É certo que alguns dos colaboradores de Courtois no «Livro Negro» demarcaram-se publicamente das conclusões a que ele chegou, sublinhando, mesmo, a obsessão doentia de Courtois em atingir o número de «100 milhões - mas a demarcação não teve grande repercussão e a cifra, de tanto e tanto repetida, ficou...
E, hoje, milhões de pessoas têm isso como coisa certa e repetem o número em tudo quanto é sítio.
(aqui mesmo, no Cravo de Abril, vemos com frequência, em comentários, reflexos dessa conclusão inventada por Courtois - e, se repararem, sempre naquele tom de quem está a dar opiniões pessoais e de verdade autenticada)
Não é difícil desmontar os caminhos seguidos por esses estoriadores/propagandistas. Nem é difícil demonstrar e desmascarar o conteúdo e as falsidades que alimentam a sua propaganda.
O que é difícil - impossível, mesmo, na situação actual - é fazer chegar essa desmontagem, essa demonstração e esse desmascaramento, aos milhões de cidadãos que todos os dias, em todas as latitudes e longitudes, são submersos pelas vagas de desinformação organizada produzida por esses estoriadores/propagandistas e difundida pelos média propriedade do grande capital.
E, como é óbvio, tudo isto traz maiores dificuldades à nossa luta.
No entanto e apesar disso - e essa é que é a grande questão, e a que mais preocupa os pagadores desses propagandistas - a luta continua.
Sempre tendo o socialismo e o comunismo no horizonte.
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (6)
General, o teu tanque é um carro forte.
Arrasa um bosque e esmaga centos de homens.
Mas tem um defeito:
precisa de um condutor.
General, o teu bombardeiro é forte.
Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um elefante.
Mas tem um defeito:
precisa de um mecânico.
General, o homem é muito hábil.
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito:
sabe pensar.
Brecht
General, o teu tanque é um carro forte.
Arrasa um bosque e esmaga centos de homens.
Mas tem um defeito:
precisa de um condutor.
General, o teu bombardeiro é forte.
Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um elefante.
Mas tem um defeito:
precisa de um mecânico.
General, o homem é muito hábil.
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito:
sabe pensar.
Brecht
PALHAÇADAS
Nas últimas semanas, Sócrates, em espiral de histerismo e demagogia, tem vindo a acusar tudo e todos de não o deixarem governar. Melhor dizendo: de não o deixarem fazer aquilo que quer.
(onde escrevi tudo e todos, leia-se: tudo e todos menos o grande capital...)
Quer isto dizer, em primeiro lugar, que o primeiro-ministro ainda não se capacitou de que perdeu a maioria absoluta nas últimas legislativas; e, em segundo lugar, que de acordo com o seu conceito de democracia, todos devem sentir-se obrigados a concordar com ele em tudo, senão...
Esta histeria simultaneamente ridícula e arrogante gera situações risíveis e simultaneamente lastimáveis - tanto mais que, ao mesmo tempo que diz que não faz porque os outros não deixam, diz que se farta de fazer e que isto vai de vento em popa, porque melhor do que ele não há em todo o mundo e arredores...
Foi certamente a pensar nessa representação burlesca de José Sócrates que Mário Crespo escreveu, no Jornal de Notícias o texto do qual transcrevo os extractos que se seguem:
«O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco (...) O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes (...) O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples. Ou nós, ou o palhaço»
Mais palavras para quê?...
(onde escrevi tudo e todos, leia-se: tudo e todos menos o grande capital...)
Quer isto dizer, em primeiro lugar, que o primeiro-ministro ainda não se capacitou de que perdeu a maioria absoluta nas últimas legislativas; e, em segundo lugar, que de acordo com o seu conceito de democracia, todos devem sentir-se obrigados a concordar com ele em tudo, senão...
Esta histeria simultaneamente ridícula e arrogante gera situações risíveis e simultaneamente lastimáveis - tanto mais que, ao mesmo tempo que diz que não faz porque os outros não deixam, diz que se farta de fazer e que isto vai de vento em popa, porque melhor do que ele não há em todo o mundo e arredores...
Foi certamente a pensar nessa representação burlesca de José Sócrates que Mário Crespo escreveu, no Jornal de Notícias o texto do qual transcrevo os extractos que se seguem:
«O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco (...) O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes (...) O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples. Ou nós, ou o palhaço»
Mais palavras para quê?...
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (5)
Na parede está escrito a giz:
«Queremos a guerra»
O que escreveu isto
já caíu morto.
Brecht
Na parede está escrito a giz:
«Queremos a guerra»
O que escreveu isto
já caíu morto.
Brecht
CASOS DO DIA-A-DIA
«Há rapazes que nascem com o rabinho virado para a lua e, ainda por cima, têm grandes amigos nos lugares certos» - diz o Correio da Manhã de hoje.
E conta-nos o caso de um desses rapazes, de seu nome David Damião (DD).
Começou como jornalista da Rádio Renascença.
Daí trepou, em 1995, para assessor do então primeiro-ministro António Guterres.
Quando Guterres fugiu do Governo (em 2001), DD voou para conselheiro de imprensa na embaixada de Portugal em Londres.
Em 2005, quando Sócrates passou a ser primeiro-ministro, DD passou a ser assessor de Sócrates.
Finalmente - até ver... - foi nomeado conselheiro de imprensa da embaixada em Madrid.
No meio de tudo isto, há um pequeno pormenor: ao que parece, durante alguns anos, DD acumulou as funções que tinha em Londres (conselheiro da embaixada) com as que passou a ter em Lisboa (assessor de Sócrates).
Ou seja: certamente possuidor daquele dom da ubiquidade com que todos nós sonhamos, DD aconselhava a embaixada em Londres e, ao mesmo tempo, assessorava Sócrates em Lisboa...
E remata o jornal: «Isto é, anda desde 2001 a ganhar um rico ordenado que pode rondar os 15 mil euros. Há rapazes com sorte»
De facto, há rapazes com sorte.
Talvez porque o facto de terem nascido «com o rabinho virado para a lua» os fez encontrar «grandes amigos nos lugares certos».
Isto digo eu.
E conta-nos o caso de um desses rapazes, de seu nome David Damião (DD).
Começou como jornalista da Rádio Renascença.
Daí trepou, em 1995, para assessor do então primeiro-ministro António Guterres.
Quando Guterres fugiu do Governo (em 2001), DD voou para conselheiro de imprensa na embaixada de Portugal em Londres.
Em 2005, quando Sócrates passou a ser primeiro-ministro, DD passou a ser assessor de Sócrates.
Finalmente - até ver... - foi nomeado conselheiro de imprensa da embaixada em Madrid.
No meio de tudo isto, há um pequeno pormenor: ao que parece, durante alguns anos, DD acumulou as funções que tinha em Londres (conselheiro da embaixada) com as que passou a ter em Lisboa (assessor de Sócrates).
Ou seja: certamente possuidor daquele dom da ubiquidade com que todos nós sonhamos, DD aconselhava a embaixada em Londres e, ao mesmo tempo, assessorava Sócrates em Lisboa...
E remata o jornal: «Isto é, anda desde 2001 a ganhar um rico ordenado que pode rondar os 15 mil euros. Há rapazes com sorte»
De facto, há rapazes com sorte.
Talvez porque o facto de terem nascido «com o rabinho virado para a lua» os fez encontrar «grandes amigos nos lugares certos».
Isto digo eu.
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (4)
Os de cima dizem: no exército
reina a comunhão do povo.
Se é verdade ou não, ficais a sabê-lo
na cozinha.
Nos corações deve
haver a mesma coragem. Mas
nas marmitas há
comer de duas espécies.
Brecht
Os de cima dizem: no exército
reina a comunhão do povo.
Se é verdade ou não, ficais a sabê-lo
na cozinha.
Nos corações deve
haver a mesma coragem. Mas
nas marmitas há
comer de duas espécies.
Brecht
COMÉDIA EM CINCO ACTOS
«Arquive-se!» é uma das palavras-chave da justiça no reino da política de direita.
Tamanha é a frequência com que a palavra é utilizada que dela se pode dizer que é uma espécie de menina-dos-olhos da referida justiça no referido reino.
Tão extenso é o rol dos arquivamentos e tão caricatas as justificações apresentadas que, por vezes, fica a ideia de estarmos a assistir à representação de uma comédia.
Agora foi em Sintra - e a comédia desenrolou-se em cinco actos.
Assim:
1 - a obra do Palácio da Justiça de Sintra foi adjudicada ao Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça (IGFIJ), por 24 milhões de euros - com a condição imperativa de ser executada no prazo de 600 dias, ou seja, de estar pronta em Novembro de 2003;
2 - a obra só foi concluída em Janeiro de 2005 - portanto mais de 400 dias depois do prazo estabelecido - e com o custo final de 35 milhões de euros - portanto mais 11 milhões de euros do que o custo estabelecido.
3 - um ex-dirigente do IGFIJ informou o Tribunal de Contas sobre anomalias várias naquele e noutros processos em que o IGFIL estava envolvido.
4 - o Tribunal de Contas investigou e confirmou a existência de anomalias várias, designadamente, «duplos pagamentos e outras irregularidades fraudulentas no valor de 4 milhões de euros».
5 - o Ministério Público decidiu-se pelo «arquivamento do processo, alegando que os auditores elaboraram o relatório sem terem ouvido o IGFIJ que era o dono da obra».
Devemos rir?
Devemos chorar?
Ou devemos........?
Tamanha é a frequência com que a palavra é utilizada que dela se pode dizer que é uma espécie de menina-dos-olhos da referida justiça no referido reino.
Tão extenso é o rol dos arquivamentos e tão caricatas as justificações apresentadas que, por vezes, fica a ideia de estarmos a assistir à representação de uma comédia.
Agora foi em Sintra - e a comédia desenrolou-se em cinco actos.
