POEMA

(«Ó papoilas da vingança/a nova cor da esperança/é a vossa cor».
A mãe cantava-lhe estes versos.
Entretanto consta que no Baleizão mataram uma camponesa:
Catarina Eufémia.)


Toda a noite cantaste em voz baixa,
para adormecer o menino,
a canção do Graça:
«Ó papoilas dos trigais...»

Canta, canta,
para o acordares mais.

(Transforma-lhe os dedos
em pátrias de punhais.)


José Gomes Ferreira

5 comentários:

Maria disse...

Não há palavras para dizer deste poema. Apenas 'BELO'.

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Este poema diz-nos que o Futuro não se constrói com resignação, mas com luta.

Um beijo.

samuel disse...

Há cantigas que são assim...

Abraço.

do Zambujal disse...

As papoilas nos trigais...
Trinta balas te mataram a fome, Catarina.

Tudo tão tragicamente belo!

Anónimo disse...

Parabéns pelo poema.
Amanhã, celebraremos o aniversário 85 de Che Guevara. Um abraço

(Jorge)