Há 70 anos, feitos ontem, o exército nazi iniciou a invasão da União Soviética.
Nesse dia 22 de Junho de 1941, «três milhões de soldados nazis, apoiados por 70 mil peças de artilharia e por 2 700 bombardeiros, atacaram uma frente soviética que se estendia por 1600 quilómetros».
Liquidar a União Soviética - e, com ela, a primeira tentativa em larga escala, na história da humanidade, de construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados - era o objectivo maior de Hitler.
No mesmo dia, o povo soviético iniciava a heróica resistência que viria a rechaçar os invasores e a derrotá-los definitivamente.
A data foi ontem assinalada em Moscovo «de forma discreta», informa o DN...
Contudo, como veremos já a seguir, de «forma» não tão «discreta» quanto isso.
Com efeito, lá apareceu o inevitável estoriador de serviço a contar a sua estória...
Neste caso, uma estória contada em três penadas:
1 - «Estaline sabia do iminente ataque nazi»;
2 - Assim sendo, «como foi possível estarem as tropas soviéticas tão mal preparadas para responder ao ataque e defender as suas fronteiras?»;
3 - ora, sabendo Estaline da invasão e não tendo as tropas preparadas, é óbvio que foi ele o responsável pelos «mais de 25 milhões de soviéticos que perderam a vida durante a II Guerra Mundial».
É caso para dizer que esta «forma» de assinalar um crime hediondo é tão, tão, tão «discreta» que... absolve os criminosos e condena as vítimas...
Recordo essa outra patranha que situa no desembarque na Normandia, ocorrido em 6 de Junho de 1944, o ponto de viragem da II Guerra - patranha que, de tantas vezes dita e publicada, passou a ser aceite como verdade absoluta pela generalidade das pessoas, em todo o mundo.
Há dois anos, quando do 65º aniversário dessa data, Obama fez questão de se deslocar à Normandia, onde, no local do desembarque, repetiu, como se estivesse a fazer uma revelação, que «o desembarque na Normandia marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial».
E, sempre a contar estórias, declamou: «foi um momento e um lugar onde a bravura de uns poucos mudaram o curso de um século» - escusado será dizer que não disse uma só palavra sobre a bravura dos milhões de soviéticos que morreram lutando e que, lutando, mudaram, de facto, o curso de um século...
O aldrabão sabia bem que estava a aldrabar:
sabia bem que o ponto de viragem da guerra ocorreu mais de um ano antes, quando o povo soviético e o seu Exército Vermelho venceram os nazis na batalha de Stalinegrado - iniciada em 17.9.42 2 terminada em 2.2.43 e na qual mais de um milhão e meio de soviéticos perderam a vida;
sabia bem que foi na sequência dessa vitória que se iniciou a contra-ofensiva soviética - que somaria outra vitória decisiva logo em Julho de 1943, na batalha de Kursk - que viria a culminar com a entrada em Berlim do glorioso Exército Vermelho, em Maio de 1945;
sabia bem que o desembarque na Normandia só aconteceu porque... o Exército Vermelho vinha por aí fora, numa marcha imparável...
É caso para dizer que, também neste caso, o estoriador Obama assinalou a data de «forma discreta»: mentindo...
A confirmar que estes estoriadores são uma cambada de aldrabões - mas muito «discretos»...
20 comentários:
Mas até historiadores anti-comunistas assumem que sem a reviravolta de Stalingrado o desfecho da guerra provavelmente seria outro.
Curiosamente o Miguel Urbano Rodrigues na apresentação do seu último livro falou deste tema e da enorme falsificação existente, como por exemplo ninguém mencionar que as tropas soviéticas num curto espaço de tempo impuseram mais baixas ao exército japonês do que os EUA em 3 anos
Esses Mentirosos, são os falsificadores da História. Mas a verdade impõe-se e não pode ser varrida para debaixo do tapete.
Bem sei que a História não se questiona. Mas podem analisar-se os factos. Sem a URSS, como e quando terminaria a guerra? E, atrevo-me a questionar, se o Socialismo não fosse traído o Mundo estaria tão cheio de guerras e exploração?
Um beijo.
