«OUVIR BARRETO»?: CHIÇA!

Pedro Lomba é um dos comentadores com lugar cativo no órgão da Sonae.
Um, igual a muitos que, fingindo profundas diferenças entre si, ali vão vertendo a ideologia comum a todos - que, por coincidência, é a ideologia do patrão da Sonae...

Na peça de hoje, Lomba manifesta o seu desagrado por haver quem não tenha gostado do discurso de António Barreto, no 10 de Junho. Vejam bem, os ingratos!...
E identifica os que não gostaram da barretal oração com «a esquerda» - que para ele é, explicitamente, o PS e é, depois, uma equívoca «certa esquerda»...
(tal identificação tem toda a lógica: sendo Lomba um direitinha à maneira, convém-lhe - e de que maneira! - que conste que o PS é de «esquerda» - e, até, como ele diz, «socialista» - sabendo bem que essa é a melhor forma de denegrir a esquerda e o socialismo).

Pergunta o Lomba: «O que disse Barreto de tão ofensivo?».
E responde: «Criticou os políticos, exigiu o "apuramento de responsabilidades" e falou no "direito" das novas gerações em rever a Constituição» - ou seja, remata o Lomba, triunfante, Barreto «disse fielmente o que dizem as pessoas na rua»...
É certo que muitas pessoas, «na rua», criticam os «políticos» e exigem o apuramento de responsabilidades pelas tropelias cometidas «pelos políticos»;
é certo, também, que para essas pessoas, os «políticos», como os «partidos», «são todos iguais»;
e é tragicamente certo que o que essas pessoas dizem, é o que lhes foi dito e redito, todos os dias de todos os anos, pelos comentadores com lugares cativos nos média dominantes - os tais cuja opinião comum a todos, de tantas vezes publicada se transforma em opinião pública...
Pelo que, invocar o que dizem «as pessoas na rua» para fazer de uma manipulação cozinhada uma verdade absoluta, constitui profunda desonestidade - e mostra bem o tipo de condimentos de que é feita a ideologia dominante...

Sobre a Constituição, que é hoje o tema dos temas para o grande capital e para os partidos que o representam - e é, por isso, o tema dos temas para os comentadores com lugar cativo nos média do grande capital - Lomba cumpre a tarefa de não ter dúvidas: «É necessária uma reforma constitucional a sério»!!!
E avançando já com a «necessária» argumentação - que, nos tempos mais próximos, vai ser repetida e repetida por tudo quanto é comentador pago pelo grande capital - Lomba clama por uma revisão «em que todos nós, e os que nasceram depois de 1976, possamos intervir num debate novo e limpo sobre o nosso futuro colectivo»...
Porque, como disse o genial Barreto, citando não sei quem, «cada geração tem o direito de rever a Constituição».
E porque, como disse o sempre genial Barreto, desta vez citando-se a si próprio, para esse debate «novo e limpo» vamos proceder à «repolitização das novas gerações». (quererão Barreto&Lomba Associados dizer que as «novas gerações» já foram, em tempos, politizadas, mas entretanto perderam a politização?...)

Esta apetência participativa, vinda de um Lomba assim, é no mínimo estranha.
Não sabe , talvez, o Lomba - ou sabe, mas não quer que se saiba - que a elaboração da Constituição de Abril, aprovada em 1976, resultou de um processo de participação popular único na história do nosso País - da mesma forma que uma das características essenciais da democracia de Abril foi a sua forte componente participativa.
E como o Lomba muito bem sabe, a democracia burguesa em que vivemos é estruturalmente, intrinsecamente, avessa à participação - o que se compreende, pois se assim não fosse não durava dois dias...
Por isso, quando o Lomba clama por uma revisão «a sério», com a participação de «todos nós, e de todos os que nasceram depois de 1976», sabe muito bem que está a querer enfiar-nos o barrete. E o Barreto.