Assim:
1 - a obra do Palácio da Justiça de Sintra foi adjudicada ao Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça (IGFIJ), por 24 milhões de euros - com a condição imperativa de ser executada no prazo de 600 dias, ou seja, de estar pronta em Novembro de 2003;
2 - a obra só foi concluída em Janeiro de 2005 - portanto mais de 400 dias depois do prazo estabelecido - e com o custo final de 35 milhões de euros - portanto mais 11 milhões de euros do que o custo estabelecido.
3 - um ex-dirigente do IGFIJ informou o Tribunal de Contas sobre anomalias várias naquele e noutros processos em que o IGFIL estava envolvido.
4 - o Tribunal de Contas investigou e confirmou a existência de anomalias várias, designadamente, «duplos pagamentos e outras irregularidades fraudulentas no valor de 4 milhões de euros».
5 - o Ministério Público decidiu-se pelo «arquivamento do processo, alegando que os auditores elaboraram o relatório sem terem ouvido o IGFIJ que era o dono da obra».
Devemos rir?
Devemos chorar?
Ou devemos........?
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (3)
Sempre e sempre
escreve o vencedor a história do vencido.
O matador desfigura
as feições do assassinado.
Do mundo vai-se o mais fraco,
e o que fica é a Mentira.
Brecht
Sempre e sempre
escreve o vencedor a história do vencido.
O matador desfigura
as feições do assassinado.
Do mundo vai-se o mais fraco,
e o que fica é a Mentira.
Brecht
O QUE É QUE VOCÊS ACHAM?
Há 33 anos que a política de direita faz a vida num inferno à imensa maioria dos portugueses e faz a vida num paraíso à imensa minoria.
Assim tem sido desde o primeiro Governo Soares/PS até ao actual Governo Sócrates/PS, passando pelos governos Sá Carneiro, Balsemão/Freitas, Cavaco, Guterres/Queijo Limiano, Barroso/Lopes...
Uma política com as consequências acima enunciadas é, inevitavelmente, antidemocrática - por mais que os seus executantes se esmifrem a tecer loas à democracia...
E a realidade mostra que o empobrecimento do conteúdo democrático do regime tem vindo a atingir níveis alarmantes: de facto, os ataques aos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores e dos cidadãos são cada vez mais frequentes e mais brutais e despertam crescentes memórias do passado fascista.
Eis mais um caso:
recentemente, a Auto-Estradas Atlântico (AEA) proibiu «qualquer entidade (sindical ou de outra natureza) de realizar contactos e distribuir ou afixar propaganda dentro das instalações da empresa».
A proibição foi comunicada aos trabalhadores pelo «supervisor de portagens da AEA».
O deputado comunista Bruno Dias levantou a questão na Assembleia de República.
Sublinhando, de forma pertinente, que tal atitude «configura uma flagrante, escandalosa e descarada violação da Lei e da Constituição», acentuou
que o teor da proibição «remete para os tempos da ditadura fascista».
E fez a pergunta necessária: «O que pensa o Governo fazer face a esta inqualificável situação?».
Tanto quanto sei, o Governo ainda não respondeu.
Mas não será difícil imaginar que resposta vai dar...
O que é que vocês acham?
Assim tem sido desde o primeiro Governo Soares/PS até ao actual Governo Sócrates/PS, passando pelos governos Sá Carneiro, Balsemão/Freitas, Cavaco, Guterres/Queijo Limiano, Barroso/Lopes...
Uma política com as consequências acima enunciadas é, inevitavelmente, antidemocrática - por mais que os seus executantes se esmifrem a tecer loas à democracia...
E a realidade mostra que o empobrecimento do conteúdo democrático do regime tem vindo a atingir níveis alarmantes: de facto, os ataques aos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores e dos cidadãos são cada vez mais frequentes e mais brutais e despertam crescentes memórias do passado fascista.
Eis mais um caso:
recentemente, a Auto-Estradas Atlântico (AEA) proibiu «qualquer entidade (sindical ou de outra natureza) de realizar contactos e distribuir ou afixar propaganda dentro das instalações da empresa».
A proibição foi comunicada aos trabalhadores pelo «supervisor de portagens da AEA».
O deputado comunista Bruno Dias levantou a questão na Assembleia de República.
Sublinhando, de forma pertinente, que tal atitude «configura uma flagrante, escandalosa e descarada violação da Lei e da Constituição», acentuou
que o teor da proibição «remete para os tempos da ditadura fascista».
E fez a pergunta necessária: «O que pensa o Governo fazer face a esta inqualificável situação?».
Tanto quanto sei, o Governo ainda não respondeu.
Mas não será difícil imaginar que resposta vai dar...
O que é que vocês acham?
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (2)
A guerra que aí vem
não é a primeira. Antes dela
houve outras guerras.
Quando a última acabou
houve vencedores e vencidos.
Entre os vencidos o povo baixo
passou fome. Entre os vencedores
passou fome também o povo baixo.
Brecht
A guerra que aí vem
não é a primeira. Antes dela
houve outras guerras.
Quando a última acabou
houve vencedores e vencidos.
Entre os vencidos o povo baixo
passou fome. Entre os vencedores
passou fome também o povo baixo.
Brecht
TUDO PREVISTO
Tal como estava previsto, Manuel Alegre foi ao Entroncamento, onde jantou com apoiantes da sua candidatura às presidenciais.
Como se previa, fez declarações.
Como as previsões apontavam, os jornais deram a notícia.
Tudo previsto, portanto, no que respeita ao desenvolvimento da operação-tabu - através da qual Alegre finge ter (e pretende espalhar) dúvidas sobre se sim ou não se candidatará ao cargo de Presidente da República - talvez apelando a uma «vaga de fundo», talvez «marcando terreno», talvez as duas coisas...
Segundo o Diário de Notícias e o Expresso, Alegre disse que «este é o tempo de uma nova atitude», e de «novas responsabilidades sociais, éticas e políticas», «para um combate que vale a pena e que chama por nós» - um combate «para mudar, não para que fique tudo na mesma».
O Expresso considera que, com estas declarações, Alegre «deu um ligeiro passo em frente».
O Diário de Notícias não considera nada.
Eu considero que estas declarações de Alegre - se fossem verdadeiras - constituiriam um gigantesco «passo em frente» na postura tradicional deste dirigente do PS, estreitamente ligado, há décadas, a atitudes velhas, a velhas irresponsabilidades sociais, éticas e políticas, e sempre envolvido num combate que valeu a pena, sim, mas para o prosseguimento da política de direita ao serviço dos interesses do grande capital...
Só que, tais declarações não passam do habitual blá-blá-blá deste candidato a candidato, como na devida altura confirmaremos.
Insisto: nesta operação-tabu está tudo previsto...
Como se previa, fez declarações.
Como as previsões apontavam, os jornais deram a notícia.
Tudo previsto, portanto, no que respeita ao desenvolvimento da operação-tabu - através da qual Alegre finge ter (e pretende espalhar) dúvidas sobre se sim ou não se candidatará ao cargo de Presidente da República - talvez apelando a uma «vaga de fundo», talvez «marcando terreno», talvez as duas coisas...
Segundo o Diário de Notícias e o Expresso, Alegre disse que «este é o tempo de uma nova atitude», e de «novas responsabilidades sociais, éticas e políticas», «para um combate que vale a pena e que chama por nós» - um combate «para mudar, não para que fique tudo na mesma».
O Expresso considera que, com estas declarações, Alegre «deu um ligeiro passo em frente».
O Diário de Notícias não considera nada.
Eu considero que estas declarações de Alegre - se fossem verdadeiras - constituiriam um gigantesco «passo em frente» na postura tradicional deste dirigente do PS, estreitamente ligado, há décadas, a atitudes velhas, a velhas irresponsabilidades sociais, éticas e políticas, e sempre envolvido num combate que valeu a pena, sim, mas para o prosseguimento da política de direita ao serviço dos interesses do grande capital...
Só que, tais declarações não passam do habitual blá-blá-blá deste candidato a candidato, como na devida altura confirmaremos.
Insisto: nesta operação-tabu está tudo previsto...
POEMA
CARTILHA DE GUERRA ALEMÃ (1)
Os operários gritam por pão.
Os comerciantes gritam por mercados.
O sem-trabalho passou fome. Agora
passa fome o que trabalha,
As mãos que estiveram pousadas no regaço,
mexem-se de novo:
fazem granadas.
Brecht
Os operários gritam por pão.
Os comerciantes gritam por mercados.
O sem-trabalho passou fome. Agora
passa fome o que trabalha,
As mãos que estiveram pousadas no regaço,
mexem-se de novo:
fazem granadas.
Brecht
«ARGUMENTOS»...
«O Irão é o maior apoiante, promotor e exportador de terrorismo do mundo de hoje» - disse, ontem, a secretária de Estado Hillary Clinton.
É mentira - e a senhora sabe que está a mentir.
Sabe, até, que se em vez de «Irão» tivesse dito «EUA» estaria a falar verdade.
Sabe, ainda, que é na base de «argumentos» como o «combate ao terrorismo» (ou «a defesa da democracia, da liberdade e dos direitos humanos»), que os governantes norte-americanos têm cometido ao longo dos anos, os mais cruéis actos de terrorismo, os mais execráveis atentados à democracia, à liberdade e aos direitos humanos os mais abomináveis crimes contra a humanidade.
E é esse saber que faz do imperialismo norte-americano o maior inimigo da humanidade, o mais sádico e brutal criminoso de guerra, responsável pelo assassinato de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo.
(Não é por acaso que, sempre que um representante do imperialismo norte-americano faz acusações do tipo daquelas que ontem foram proferidas por Hillary Clinton, os cidadãos do país visado, num gesto instintivo, olham para o céu... a ver quando começam a cair as bombas...)
