Aí estão, nascendo como cogumelos, as chamadas sondagens de opinião. Desta vez sobre os resultados das eleições para a CML. Na maior parte delas, os quatro candidatos que representam o PS e o PSD «vão à frente» e, logo a seguir, «vai» o representante do BE. Como sempre acontece em sondagens, o candidato da CDU é relegado para um lugar menor - e, como sempre tem acontecido, depois dos votos contados verifica-se que não é assim. Quer isto dizer que a generalidade das sondagens existe, não para auscultar as intenções de voto dos eleitores, mas para as influenciar. Ou seja: as sondagens são, regra geral, instrumentos de caça ao voto - e quem tem dinheiro é que as encomenda, e quem as encomenda, encomenda igualmente o resultado que mais lhe convém.
Em todo o caso, a ser verdade o que estas sondagens dizem, estaríamos perante uma situação curiosa e bizarra. Senão vejamos: estas eleições para a CML foram provocadas, essencialmente, pelo escandaloso negócio Bragaparques; o referido negócio foi decidido pela Assembleia Municipal de Lisboa que, se quisesse, o teria chumbado; a votação na AML foi a seguinte: PS, PSD, CDS e BE votaram a favor do negócio - PCP e PEV votaram contra. Temos, então, que, segundo as sondagens, a maioria do eleitorado lisboeta iria votar... no negócio Bragaparques.
E assim se percebe a razão pela qual a comunicação social dominante - que encomenda e divulga as sondagens - esconde com tantos cuidados a tal votação na Assembleia Municipal de Lisboa.