POEMA

(Chama que nenhum vento apaga...)


A Revolução
parece às vezes que pára
ou que recua
tornando mais funda a escuridão
e noite menos clara
- como se qualquer Mágica Mão
apagasse o sol dentro da lua.

Mas só os medrosos temem
que a viagem
para a Manhã do Renovo
com limpidez de sémen
termine
- antes que cheguemos à paisagem
sonhada para o povo
por Lenine.

Não. A nossa Revolução
ainda não acabou
nem tão cedo acaba
- como no alto mar
não gela nenhuma vaga
ao sol de Verão.

Não. A nossa Revolução
continuará,
chama que nenhum vento apaga
- enquanto no coração
dos ricos-senhores
doer a ameaça
de os cavadores vermelhos
(o tojo inútil, as estevas, o rasto
das lebres e dos coelhos)
- guiados pelo malogro,
o asco
e a esperança
da sombra de fogo
da Voz do Vasco
colérica e doce.


José Gomes Ferreira

5 comentários:

Justine disse...

Belíssimos, os 4 últimos versos!

samuel disse...

... realmente... grande final!

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

A revolução há-de seguir o seu caminho. Os recuos recuperam-se porque quem está adormecido acordará com a radiação que não deixa de ser emitida pela luta dos que não dormem.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Justine: um bom fecho...
Um beijo.

samuel: majestoso!...
Um abraço.

Graciete Rietsch: NEM MAIS!.
Um beijo.

Maria disse...

Este vou levar comigo. Sei que o tenho em livro, mas é belo demais para não ser mostrado...

Outro beijo. Grande.