Entretanto, ontem também, em entrevista à BBC, Blair - esse abjecto lacaio do imperialismo norte-americano - justificou a participação da Grã Bretanha na invasão do Iraque.
Disse o criminoso de guerra: «O objectivo último da invasão era o derrubamento do regime de Saddam Hussein, independentemente da existência ou não de armas de destruição maciça».
Isto porque, explicou, «a necessidade de derrubar o regime não servia como argumento jurídico no plano internacional» - pelo que, se não existissem armas de destruição maciça, «teríamos que utilizar argumentos diferentes»...
Ora, «argumentos» é coisa que nunca falta ao bando de criminosos de que Blair faz parte.
Neste caso, as «armas de destruição maciça» foram o «argumento» para invadir, destruir e ocupar o Iraque - e para assassinar mais de um milhão de homens, mulheres e crianças inocentes.
No caso do Irão, a Clinton já veio dizer qual será o «argumento»...
É mentira - e a senhora sabe que está a mentir.
Sabe, até, que se em vez de «Irão» tivesse dito «EUA» estaria a falar verdade.
Sabe, ainda, que é na base de «argumentos» como o «combate ao terrorismo» (ou «a defesa da democracia, da liberdade e dos direitos humanos»), que os governantes norte-americanos têm cometido ao longo dos anos, os mais cruéis actos de terrorismo, os mais execráveis atentados à democracia, à liberdade e aos direitos humanos os mais abomináveis crimes contra a humanidade.
E é esse saber que faz do imperialismo norte-americano o maior inimigo da humanidade, o mais sádico e brutal criminoso de guerra, responsável pelo assassinato de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo.
(Não é por acaso que, sempre que um representante do imperialismo norte-americano faz acusações do tipo daquelas que ontem foram proferidas por Hillary Clinton, os cidadãos do país visado, num gesto instintivo, olham para o céu... a ver quando começam a cair as bombas...)
Entretanto, ontem também, em entrevista à BBC, Blair - esse abjecto lacaio do imperialismo norte-americano - justificou a participação da Grã Bretanha na invasão do Iraque.
Disse o criminoso de guerra: «O objectivo último da invasão era o derrubamento do regime de Saddam Hussein, independentemente da existência ou não de armas de destruição maciça».
Isto porque, explicou, «a necessidade de derrubar o regime não servia como argumento jurídico no plano internacional» - pelo que, se não existissem armas de destruição maciça, «teríamos que utilizar argumentos diferentes»...
Ora, «argumentos» é coisa que nunca falta ao bando de criminosos de que Blair faz parte.
Neste caso, as «armas de destruição maciça» foram o «argumento» para invadir, destruir e ocupar o Iraque - e para assassinar mais de um milhão de homens, mulheres e crianças inocentes.
No caso do Irão, a Clinton já veio dizer qual será o «argumento»...
POEMA
CANÇÃO DUMA MÃE ALEMÃ
Meu filho, dei-te essas botas
e essa camisa castanha:
Se soubesse o que hoje sei
antes me tinha enforcado.
Meu filho, ao ver-te erguer
a mão para saudar Hitler
não sabia que essa mão
que o saudava, secaria.
Meu filho, ouvi-te falar
duma geração de heróis.
Não sabia, não via, não pensava
que eras entre eles o algoz.
Meu filho, e eu vi-te seguir
a marchar atrás do Hitler
e não sabia que quem com ele partia
nunca tornava a voltar.
Meu filho, «A Alemanha» - dizias -
«Vai ficar que não a conheces»,
sem saber que ia ficar
em cinza e pedras sangrentas.
Com essa camisa castanha
te vi e não protestei.
Não sabia o que hoje sei:
que ela era a tua mortalha.
Brecht
Meu filho, dei-te essas botas
e essa camisa castanha:
Se soubesse o que hoje sei
antes me tinha enforcado.
Meu filho, ao ver-te erguer
a mão para saudar Hitler
não sabia que essa mão
que o saudava, secaria.
Meu filho, ouvi-te falar
duma geração de heróis.
Não sabia, não via, não pensava
que eras entre eles o algoz.
Meu filho, e eu vi-te seguir
a marchar atrás do Hitler
e não sabia que quem com ele partia
nunca tornava a voltar.
Meu filho, «A Alemanha» - dizias -
«Vai ficar que não a conheces»,
sem saber que ia ficar
em cinza e pedras sangrentas.
Com essa camisa castanha
te vi e não protestei.
Não sabia o que hoje sei:
que ela era a tua mortalha.
Brecht
A INFORMAÇÃO DELES
Volto à matéria do post anterior.
O objectivo é o de chamar a atenção para a forma como os média dominantes fabricam as notícias - notícias falsas, que constituem alimento essencial da ofensiva ideológica em curso - que, depois, de muitas vezes publicadas se transformam em «verdades absolutas» para milhões de pessoas.
«Morales anunciou que vai mudar a lei para poder prender o candidato da Oposição após as eleições» - escreveu o tal «politólogo».
É óbvio que o objectivo da «revelação» é o de alimentar a imagem que os média dominantes (todos sem excepção) têm vindo a difundir, apresentando Evo Morales como um «tirano» e o processo de mudança em curso na Bolívia como uma «tirania».
Mas onde é que o referido «politólogo» foi desencantar a «revelação»?
Tudo indica que a sua «fonte» é, nem mais nem menos, do que o próprio «candidato da Oposição», Manfred Reyes e os média bolivianos - que, esclareça-se, são, na sua maioria, propriedade do grande capital (lá como cá...) e, por isso, fizeram desbragada campanha contra Evo Morales (lá como cá...)
Senão vejamos: a dada altura da campanha eleitoral, Manfred Reyes declarou que Evo Morales planeava fazer uma lei para o prender após as eleições.
Tratava-se de uma manobra de Reyes - aliás manobra tosca, primária, como adiante se verá - mas que foi amplamente divulgada pelos média bolivianos dominantes e, naturalmente, pelos seus gémeos em todo o mundo.
E assim chegou ao «politólogo» supra citado que, aceitando-a como fonte fidedigna, bebeu, bebeu, bebeu... e passou a vomitar teoria.
Vamos aos factos.
Quando Reyes fez essa declaração, Morales denunciou a manobra, comentando: «Reyes candidatou-se para não ser preso e Fernández (o candidato a vice-presidente) candidatou-se para sair da prisão» - acrescentando que se trata de «delinquentes que roubam dinheiro ao povo e, por isso, serão julgados e condenados».
E por que é que Morales disse o que disse? O que é que se passa (ou passou) com os dois «candidatos da oposição»?
É simples.
O candidato Manfred Reyes e o seu candidato à vice-presidência, Leopoldo Fernández, estão ambos a contas com a justiça boliviana - e já estavam nessa situação antes de se candidatarem às recentes eleições.
Fernández - que foi Chefe da Polícia Militar do ditador Garcia Meza - está preso há cerca de um ano, entre outros crimes pelas suas responsabilidades no «Massacre de Pando», de 11 de Setembro de 2008, no qual foram assassinados 13 camponeses. Fernández era, na altura, Governador do Estado de Pando (cargo que perdeu no referendo realizado em 2008).
Reyes - que foi Chefe da Segurança do ditador Garcia Meza - foi Governador do Estado de Cochabamba (cargo que perdeu no referendo realizado em 2008) e sobre ele pesam cerca de 20 processos por crimes diversos (corrupção, etc), na sequência de uma investigação judicial que determinou a proibição de ele sair do país e lhe confiscou 50% dos bens.
(no decorrer da campanha eleitoral descobriu-se que Reyes , desrespeitando a determinação judicial, tinha reservado passagem aérea para abandonar o país - além de que foram divulgadas gravaçõe que o mostravam numa reunião em que ele e outros preparavam um plano de fraude para as eleições de domingo passado...)
São estes os heróis do «politólogo».
São estes os pobres democratas vítimas do «tirano» Morales.
É esta a «informação» difundida pelos média dominantes - em Portugal e no mundo.
O objectivo é o de chamar a atenção para a forma como os média dominantes fabricam as notícias - notícias falsas, que constituem alimento essencial da ofensiva ideológica em curso - que, depois, de muitas vezes publicadas se transformam em «verdades absolutas» para milhões de pessoas.
«Morales anunciou que vai mudar a lei para poder prender o candidato da Oposição após as eleições» - escreveu o tal «politólogo».
É óbvio que o objectivo da «revelação» é o de alimentar a imagem que os média dominantes (todos sem excepção) têm vindo a difundir, apresentando Evo Morales como um «tirano» e o processo de mudança em curso na Bolívia como uma «tirania».
Mas onde é que o referido «politólogo» foi desencantar a «revelação»?
Tudo indica que a sua «fonte» é, nem mais nem menos, do que o próprio «candidato da Oposição», Manfred Reyes e os média bolivianos - que, esclareça-se, são, na sua maioria, propriedade do grande capital (lá como cá...) e, por isso, fizeram desbragada campanha contra Evo Morales (lá como cá...)
Senão vejamos: a dada altura da campanha eleitoral, Manfred Reyes declarou que Evo Morales planeava fazer uma lei para o prender após as eleições.
Tratava-se de uma manobra de Reyes - aliás manobra tosca, primária, como adiante se verá - mas que foi amplamente divulgada pelos média bolivianos dominantes e, naturalmente, pelos seus gémeos em todo o mundo.
E assim chegou ao «politólogo» supra citado que, aceitando-a como fonte fidedigna, bebeu, bebeu, bebeu... e passou a vomitar teoria.
Vamos aos factos.
Quando Reyes fez essa declaração, Morales denunciou a manobra, comentando: «Reyes candidatou-se para não ser preso e Fernández (o candidato a vice-presidente) candidatou-se para sair da prisão» - acrescentando que se trata de «delinquentes que roubam dinheiro ao povo e, por isso, serão julgados e condenados».
