CUIDADO COM O RAFEIRO!

Em editorial, com o título
«"Democracias" que a história não reconhece»
e o subtítulo
«A herança do "companheiro Vasco» ou a "democracia já" dos que acampam no Rossio são faces da mesma moeda»,
o órgão da Sonae de 12 de Junho acusa o toque em relação à homenagem prestada no dia anterior ao General Vasco Gonçalves.

Porque o editorialista sabe - mas finge que não sabe - ser falsa a semelhança que enuncia entre «os que acampam no Rossio» e os que, ao apelo da Associação Conquistas da Revolução, recordaram o exemplo e a obra do Companheiro Vasco - figura maior da Revolução de Abril - não lhe farei o frete de contestar e fazer em cacos tal «semelhança».

Registarei, sim, as considerações por ele produzidas sobre a Democracia de Abril - bem reveladoras, aliás, de como o grande capital - pela boca esfaimada dos seus cães de guarda - ainda treme de susto quando pensa no 25 de Abril libertador e na Revolução que se lhe seguiu.

Escreve o «colaborador» da Sonae - certamente a pensar nas graças do «empreendedor»... - que foi com Vasco Gonçalves «como primeiro-ministro que Portugal mais se dilacerou em acesas guerrilhas de poder que conduziriam ao 25 de Novembro e ao fim das ilusões utópicas de uma «"democracia" popular onde acabariam por mandar não-eleitos» - coisa inadmissível nesta democracia das sonaes onde quem manda são os belmiros eleitos...

E é fielmente agradecido e abocanhando o osso lançado pelo dono que, em ganidos deleitados, procede à definição da sua (isto é, do dono) «democracia» - que é «aquela onde o povo escolhe os seus representantes e onde os depõe quando falham, e rejeita imposições»...
Com tal definição, o escriba finge - o escriba é um fingidor... - estar a falar desta «democracia» do dono dele, onde, ainda no dia 5, o povo escolheu os seus representantes (ó se escolheu!), depôs os que falharam (ó se depôs!) e rejeitou imposições (ó se rejeitou!)...
Mas esta é que é a «democracia»! - exclama - a tal, a do gostinho especial que faz o jeito ao capital, a tal que «não reconhece "democracias" vindas de iluminados que o povo não legitimou».

Então, é assim - nesta prosa ganida e lambida à volta de um mísero osso - que o rafeiro decreta, de uma assentada, quatro ilegitimidades:

a ilegitimidade do derrubamento do governo fascista pelo Movimento das Forças Armadas;

a ilegitimidade dos governos provisórios designados pelo MFA;

a ilegitimidade da Revolução de Abril e das suas conquistas alcançadas através da aliança POVO/MFA; e

a mais antidemocrática, a mais grave, a mais perigosa, a mais subversiva, a mais terrorista de todas as ilegitimidades: a ilegitimidade do SONHO
.


Cuidado com o rafeiro!

17 comentários:

do Zambujal (e em viagem...) disse...

Ó s'é demo crata!
Democrata de Azevedo.
Esses editoriais tão definidores!

Grande abraço

Maria disse...

Continuam sedentos dos tempos antigos. Mas o SONHO, esse, continua a ser a tal bola colorida nas mãos de uma criança. E eles nem sabem...

Um beijo grande.

samuel disse...

Há sempre a esperança de um providencial ataque de esgana...

Abraço.

Anónimo disse...

Para ficar tudo ajustado, já só falta o novo governo tomar posse no mesmo dia em que os nazis começaram a Operação Barbarossa na ex-União Soviética, há 70 anos. Caso venha a ser verdade, será uma celebração, coincidente em datas e até em ideologia.

(Jorge)

Graciete Rietsch disse...

O sonho, que comanda a vida, não morre.E nós, que consideramos absolutamente legal aquilo que os nossos donos e paus mandados consideram ilegal, continuamos a luta com uma paciência revolucionária!!

Mas um dia a paciência esgota-se, a revolta tornar-se-á difícil de suportar.

Um beijo.

Pintassilgo disse...

Os vermes nazis estão a pôr os cornos de fora.

José Rodrigues disse...

Mais um fascistoide que se escapou como as enguias na benevolência dos revolucionários de Abril.Se tiver menos de 37 anos já teve treino da CIA...é um pós moderno lambe botas!

Abraço

Anónimo disse...

Entretanto, o Cardeal Patriarca, Policarpo, veío dizer que deveriamos aceitar e sofrer as medidas anti-sociais e que anti-social seria contestá-las.
Desde a Idade Média até aos dias de hoje, esta Igreja continua a ser sempre a mesma miséria.

(Jorge)

GR disse...

Se o nosso 1º Ministro (hoje) fosse Vasco Gonçalves, este mesmo jornalista escreveria as mais belas palavras sobre o Governo. Daí considerar que actualmente
(90%) dos jornalistas são, os prostitutos da escrita/mensagem. Conforme lhe paga o “cliente”, eles fazem o “serviço”!

Bjs

GR

Anónimo disse...

O órgão de informação da SONAE / Belmiro de Azevedo consegue não escrever uma única linha hoje sobre a imensa greve geral que paralisou e mobilizou milhões de trabalhadores ontem realizada na Grécia. Sem qualquer surpresa, aqui fica o registo do que realmente os Belmiros deste mundo têm medo: da luta organizada e com sentido de classe por parte dos trabalhadores.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Há cães que sofrem de displasia da anca, este sofre de displasia do cérebro !
Tem de ser abatido, coitado.

Antuã disse...

os novos cães de guarda são mesmo fiéis aos seus donos.

Anónimo disse...

Fernando Samuel
Chamo-lhes FDP mas hoje a linguagem aumentou e bem: fascistóide, nazi, lambe-botas, etc... . O meu povo começa a ter maneiras com estas prima-donas FDP.
Gostei.
Vitor sarilhos

Chalana disse...

Passe a publicidade, sobre "acambada de Lisboa", sugiro a leitura de:

http://anti-trollurbano.blogspot.com/2011/06/estudo-sociologico-sobre-acambada.html

João Henrique disse...

«cuidado com o rafeiro» e o resto da matilha.

Um abraço.

O Puma disse...

Não digas mal dos cães

prefere bater nas marionetas

que vão tomar posse

em nome dos grandes merceeiros

Anónimo disse...

Não, cara Graciete!
Nós não temos donos.
Temos um projecto de sociedade em construção, alicerçado em ideais muito fortes que serão os guardiões do sonho alcançado por um imenso colectivo que,a tal paciência que referes e, acrescento eu, a sabedoria revolucionária suficiente para a não diexar esgotar, levará por diante até à victória final.

Abraços

Marina Almeida