E é em tom profético que o Lomba termina o seu panegírico de Barreto - que é, simultaneamente, auto-panegírico: «Barreto provavelmente compreendeu, e não foi o único, que certa esquerda se tornou arcaica, conservadora, desconfiada. Essa esquerda devia perceber que, se não quiser fugir ao seu tempo, tem de ouvir Barreto».
Aqui chegado - e independentemente de quem seja a referida «certa esquerda» - só posso desabafar:
«Ouvir Barreto»?: CHIÇA!

11 comentários:

samuel disse...

Barreto! O grande ideólogo da direita.
Mas esperemos... é bem provável que ainda possa descer mais...

Abraço.

Anónimo disse...

Muita conspiração e muito corropio, antes da tomada de posse deste novo governo.
Também prometeram diminuir o número de ministérios e, afinal, chegaram à conclusão que vai ficar tudo na mesma.
Resta saber como vai ser Verão. A Assembleia vai estar a trabalhar todos os dias, como avisou Portas ou ainda veremos o «Paulinho das feiras» metido numa discoteca do Algarve, a festejar o novo cargo de ministro?

(Jorge)

cid simoes disse...

É necessário ter um forte arcabouço para aLOMBAr com tanto veneno.

Chalana disse...

O Barreto é da CIA

Antuã disse...

O Barreto é uma lomba não sinalizada. é um perigo.

GR disse...

Barreto é Bilderberg desde 1992.
Este verme nauseabundo que destruiu a Reforma Agrária, andou sempre de mão dada com o não menos asqueroso, repugnante Soares, daí só sair lixo daquela maldita boca.
Quanto ao dito Pedro Lomba…quando tenta dizer alguma coisa, parece um gato andar à roda e ninguém entende, prefiro os Gatos Fedorentos.

Bjs,

GR

Maria disse...

O tipo é um vómito. E deve cheirar mal da boca!

Um beijo grande.

Anónimo disse...

Este Barreto é o mesmo que disse:
na Constituição, o cidadão " o português tem todos os direitos e mais alguns. Tem direito à saúde e à educação de graça, à habitação"
"na Constituição, o cidadão português tem todos os direitos e mais alguns. Tem direito à saúde e à educação de graça, à habitação"

"Por isso, diz a cavalgadura, esses direitos todos que estão na Constituição - como o direito ao trabalho, ao salário, à saúde, à educação, à habitação, à velhice, à infância... -não deveriam lá estar porque não são fundamentais - além de que não são compatíveis com o período de crise económica que o País atravessa"
Já em 29/09/2010 o Cravo de Abril questionava "o que fazer com este Barreto?"
Hoje pergunto eu! o que fazer com este Barrete?

Gildásio Maiato

Eduardo Miguel Pereira disse...

Já escrevi e apaguei o comentário uma dezena de vezes, porque me arrependo do que escrevi e sei que o Fernando era capaz de não permitir a publicação de tamanhas vernaculidades.

Deixo portanto à vossa imaginação o que acho dos "Barretos" deste país.

Graciete Rietsch disse...

Também já não suporto os Barretos e congéneres a travestirem-se de homens de esquerda quando no seu íntimo pertencem à direita reaccionária.
Não os suporto.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

samuel: ai desce, desce: desce até muito para lá do último fundo...
Um abraço.

Jorge: tudo pode acontecer...
Um abraço.

cid simões: é bem verdade!
Um abraço.

Chalana: admira-te...
Um abraço.

Antuã: boa!
Um abraço.

GR: Barreto&Lomba formam uma luzida parelha de reaccionários...
Um beijo.

Maria: e fede do cérebro...
Um beijo grande.

Gildásio Maiato: obrigado por lembrares essa «barretice» - que mostra bem o que ele queria dizer, em Castelo Branco, quando falou na revisão da Constituição.
Um abraço.

Eduardo Miguel Pereira: tenho a impressão que é isso mesmo que eu penso desses barretos todos...
Um abraço.

Graciete Rietsch: e tens razão...
Um beijo.