E por que é que Morales disse o que disse? O que é que se passa (ou passou) com os dois «candidatos da oposição»?
É simples.
O candidato Manfred Reyes e o seu candidato à vice-presidência, Leopoldo Fernández, estão ambos a contas com a justiça boliviana - e já estavam nessa situação antes de se candidatarem às recentes eleições.
Fernández - que foi Chefe da Polícia Militar do ditador Garcia Meza - está preso há cerca de um ano, entre outros crimes pelas suas responsabilidades no «Massacre de Pando», de 11 de Setembro de 2008, no qual foram assassinados 13 camponeses. Fernández era, na altura, Governador do Estado de Pando (cargo que perdeu no referendo realizado em 2008).
Reyes - que foi Chefe da Segurança do ditador Garcia Meza - foi Governador do Estado de Cochabamba (cargo que perdeu no referendo realizado em 2008) e sobre ele pesam cerca de 20 processos por crimes diversos (corrupção, etc), na sequência de uma investigação judicial que determinou a proibição de ele sair do país e lhe confiscou 50% dos bens.
(no decorrer da campanha eleitoral descobriu-se que Reyes , desrespeitando a determinação judicial, tinha reservado passagem aérea para abandonar o país - além de que foram divulgadas gravaçõe que o mostravam numa reunião em que ele e outros preparavam um plano de fraude para as eleições de domingo passado...)
São estes os heróis do «politólogo».
São estes os pobres democratas vítimas do «tirano» Morales.
É esta a «informação» difundida pelos média dominantes - em Portugal e no mundo.
POEMA
CANÇÃO DA FUNDAÇÃO
DO NATIONAL DEPOSIT BANK
Pois não é?: fundar um banco
é bom para preto e branco.
Se o dinheiro se não herda,
arranjai-o; senão - merda!
Boas são pra isso acções;
melhores que facas, canhões.
Só uma coisa é fatal -
capital inicial.
Mas, quando o dinheiro falta,
donde vem, se não se assalta?
Ai!, não nos vamos zangar!:
donde outros o vão tirar.
De algum lado ele viria
e a alguém se tiraria.
Brecht
DO NATIONAL DEPOSIT BANK
Pois não é?: fundar um banco
é bom para preto e branco.
Se o dinheiro se não herda,
arranjai-o; senão - merda!
Boas são pra isso acções;
melhores que facas, canhões.
Só uma coisa é fatal -
capital inicial.
Mas, quando o dinheiro falta,
donde vem, se não se assalta?
Ai!, não nos vamos zangar!:
donde outros o vão tirar.
De algum lado ele viria
e a alguém se tiraria.
Brecht
«POUCOS», DIZ ELE...
As eleições na Bolívia têm passado quase despercebidas nos jornais portugueses. O Público, por exemplo, até hoje (quarta-feira) não lhes fez qualquer referência...
Por que será?
Aponto três razões:
em primeiro lugar, porque não foram «eleições livres»: foram eleições de facto livres - livres como em nenhum país da Europa (Portugal incluído). Foram eleições em que, com os novos métodos de votação, utilizados pela primeira vez em todo o mundo, se anulou a possibilidade de fraudes eleitorais, designadamente aquela fraude que se traduz no facto de a mesma pessoa votar duas, ou três, ou quatro vezes - como acontece em vários países da Europa (Portugal incluído)
Em segundo lugar, porque mais de 90% do eleitorado foi votar - coisa inimaginável nas «democracias modernas» da União Europeia (a «democracia portuguesa» incluída)
Em terceiro lugar, porque as forças do progresso foram as grandes vencedoras: Evo Morales, que havia sido eleito pela primeira vez, em 2005, com 53% dos votos, atingirá, agora, provavelmente os 65% - e o seu partido elege, pela primeira vez, mais de dois terços dos deputados e dos senadores.
Há que reconhecer que estas são razões mais do que suficientes para que os média portugueses assobiem para o lado - e razões mais do que suficientes para que prossigam as investidas contra Evo Morales...
Um exemplo destas investidas cegas, raivosas e odientas: o politólogo Carlos Abreu de Amorim, que debita no Correio da Manhã, sublinhava na sua prestação de anteontem as várias facetas da «tirania» de Morales, o qual, «acólito de Fidel Castro e Chávez, é um populista que se destacou pelo derramamento de apoios à sua clientela eleitoral».
Presumo que este «derramamento de apoios» tenha a ver com as medidas tomadas, nos últimos cinco anos, pelo Governo da Bolívia, dando significativos passos em frente no combate ao desemprego, à pobreza, à miséria, às desigualdades, às injustiças - e fazendo chegar a saúde, a alfabetização, o ensino, a milhões de bolivianos...
Mas, para o politólogo acima citado, o pior de tudo é que - diz ele - Morales «agora anunciou que vai mudar a lei para poder prender o candidato da Oposição»...
Num próximo post, traduzirei esta afirmação do politólogo, sublinhando a sua ignorância ou (ele que escolha) a sua má fé.
Finalmente, Carlos Abreu de Amorim queixa-se da pouca atenção dada pelos seus colegas à denúncia dos atentados de Evo Morales à democracia: na sua opinião «poucos têm condenado este padrão de governação.»
«Poucos», diz ele... Como se as investidas cegas, raivosas e odientas contra Morales, Chávez, Ortega, Correia, etc, não fossem o pão-de-cada-dia da comunicação social dominante...
Por que será?
Aponto três razões:
em primeiro lugar, porque não foram «eleições livres»: foram eleições de facto livres - livres como em nenhum país da Europa (Portugal incluído). Foram eleições em que, com os novos métodos de votação, utilizados pela primeira vez em todo o mundo, se anulou a possibilidade de fraudes eleitorais, designadamente aquela fraude que se traduz no facto de a mesma pessoa votar duas, ou três, ou quatro vezes - como acontece em vários países da Europa (Portugal incluído)
Em segundo lugar, porque mais de 90% do eleitorado foi votar - coisa inimaginável nas «democracias modernas» da União Europeia (a «democracia portuguesa» incluída)
Em terceiro lugar, porque as forças do progresso foram as grandes vencedoras: Evo Morales, que havia sido eleito pela primeira vez, em 2005, com 53% dos votos, atingirá, agora, provavelmente os 65% - e o seu partido elege, pela primeira vez, mais de dois terços dos deputados e dos senadores.
Há que reconhecer que estas são razões mais do que suficientes para que os média portugueses assobiem para o lado - e razões mais do que suficientes para que prossigam as investidas contra Evo Morales...
Um exemplo destas investidas cegas, raivosas e odientas: o politólogo Carlos Abreu de Amorim, que debita no Correio da Manhã, sublinhava na sua prestação de anteontem as várias facetas da «tirania» de Morales, o qual, «acólito de Fidel Castro e Chávez, é um populista que se destacou pelo derramamento de apoios à sua clientela eleitoral».
Presumo que este «derramamento de apoios» tenha a ver com as medidas tomadas, nos últimos cinco anos, pelo Governo da Bolívia, dando significativos passos em frente no combate ao desemprego, à pobreza, à miséria, às desigualdades, às injustiças - e fazendo chegar a saúde, a alfabetização, o ensino, a milhões de bolivianos...
Mas, para o politólogo acima citado, o pior de tudo é que - diz ele - Morales «agora anunciou que vai mudar a lei para poder prender o candidato da Oposição»...
Num próximo post, traduzirei esta afirmação do politólogo, sublinhando a sua ignorância ou (ele que escolha) a sua má fé.
Finalmente, Carlos Abreu de Amorim queixa-se da pouca atenção dada pelos seus colegas à denúncia dos atentados de Evo Morales à democracia: na sua opinião «poucos têm condenado este padrão de governação.»
«Poucos», diz ele... Como se as investidas cegas, raivosas e odientas contra Morales, Chávez, Ortega, Correia, etc, não fossem o pão-de-cada-dia da comunicação social dominante...
POEMA
CANTIGUINHA
1
Era um homem uma vez
que quando os dezóito fez
começou a beber - e...
«Foi assim que me perdi.»
Aos oitenta foi morrer
de quê - é claro de ver.
2
Era um menino uma vez
que morreu com rapidez
quando tinha um ano - e...
«Foi assim que eu faleci.»
Nunca bebeu, claro está,
e morreu com um ano já.
3
Daqui se vê claramente:
Álcool não faz mal à gente...
Brecht
1
Era um homem uma vez
que quando os dezóito fez
começou a beber - e...
«Foi assim que me perdi.»
Aos oitenta foi morrer
de quê - é claro de ver.
2
Era um menino uma vez
que morreu com rapidez
quando tinha um ano - e...
«Foi assim que eu faleci.»
Nunca bebeu, claro está,
e morreu com um ano já.
3
Daqui se vê claramente:
Álcool não faz mal à gente...
Brecht
DE PUNHO ERGUIDO A GRITAR PS...
Mário Soares fez ontem 85 anos e teve entrevista longa no i.
Não disse nada de novo, isto é: disse mentiras, umas assim-assim outras monumentais; fez confidências a confirmar o que estávamos fartos de saber sobre ele; fez anticomunismo à maneira; produziu desaustinados elogios a si próprio - tendo atingido, neste aspecto, níveis talvez nunca antes atingidos, a dar sinais de que alguém da família ou de entre os seus amigos (supondo que os tem) deveria aconselhá-lo a tratar-se.
A dada altura, Soares fingiu lançar uma farpa a Manuel Alegre - seu ex-amigo e seu ex-parceiro de múltiplas operações contra a Revolução de Abril - dizendo que Alegre «está com um pé dentro e outro fora do PS»...
Estava-se mesmo a ver que essa seria a grande notícia dos jornais de hoje.
Estava-se mesmo a ver que Alegre iria responder com iguais fingidas farpas.
E assim aconteceu: os jornais falaram e Alegre disse o que Soares já sabia que ele ia dizer: que está «com os dois pés no PS», tal como Soares.
Nada como polémicas destas para ajudar o Sócrates a prosseguir a política de direita - que Soares inicou em 1976 e que Alegre e os média do grande capital sempre apoiaram ao longo dos últimos 33 anos.
Tudo em família, portanto.
Por isso a fingida polémica teve honras de destaque nos jornais de hoje.
Curiosamente, nenhum desses jornais citou a parte da entrevista em que Soares - falando do tempo em que ele e Alegre preparavam as suas reaccionárias golpaças e organizavam as suas manifestações contra-revolucionárias - diz, cheio de orgulho, que nelas participavam «pessoas da extrema-direita que eu conhecia, de punho erguido a dizer: PS, PS».
Ou seja:
todos - Soares, Alegre e a extrema-direita - fazendo a grande festa da democracia e da liberdade;
todos - Soares, Alegre e a extrema-direita -de punho erguido a gritar PS, PS;
todos - Soares, Alegre e a extrema-direita - com os dois pés no PS.
Não disse nada de novo, isto é: disse mentiras, umas assim-assim outras monumentais; fez confidências a confirmar o que estávamos fartos de saber sobre ele; fez anticomunismo à maneira; produziu desaustinados elogios a si próprio - tendo atingido, neste aspecto, níveis talvez nunca antes atingidos, a dar sinais de que alguém da família ou de entre os seus amigos (supondo que os tem) deveria aconselhá-lo a tratar-se.
A dada altura, Soares fingiu lançar uma farpa a Manuel Alegre - seu ex-amigo e seu ex-parceiro de múltiplas operações contra a Revolução de Abril - dizendo que Alegre «está com um pé dentro e outro fora do PS»...
Estava-se mesmo a ver que essa seria a grande notícia dos jornais de hoje.
Estava-se mesmo a ver que Alegre iria responder com iguais fingidas farpas.
E assim aconteceu: os jornais falaram e Alegre disse o que Soares já sabia que ele ia dizer: que está «com os dois pés no PS», tal como Soares.
Nada como polémicas destas para ajudar o Sócrates a prosseguir a política de direita - que Soares inicou em 1976 e que Alegre e os média do grande capital sempre apoiaram ao longo dos últimos 33 anos.
Tudo em família, portanto.
Por isso a fingida polémica teve honras de destaque nos jornais de hoje.
Curiosamente, nenhum desses jornais citou a parte da entrevista em que Soares - falando do tempo em que ele e Alegre preparavam as suas reaccionárias golpaças e organizavam as suas manifestações contra-revolucionárias - diz, cheio de orgulho, que nelas participavam «pessoas da extrema-direita que eu conhecia, de punho erguido a dizer: PS, PS».
Ou seja:
todos - Soares, Alegre e a extrema-direita - fazendo a grande festa da democracia e da liberdade;
todos - Soares, Alegre e a extrema-direita -de punho erguido a gritar PS, PS;
todos - Soares, Alegre e a extrema-direita - com os dois pés no PS.
POEMA
A QUEIMA DOS LIVROS
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
Brecht
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
Brecht
DE TABU EM TABU...
Nos últimos anos nenhum político burguês recorreu ao tabu com a frequência (e o sucesso) com que Manuel Alegre o tem feito: foi o tabu sobre se, sim ou não, iria ser candidato às presidenciais; foi o tabu sobre se, sim ou não, iria abandonar o PS e formar um novo partido; foi o tabu sobre, se sim ou não, iria integrar as listas do PS à Assembleia da República; foi o tabu sobre se, no caso de não integrar as ditas listas, sim ou não iria participar na campanha eleitoral, etc, etc, etc.
Estes tabus todos fizeram de Alegre uma presença diária na comunicação social dominante, presença de tal forma instalada e consolidada que, quando por qualquer razão não há tabu a jeito, o espaço e o tempo mediáticos de Alegre são ocupados por esses irmãos gémeos dos tabus que dão pelo nome de silêncios...
E há que reconhecer que silêncios e tabus pedem meças uns aos outros em matéria de sonoridade mediática...
Vem tudo isto a propósito do actual tabu de Alegre sobre se sim ou não será candidato às presidenciais de 2011.
Toda a gente já sabe a resposta - mas é tabu...
É certo que este tabu anda no ar desde há muito, mas também é verdade que passou, agora, a um estádio novo de desenvolvimento.
Aliás, como os jornais dos últimos dias têm feito questão de sublinhar - e como jornais, rádios e televisões dos próximos dias e meses farão questão de continuar a sublinhar...
A coisa começou em Braga, na modalidade de um «jantar promovido por militantes socialistas e independentes».
Segundo informou um desses «independentes» (para o caso, José Manuel Mendes, mas havia também «independentes» do BE...), o objectivo do jantar foi o de «expressar o desejo e o propósito da apoiar» a candidatura de Alegre às presidenciais.
No decorrer do repasto correu a informação de jantares com igual objectivo a realizar no Entroncamento, no Porto e em Évora - para já.
(se Alegre já tivesse decidido candidatar-se, estes jantares todos bem podiam ser considerados campanha eleitoral...)
A resposta de Alegre «ao desejo e ao propósito» dos seus bravos admiradores foi exactamente o que se esperava que fosse: TABU.
Tabu à maneira de Alegre, obviamente: enfim, este jantar é um sinal, mas eu não estou à espera de sinais, ainda não encontrei a resposta dentro de mim, não abro nem fecho portas, digo o que disse há quatro anos...
Tabu escondido com o rabo de fora...
Diz um jornal que os organizadores do jantar («militantes socialistas e independentes») sorriram embevecidos e gratos ao ouvirem esta de repetir «o que disse há quatro anos»...
De tal maneira que um deles, provavelmente mais entusiasmado, chegou mesmo a apresentar armas, neste jeito aguerrido e belicoso: «Há um exército aqui, à sua espera»...
O tabu continua no próximo jantar.
Os média pelam-se pelo tabu do Alegre e aposto que vão lá cair em peso.
E aposto também que, dentro de dias, os «analistas» e os «politólogos» irão debruçar-se sobre o mediático tabu e fazer dele o grande tema de análise do momento...
Estes tabus todos fizeram de Alegre uma presença diária na comunicação social dominante, presença de tal forma instalada e consolidada que, quando por qualquer razão não há tabu a jeito, o espaço e o tempo mediáticos de Alegre são ocupados por esses irmãos gémeos dos tabus que dão pelo nome de silêncios...
E há que reconhecer que silêncios e tabus pedem meças uns aos outros em matéria de sonoridade mediática...
Vem tudo isto a propósito do actual tabu de Alegre sobre se sim ou não será candidato às presidenciais de 2011.
Toda a gente já sabe a resposta - mas é tabu...
É certo que este tabu anda no ar desde há muito, mas também é verdade que passou, agora, a um estádio novo de desenvolvimento.
Aliás, como os jornais dos últimos dias têm feito questão de sublinhar - e como jornais, rádios e televisões dos próximos dias e meses farão questão de continuar a sublinhar...
A coisa começou em Braga, na modalidade de um «jantar promovido por militantes socialistas e independentes».
Segundo informou um desses «independentes» (para o caso, José Manuel Mendes, mas havia também «independentes» do BE...), o objectivo do jantar foi o de «expressar o desejo e o propósito da apoiar» a candidatura de Alegre às presidenciais.
No decorrer do repasto correu a informação de jantares com igual objectivo a realizar no Entroncamento, no Porto e em Évora - para já.
(se Alegre já tivesse decidido candidatar-se, estes jantares todos bem podiam ser considerados campanha eleitoral...)
A resposta de Alegre «ao desejo e ao propósito» dos seus bravos admiradores foi exactamente o que se esperava que fosse: TABU.
Tabu à maneira de Alegre, obviamente: enfim, este jantar é um sinal, mas eu não estou à espera de sinais, ainda não encontrei a resposta dentro de mim, não abro nem fecho portas, digo o que disse há quatro anos...
Tabu escondido com o rabo de fora...
Diz um jornal que os organizadores do jantar («militantes socialistas e independentes») sorriram embevecidos e gratos ao ouvirem esta de repetir «o que disse há quatro anos»...
De tal maneira que um deles, provavelmente mais entusiasmado, chegou mesmo a apresentar armas, neste jeito aguerrido e belicoso: «Há um exército aqui, à sua espera»...
O tabu continua no próximo jantar.
Os média pelam-se pelo tabu do Alegre e aposto que vão lá cair em peso.
E aposto também que, dentro de dias, os «analistas» e os «politólogos» irão debruçar-se sobre o mediático tabu e fazer dele o grande tema de análise do momento...
POEMA
LOUVOR DO COMUNISMO
É razoável, quem quer o entende. É fácil.
Tu não és nenhum explorador, podes compreendê-lo.
É bom para ti, informa-te dele.
Os estúpidos chamam-lhe estúpido,
e os porcos chamam-lhe porco.
Ele é contra a porcaria e contra a estupidez.
Os exploradores chamam-lhe crime
mas nós sabemos:
Ele é o fim dos crimes,
não é nenhuma loucura, mas sim
o fim da loucura.
Mas sim a solução,
É o fácil
que é difícil de fazer.
Brecht
(Brecht é o SENHOR que se segue: são dele os poemas que integram o ciclo hoje iniciado pelo Cravo de Abril - e que terminará por alturas do Natal)
É razoável, quem quer o entende. É fácil.
Tu não és nenhum explorador, podes compreendê-lo.
É bom para ti, informa-te dele.
Os estúpidos chamam-lhe estúpido,
e os porcos chamam-lhe porco.
Ele é contra a porcaria e contra a estupidez.
Os exploradores chamam-lhe crime
mas nós sabemos:
Ele é o fim dos crimes,
não é nenhuma loucura, mas sim
o fim da loucura.
Mas sim a solução,
É o fácil
que é difícil de fazer.
Brecht
(Brecht é o SENHOR que se segue: são dele os poemas que integram o ciclo hoje iniciado pelo Cravo de Abril - e que terminará por alturas do Natal)
«ESTÚPIDOS» E «PORCOS»
Os governantes polacos decidiram proibir os «símbolos comunistas».
A proibição vai desde «a foice e o martelo» e «a estrela vermelha» até, por exemplo, à imagem do Che...
Quem não cumprir... é preso.
Estas medidas inserem-se na campanha anticomunista em curso e com a qual os ideólogos, propagandistas e homens de mão do capitalismo procedem à criminalização do ideal comunista.
Iludem-se os governantes polacos se pensam que, proibindo os símbolos, acabam com os ideais.
É certo que eles podem apreender os símbolos e prender quem os usa.
Mas não podem, nem poderão nunca, apreender e prender os ideais.
E muito menos este ideal comunista de liberdade, de justiça social, de paz, de solidariedade, de fraternidade, este que é o mais justo, o mais humano, o mais belo de todos os ideais - e cujo triunfo é, por isso mesmo, inevitável.
«Estúpidos» e «porcos»: assim chamou Brecht ao tipo de gentalha a que pertencem estes governantes polacos.
Muito apropriadamente, diga-se.
A proibição vai desde «a foice e o martelo» e «a estrela vermelha» até, por exemplo, à imagem do Che...
Quem não cumprir... é preso.
Estas medidas inserem-se na campanha anticomunista em curso e com a qual os ideólogos, propagandistas e homens de mão do capitalismo procedem à criminalização do ideal comunista.
Iludem-se os governantes polacos se pensam que, proibindo os símbolos, acabam com os ideais.
É certo que eles podem apreender os símbolos e prender quem os usa.
Mas não podem, nem poderão nunca, apreender e prender os ideais.
E muito menos este ideal comunista de liberdade, de justiça social, de paz, de solidariedade, de fraternidade, este que é o mais justo, o mais humano, o mais belo de todos os ideais - e cujo triunfo é, por isso mesmo, inevitável.
«Estúpidos» e «porcos»: assim chamou Brecht ao tipo de gentalha a que pertencem estes governantes polacos.
Muito apropriadamente, diga-se.
«PORQUE ME APETECE»...
O poema que se segue já por aqui passou.
Perguntar-se-á: porquê, então, repeti-lo?
E eu respondo, parafraseando a Maria: «porque me apetece»... - que é como quem diz: cá por coisas...
A BANDEIRA COMUNISTA
Foi como se não bastasse
tudo quanto nos fizeram
como se não lhes chegasse
todo o sangue que beberam
como se o ódio fartasse
apenas os que sofreram
como se a luta de classe
não fosse dos que a moveram.
Foi como se as mãos partidas
ou as unhas arrancadas
fossem outras tantas vidas
outra vez incendiadas.
À voz de anticomunista
o patrão surgiu de novo
e com a miséria à vista
tentou dividir o povo.
E falou à multidão
tal como estava previsto
usando sem ter razão
a falsa ideia de Cristo.
Pois quando o povo é cristão
também luta a nosso lado
nós repartimos o pão
não temos o pão guardado.
Por isso quando os burgueses
nos quiserem destruir
encontram os portugueses
que souberam resistir.
E a cada novo assalto
cada escalada fascista
subirá sempre mais alto
a bandeira comunista.
José Carlos Ary dos Santos
Perguntar-se-á: porquê, então, repeti-lo?
E eu respondo, parafraseando a Maria: «porque me apetece»... - que é como quem diz: cá por coisas...
A BANDEIRA COMUNISTA
Foi como se não bastasse
tudo quanto nos fizeram
como se não lhes chegasse
todo o sangue que beberam
como se o ódio fartasse
apenas os que sofreram
como se a luta de classe
não fosse dos que a moveram.
Foi como se as mãos partidas
ou as unhas arrancadas
fossem outras tantas vidas
outra vez incendiadas.
À voz de anticomunista
o patrão surgiu de novo
e com a miséria à vista
tentou dividir o povo.
E falou à multidão
tal como estava previsto
usando sem ter razão
a falsa ideia de Cristo.
Pois quando o povo é cristão
também luta a nosso lado
nós repartimos o pão
não temos o pão guardado.
Por isso quando os burgueses
nos quiserem destruir
encontram os portugueses
que souberam resistir.
E a cada novo assalto
cada escalada fascista
subirá sempre mais alto
a bandeira comunista.
José Carlos Ary dos Santos
FOI BONITO O ENCONTRO, PÁ!
Foi bonito, muito bonito o encontro do Zé Carlos com os milhares de amigos que, esta noite, encheram o Coliseu.
Foi uma Festa: ouvimos o Poeta a dizer «As Portas que Abril Abriu», cantámos com ele e com o Carlos do Carmo - coisas de «Um Homem na Cidade» e de «Um Homem no País», mais a «Estrela da Tarde» e a «Lisboa, Menina e Moça», mais a «Sonata de Outono»... - e emocionámo-nos, com a lagriminha ao canto do olho ou a correr pelas faces...
Foi uma Festa de amigos em convívio e confraternização com o Amigo.
Lá lhe ofereci o Cravo de Abril.
Ele gostou.
E manda dizer que «isto vai, meus amigos, isto vai».
Foi uma Festa: ouvimos o Poeta a dizer «As Portas que Abril Abriu», cantámos com ele e com o Carlos do Carmo - coisas de «Um Homem na Cidade» e de «Um Homem no País», mais a «Estrela da Tarde» e a «Lisboa, Menina e Moça», mais a «Sonata de Outono»... - e emocionámo-nos, com a lagriminha ao canto do olho ou a correr pelas faces...
Foi uma Festa de amigos em convívio e confraternização com o Amigo.
Lá lhe ofereci o Cravo de Abril.
Ele gostou.
E manda dizer que «isto vai, meus amigos, isto vai».
POEMA
O FUTURO
Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.
Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.
Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.
O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.
José Carlos Ary dos Santos
Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.
Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.
Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.
O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.
José Carlos Ary dos Santos
UM CRAVO DE ABRIL PARA O ARY
«Isto vai, meus amigos, isto vai» - disse-nos uma vez o Zé Carlos.
E a vida confirma que assim é.
«Isto vai», apesar das muitas dificuldades e dos muitos obstáculos.
E «isto vai» porque nós queremos que vá - e nada nem ninguém nos impedirá que querer que isto vá e de lutar por isso.
Eles podem impedir - e impedem - que as coisas avancem tão depressa e tão bem quanto nós desejaríamos.
Mas não podem impedir - e não impedem - a continuação da nossa luta.
E essa é a questão essencial.
Por isso VENCEREMOS. Mais tarde ou mais cedo. Mas INEVITAVELMENTE.
Foi isso que o Zé Carlos nos disse nas centenas de poemas em que cantou a Revolução de Abril.
E é ter-nos dito isso - e tê-lo feito de forma tão bela - que eu vou agradecer ao Poeta da Revolução, logo à noite, no Coliseu.
Aproveitando para lhe dar aquele abraço de amizade, camaradagem e admiração - e para lhe oferecer um Cravo de Abril.
E a vida confirma que assim é.
«Isto vai», apesar das muitas dificuldades e dos muitos obstáculos.
E «isto vai» porque nós queremos que vá - e nada nem ninguém nos impedirá que querer que isto vá e de lutar por isso.
Eles podem impedir - e impedem - que as coisas avancem tão depressa e tão bem quanto nós desejaríamos.
Mas não podem impedir - e não impedem - a continuação da nossa luta.
E essa é a questão essencial.
Por isso VENCEREMOS. Mais tarde ou mais cedo. Mas INEVITAVELMENTE.
Foi isso que o Zé Carlos nos disse nas centenas de poemas em que cantou a Revolução de Abril.
E é ter-nos dito isso - e tê-lo feito de forma tão bela - que eu vou agradecer ao Poeta da Revolução, logo à noite, no Coliseu.
Aproveitando para lhe dar aquele abraço de amizade, camaradagem e admiração - e para lhe oferecer um Cravo de Abril.
POEMA
SONETO ESCRITO NA MORTE
DE TODOS OS ANTIFASCISTAS
ASSASSINADOS PELA PIDE
Vararam-te no corpo e não na força
e não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras.
Mas feras é demais. Apenas hienas
tão pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.
Morreste às mãos da tarde mas foi cedo.
Morreste porque não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos.
Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te:
Para nós não há mortos. Só há vivos.
José Carlos Ary dos Santos
DE TODOS OS ANTIFASCISTAS
ASSASSINADOS PELA PIDE
Vararam-te no corpo e não na força
e não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras.
Mas feras é demais. Apenas hienas
tão pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.
Morreste às mãos da tarde mas foi cedo.
Morreste porque não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos.
Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te:
Para nós não há mortos. Só há vivos.
José Carlos Ary dos Santos
A CAÇA ÀS BRUXAS (10)
EM JEITO DE BALANÇO
Em nove posts, o Cravo de Abril relembrou (muito sumariamente) aspectos vários da sinistra «Caça às Bruxas» que, durante cerca de uma década, varreu os EUA.
Também aqui foram relembrados (muito sumariamente) alguns acontecimentos que antecederam esse processo, igualmente caracterizados por uma odienta sanha persecutória e repressiva que tinha os comunistas como alvo selectivo, mas que atingiu milhares e milhares de democratas não-comunistas - a confirmar que o anticomunismo é, sempre, antidemocrático.
No relembrar de tudo isto, revisitámos um tempo histórico talvez decisivo na construção da democracia norte-americana e no decorrer do qual essa democracia pôs a nu o seu conteúdo, a sua natureza de classe e os métodos a que é capaz de recorrer para se impor.
Com efeito, os EUA desse tempo - tempo da devastação do movimento sindical de classe (na sequência do triunfo da Revolução de Outubro) e da Caça às Bruxas - são os EUA de Hiroshima e Nagasáqui; da instalação e (ou) apoio a todas as ditadures fascistas do mundo; da opressão e repressão sobre os povos da América Latina; da delapidação e do esbulho da riqueza nacional de dezenas e dezenas de países e povos; da destruição da Jugoslávia; da invasão e ocupação do Iraque e do Afeganistão - tudo servindo a sua ambição imperialista de domínio absoluto do mundo; tudo deixando atrás um rasto de sofrimento, de sangue, de morte, de horror.
Nestas relembranças encontrámos também, como não podia deixar de ser, os que, sejam quais forem as circunstâncias, não se resignam, não capitulam, rejeitam a arbitrariedade e a opressão, e lutam e resistem, lutam e resistem sempre - sabendo que, se quem luta nem sempre ganha, quem não luta, perde sempre.
Para os interessados, aqui fica uma lista de filmes que, directa ou indirectamente, abordam o período da Caça às Bruxas:
«O Preço de Uma Vida» - de Edwuard Dmytryk - 1949
«Um Rei em Nova Iorque» - de Chaplin - 1957
«O Nosso Amor de Ontem» - de Sidney Pollack - 1973
«Culpado por Suspeita» - de Irwin Winkler - 1975
«O Testa de Ferro» - de Martin Ritt - 1976
«Júlia» - de Fred Zineman - 1977
«Pesadelo na Rua Carrol» - de Peter Yats - 1988
«Na Lista Negra» - de Philip Saville - 1989
Em nove posts, o Cravo de Abril relembrou (muito sumariamente) aspectos vários da sinistra «Caça às Bruxas» que, durante cerca de uma década, varreu os EUA.
Também aqui foram relembrados (muito sumariamente) alguns acontecimentos que antecederam esse processo, igualmente caracterizados por uma odienta sanha persecutória e repressiva que tinha os comunistas como alvo selectivo, mas que atingiu milhares e milhares de democratas não-comunistas - a confirmar que o anticomunismo é, sempre, antidemocrático.
No relembrar de tudo isto, revisitámos um tempo histórico talvez decisivo na construção da democracia norte-americana e no decorrer do qual essa democracia pôs a nu o seu conteúdo, a sua natureza de classe e os métodos a que é capaz de recorrer para se impor.
Com efeito, os EUA desse tempo - tempo da devastação do movimento sindical de classe (na sequência do triunfo da Revolução de Outubro) e da Caça às Bruxas - são os EUA de Hiroshima e Nagasáqui; da instalação e (ou) apoio a todas as ditadures fascistas do mundo; da opressão e repressão sobre os povos da América Latina; da delapidação e do esbulho da riqueza nacional de dezenas e dezenas de países e povos; da destruição da Jugoslávia; da invasão e ocupação do Iraque e do Afeganistão - tudo servindo a sua ambição imperialista de domínio absoluto do mundo; tudo deixando atrás um rasto de sofrimento, de sangue, de morte, de horror.
Nestas relembranças encontrámos também, como não podia deixar de ser, os que, sejam quais forem as circunstâncias, não se resignam, não capitulam, rejeitam a arbitrariedade e a opressão, e lutam e resistem, lutam e resistem sempre - sabendo que, se quem luta nem sempre ganha, quem não luta, perde sempre.
Para os interessados, aqui fica uma lista de filmes que, directa ou indirectamente, abordam o período da Caça às Bruxas:
«O Preço de Uma Vida» - de Edwuard Dmytryk - 1949
«Um Rei em Nova Iorque» - de Chaplin - 1957
«O Nosso Amor de Ontem» - de Sidney Pollack - 1973
«Culpado por Suspeita» - de Irwin Winkler - 1975
«O Testa de Ferro» - de Martin Ritt - 1976
«Júlia» - de Fred Zineman - 1977
«Pesadelo na Rua Carrol» - de Peter Yats - 1988
«Na Lista Negra» - de Philip Saville - 1989
POEMA
SONATA DE OUTONO
Inverno não ainda mas Outono
a sonata que bate no meu peito
poeta distraído cão sem dono
até na própria cama em que me deito.
Acordar é a forma de ter sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito.
Morro de pé, mas morro devagar.
A vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser.
Não me deixo ficar. Não pode ser.
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
pois viver é também acontecer.
José Carlos Ary dos Santos
Inverno não ainda mas Outono
a sonata que bate no meu peito
poeta distraído cão sem dono
até na própria cama em que me deito.
Acordar é a forma de ter sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito.
Morro de pé, mas morro devagar.
A vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser.
Não me deixo ficar. Não pode ser.
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
pois viver é também acontecer.
José Carlos Ary dos Santos
A CAÇA ÀS BRUXAS (9)
ANTECEDENTES (3)
A AFL
A AFL-CIO
A AFL-CIA...
Ao mesmo tempo que liquida o seu carácter de classe e democrático, a AFL entra no mundo dos negócios: com o dinheiro dos associados compra terrenos e empresas, torna-se sócia de bancos e de grandes empresas. A dada altura, detém 13,7% da Holliday Inn, 13,6% da Texas Instruments, 12,9% da McDonalds, 12,8% da K Mart, 12,6% da Delta Air Lines...
A situação entretanto criada gerava descontentamento e revolta no seio da AFL. A dada altura, surge uma tendência visando combater o estado das coisas, com a criação da Liga Educacional Sindical - que viria a ser rapidamente neutralizada com a expulsão e a prisão dos seus activistas, ao abrigo do «estatuto anticomunista».
E só em 1938, no quadro do forte movimento de greves operárias então em curso, um grupo de dirigentes sindicais rompe com a AFL e funda o Congresso das Organizações Industriais (CIO).
Esta foi a primeira grande resposta à degradação da AFL, à sua traição de classe, ao seu racismo.
O CIO adquire de imediato grande influência.
É evidente o contraste entre as posturas das duas centrais: por altura da II Guerra Mundial, enquanto «a AFL financia e organiza apoios de diversa ordem a Hitler e Mussolini, o CIO integra um movimento anti-nazi» e, após a Guerra, toma parte activa na criação da progressista Federação Sindical Mundial (FSM).
Nesse tempo a AFL perde influência junto dos trabalhadores - mas «mantém o apoio do grande patronato e da extrema direita política, organizada no Partido Republicano e em sectores do Partido Democrático».
Todavia - repito! - o grande capital não dormia. Nunca dorme.
E na intensa campanha anticomunista desencadeada após o fim da Guerra, o CIO era um alvo a abater.
Já aqui se disse que, entre os milhares homens e mulheres que integravam as «listas negras» do fascista MacCarthy, figuravam muitos sindicalistas. Além disso, a AFL apoiava e colaborava na Caça às Bruxas...
A operação contra o CIO desenvolve-se em duas linhas paralelas e complementares: por um lado, o grande patronato recusa negociar com os sindicatos filiados no CIO; por outro lado, repete-se na nova central o esquema utilizado anteriormente na AFL: perseguições dos sindicalistas mais destacados, que são acusados de «comunistas» e presos - é a caça às bruxas no movimento sindical.
Apesar disso, em 1946, o CIO lidera as grandes greves (com ocupação de empresas) na indústria automóvel - ficando célebre a greve de mais de 100 dias na General Motors.
Mas a ofensiva contra a central era muito forte, organizada e persistente e, a dada altura, «alguns dos dirigentes mais influentes do CIO começam a ceder»...
Acresce que, em Junho de 1947, o Congresso dos EUA aprova a lei Taft-Hartley: uma «lei de carácter anti-sindical e anti-greve»...
E um ano depois o CIO decide «adequar os seus estatutos à nova lei».
Os sindicatos que rejeitam a decisão e que mantêm nos seus estatutos «a luta contra o capitalismo» - sindicatos que representam um milhão de trabalhadores - são expulsos da central.
Logo a seguir, o CIO afasta-se da FSM - e o seu tesoureiro, James Casey sintetiza assim a nova posição da central: «No passado unimo-nos aos comunistas para lutar contra os fascistas, mas numa outra guerra unir-nos-emos aos fascistas para lutar contra os comunistas».
E agindo em consonância com o que disse «expulsou do CIO todos os sindicatos progressistas e de classe».
Recorde-se que, enquanto tudo isto acontecia, a Comissão de MacCarthy intensificava a Caça às Bruxas: Dashiel Hammett, John Garfield, Dalton Trumbo, etc, eram submetidos aos interrogatórios da Comissão - e Julius e Ethel Rosenberg eram presos e, a seguir, executados.
Em 1955, a AFL e o CIO juntam os trapinhos...
O primeiro presidente da AFL-CIO define assim a linha político-sindical da nova central: «Nós cremos no sistema capitalista. O nosso objectivo é a preservação do capitalismo que não queremos trocar por nenhum outro sistema».
Palavras para quê?: é um dirigente do sindicalismo «livre» e «independente» em acção...
Nos anos que se seguiram, a AFL-CIO mostrou o que valia, apoiando todas as acções belicistas do Governo dos EUA - da guerra do Vietnam ao bloqueio a Cuba...
«Sindicalistas» da AFL-CIO participaram na preparação do golpe de Pinochet (na organização da greve dos camionistas) e no golpe militar fascista de 1 de Abril de 1964, no Brasil.
William Doherty, dirigente da central, disse sobre essa participação: «O que aconteceu em 1 de Abril de 1964 não foi obra do acaso: tudo foi planeado com meses de antecedência e nessa planificação tiveram papel importante muitos líderes sindicais treinados pela AFL-CIO, os quais estiveram profundamente envolvidos no golpe».
Registe-se que William Doherty «fazia parte da folha de pagamentos da CIA» - e tão estreita e óbvia era a ligação da AFL-CIO à CIA que, a partir de certa altura, a central passou a ser conhecida por AFL - CIA...
Com a criação, em 1949, da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres (CISL), as duas centrais passaram a colaborar estreitamente numa versão da «caça às bruxas» adequada ao novos tempos: a promoção do divisionismo sindical, tendo como objectivo essencial a liquidação dos sindicatos de classe e a promoção do «sindicalismo livre».
Nessa acção têm dedicado particular atenção à «formação sindical», através de «cursos» realizados por todo o mundo...
Quem acompanhe com um mínimo de atenção a vida sindical portuguesa, dará conta da realização regular de tais «cursos» no nosso País...
Aliás, o que se passou - e passa! - em Portugal é um exemplo perfeito do conteúdo da intervenção dessas centrais do divisionismo:
«São conhecidas as ingerências de centrais sindicais internacionais, pela mão de Mário Soares, na vida sindical portuguesa: a CISL, com o seu "escritório" montado em Lisboa logo a seguir ao 25 de Abril e com os seus "seminários de formação sindical"; a norte-americana AFL-CIO, que aqui começou a trabalhar logo a 27 de Abril de 74 (reunindo clandestinamente com quem Soares muito bem sabe...) e que, a dada altura, informava no seu jornal, num linguajar nada sindicalista, que "houve conversações em Washington com as lideranças dos dois mais importantes partidos portugueses"; que "estabelecemos contactos com o movimento sindical português"; que "sindicatos e partidos políticos não comunistas da Europa ocidental têm estado activos em Portugal a fim de corrigir as distorções a que o movimento sindical foi submetido pelos comunistas" - e a AFL-CIO garantia uma "ajuda sem limites" ao divisionismo sindical em Portugal. Via Mário Soares, obviamente».
Foi assim que - apadrinhada, benzida e, sobretudo, financiada pela CISL e pela AFL-CIO - nasceu a UGT.
A AFL
A AFL-CIO
A AFL-CIA...
Ao mesmo tempo que liquida o seu carácter de classe e democrático, a AFL entra no mundo dos negócios: com o dinheiro dos associados compra terrenos e empresas, torna-se sócia de bancos e de grandes empresas. A dada altura, detém 13,7% da Holliday Inn, 13,6% da Texas Instruments, 12,9% da McDonalds, 12,8% da K Mart, 12,6% da Delta Air Lines...
A situação entretanto criada gerava descontentamento e revolta no seio da AFL. A dada altura, surge uma tendência visando combater o estado das coisas, com a criação da Liga Educacional Sindical - que viria a ser rapidamente neutralizada com a expulsão e a prisão dos seus activistas, ao abrigo do «estatuto anticomunista».
E só em 1938, no quadro do forte movimento de greves operárias então em curso, um grupo de dirigentes sindicais rompe com a AFL e funda o Congresso das Organizações Industriais (CIO).
Esta foi a primeira grande resposta à degradação da AFL, à sua traição de classe, ao seu racismo.
O CIO adquire de imediato grande influência.
É evidente o contraste entre as posturas das duas centrais: por altura da II Guerra Mundial, enquanto «a AFL financia e organiza apoios de diversa ordem a Hitler e Mussolini, o CIO integra um movimento anti-nazi» e, após a Guerra, toma parte activa na criação da progressista Federação Sindical Mundial (FSM).
Nesse tempo a AFL perde influência junto dos trabalhadores - mas «mantém o apoio do grande patronato e da extrema direita política, organizada no Partido Republicano e em sectores do Partido Democrático».
Todavia - repito! - o grande capital não dormia. Nunca dorme.
E na intensa campanha anticomunista desencadeada após o fim da Guerra, o CIO era um alvo a abater.
Já aqui se disse que, entre os milhares homens e mulheres que integravam as «listas negras» do fascista MacCarthy, figuravam muitos sindicalistas. Além disso, a AFL apoiava e colaborava na Caça às Bruxas...
A operação contra o CIO desenvolve-se em duas linhas paralelas e complementares: por um lado, o grande patronato recusa negociar com os sindicatos filiados no CIO; por outro lado, repete-se na nova central o esquema utilizado anteriormente na AFL: perseguições dos sindicalistas mais destacados, que são acusados de «comunistas» e presos - é a caça às bruxas no movimento sindical.
Apesar disso, em 1946, o CIO lidera as grandes greves (com ocupação de empresas) na indústria automóvel - ficando célebre a greve de mais de 100 dias na General Motors.
Mas a ofensiva contra a central era muito forte, organizada e persistente e, a dada altura, «alguns dos dirigentes mais influentes do CIO começam a ceder»...
Acresce que, em Junho de 1947, o Congresso dos EUA aprova a lei Taft-Hartley: uma «lei de carácter anti-sindical e anti-greve»...
E um ano depois o CIO decide «adequar os seus estatutos à nova lei».
Os sindicatos que rejeitam a decisão e que mantêm nos seus estatutos «a luta contra o capitalismo» - sindicatos que representam um milhão de trabalhadores - são expulsos da central.
Logo a seguir, o CIO afasta-se da FSM - e o seu tesoureiro, James Casey sintetiza assim a nova posição da central: «No passado unimo-nos aos comunistas para lutar contra os fascistas, mas numa outra guerra unir-nos-emos aos fascistas para lutar contra os comunistas».
E agindo em consonância com o que disse «expulsou do CIO todos os sindicatos progressistas e de classe».
Recorde-se que, enquanto tudo isto acontecia, a Comissão de MacCarthy intensificava a Caça às Bruxas: Dashiel Hammett, John Garfield, Dalton Trumbo, etc, eram submetidos aos interrogatórios da Comissão - e Julius e Ethel Rosenberg eram presos e, a seguir, executados.
Em 1955, a AFL e o CIO juntam os trapinhos...
O primeiro presidente da AFL-CIO define assim a linha político-sindical da nova central: «Nós cremos no sistema capitalista. O nosso objectivo é a preservação do capitalismo que não queremos trocar por nenhum outro sistema».
Palavras para quê?: é um dirigente do sindicalismo «livre» e «independente» em acção...
Nos anos que se seguiram, a AFL-CIO mostrou o que valia, apoiando todas as acções belicistas do Governo dos EUA - da guerra do Vietnam ao bloqueio a Cuba...
«Sindicalistas» da AFL-CIO participaram na preparação do golpe de Pinochet (na organização da greve dos camionistas) e no golpe militar fascista de 1 de Abril de 1964, no Brasil.
William Doherty, dirigente da central, disse sobre essa participação: «O que aconteceu em 1 de Abril de 1964 não foi obra do acaso: tudo foi planeado com meses de antecedência e nessa planificação tiveram papel importante muitos líderes sindicais treinados pela AFL-CIO, os quais estiveram profundamente envolvidos no golpe».
Registe-se que William Doherty «fazia parte da folha de pagamentos da CIA» - e tão estreita e óbvia era a ligação da AFL-CIO à CIA que, a partir de certa altura, a central passou a ser conhecida por AFL - CIA...
Com a criação, em 1949, da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres (CISL), as duas centrais passaram a colaborar estreitamente numa versão da «caça às bruxas» adequada ao novos tempos: a promoção do divisionismo sindical, tendo como objectivo essencial a liquidação dos sindicatos de classe e a promoção do «sindicalismo livre».
Nessa acção têm dedicado particular atenção à «formação sindical», através de «cursos» realizados por todo o mundo...
Quem acompanhe com um mínimo de atenção a vida sindical portuguesa, dará conta da realização regular de tais «cursos» no nosso País...
Aliás, o que se passou - e passa! - em Portugal é um exemplo perfeito do conteúdo da intervenção dessas centrais do divisionismo:
«São conhecidas as ingerências de centrais sindicais internacionais, pela mão de Mário Soares, na vida sindical portuguesa: a CISL, com o seu "escritório" montado em Lisboa logo a seguir ao 25 de Abril e com os seus "seminários de formação sindical"; a norte-americana AFL-CIO, que aqui começou a trabalhar logo a 27 de Abril de 74 (reunindo clandestinamente com quem Soares muito bem sabe...) e que, a dada altura, informava no seu jornal, num linguajar nada sindicalista, que "houve conversações em Washington com as lideranças dos dois mais importantes partidos portugueses"; que "estabelecemos contactos com o movimento sindical português"; que "sindicatos e partidos políticos não comunistas da Europa ocidental têm estado activos em Portugal a fim de corrigir as distorções a que o movimento sindical foi submetido pelos comunistas" - e a AFL-CIO garantia uma "ajuda sem limites" ao divisionismo sindical em Portugal. Via Mário Soares, obviamente».
Foi assim que - apadrinhada, benzida e, sobretudo, financiada pela CISL e pela AFL-CIO - nasceu a UGT.
POEMA
RETRATO DE MANUEL DA FONSECA
Eram campos campos campos
abertos de humanidade
era um vento que rasgava
apenas a claridade.
Eram palavras jorrando
de um olhar de escaravelho
era um homem inventando
a grandeza de ser velho.
Era terra fome sede
urze tojo trigo vinho
alcateia e almocreve
alfazema e rosmaninho.
Era um fogo aprisionado
uma explosão de romãs.
Era um menino alumbrado
entre as pernas da manhã.
José Carlos Ary dos Santos
Eram campos campos campos
abertos de humanidade
era um vento que rasgava
apenas a claridade.
Eram palavras jorrando
de um olhar de escaravelho
era um homem inventando
a grandeza de ser velho.
Era terra fome sede
urze tojo trigo vinho
alcateia e almocreve
alfazema e rosmaninho.
Era um fogo aprisionado
uma explosão de romãs.
Era um menino alumbrado
entre as pernas da manhã.
José Carlos Ary dos Santos
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