Sobre todas as deturpações grosseiras que o imperialismo tem infestado o conhecimento histórico da 2ª Guerra Mundial, há ainda a registar o papel nauseabundo de Khruchtchev e da sua camarilha revisionista que ajudaram a perpetuar esta sinistra interpretação. "Os 900 dias, O Cerco de Leninengrado de Harrison Salibury, assim como "Os Fundamentos do Poder Soviético" de Edgar Snow registados em Moscovo em 1943 e depois publicado, definitivamente, em Abril de 1945 em Connecticut, E.U.A., são bem reveladores de todas as trapaças com que o imperialismo e o revisonismo tentaram enganar os povos e fazê-los desacreditar da grande epopeia que foi a resistência do povo soviético expressa posteriormente na derrota implacável do exército nazi infligida pelo Exécito Vermelho com a tomada de Berlim em Abril-Maio de 1945 sob a direcção de Stalin e do PC da U.R.S.S.
O que quero dizer no comentário anterior é que as obras citadas de H. Salibury e de E. Snow desmentem com clareza todas as calúnias propagandeadas pelos inimigos da revolução socialista.
Concordamos plenamente com o texto, mas não deixamos de perguntar: Se é esta a verdade dos factos e tendo a direcção do PCP seu conhecimento, porque razão a esconderam e apoiaram durante décadas todos os provocadores que tentaram ENLAMEAR a figura de Staline, para que dessa forma podessem atacar e destruir o socialismo?
A questão colocada por G.Rietsch é bem pertinente:" Se o socialismo não fosse TRAÍDO o mundo estaria tão cheio de guerras e exploração?
Há muitos anos que conheço e apoio a tese defendida por si neste post. Encontrei, porém, um texto recente de Carlos Carapeto que sintetiza estes feitos heróicos e a verdade histórica de uma forma notável. Tenho pena de não poder enviar-lho pessoalmente por email - presumo até que será do conhecimento - mas penso que não será difícil encontrar o texto na internet.
Aproveito para o felicitar pela coragem e rigor dos seua textos.
JC
«discretos»... mas bem colocados na tarefa da confusão e da desinformação.
Um abraço.
Não é por acaso que umas memórias (em inglês) de um soldado alemão que combateu na frente Leste me tenha vindo parar à mão.
Estas memórias - "Through Hell for Hitler" de Henry Metelmann - confirmam alguns factos (escondidos pela História politicamente correcta escrita para os anti-comunistas).
Deixo aqui algumas linhas (no texto original) deste livro acerca do contacto com os prisioneiros comunistas russos, conhecidos por "Politruks":
«Having soaked up a full Nazi 'education' at school and in the Hitler Youth, this first experience of direct contact with Communists in the flesh was very baffling. The prisoners who were daily brought into our compound either alone or in small groups, were very different types of person from what I had expected. Indeed, they were different from the masses of the prisoners outside who on the whole looked and behaved like typical East European peasants. What struck me most about these Politruks and Party members was their intelligence and pride. I never, or hardly ever, noticed any of them whining or complaining, and they never asked for anything for themselves. When their time for execution came, and I saw many go, they did so with their heads held high. Almost all of them impressed me as persons whom one could trust, and I was sure, had we been living under peaceful conditions, that I would have liked some of them to be my friends.»
Resta perguntar: quantos, mas quantos soldados comunistas foram mortos, executados e agora esquecidos pelos papagaios da História politicamente correcta, seguida pelos mesmos papagaios jornalistas do DN ou Público?
(Jorge)
Esta descrição insuspeita acima transcrita revela o forte carácter dos soldados do Exército Vermelho e na sequência desse texto recomendo a visão dos filmes soviéticos após o término da guerra. São eles: A Queda de Berlim de Mikhail Chiaurelli de 1949 e Berlim de Yuri Raizman de 1945-46.
Filmes imprescindíveis para quem quiser ter uma noção clara do valor do cinema soviético de então.
A verdade é que Estaline sabia da invasão alemã, tendo sido informado por várias fontes, como Richard Sorge ou a Orquestra Vermelha.
Estaline preferiu ignorar os avisos e a URSS pagou bem caro durante os primeiros meses de guerra.
Aldrabões é o que mais há e alguns até escrevem para aqui.
Desde que conheço alguns "historiadores", passei a desconfiar de quase todas as estórias... :-)))
Abraço.
Segundo certos "historiadores" Staline foi o único que levianamente ignorou os avisos de certas "fontes". O Estado Francês, o Estado Inglês, Belga, Holandês, Polaco etc., esses estiveram muito atentos ou foram apanhados de surpresa...
Inteligência e raciocínios argutos não faltam em certas ocasiões...
Zé, essa versão que Estaline sabia mas preferiu ignorar os avisos vem escrita por muitos historiadores anti-comunistas ingleses e americanos.
Há que desconfiar das inúmeras versões que apareceram sobre a guerra, após a implosão da União Soviética, especialmente as de Robert Service, Ian Kershaw, Simon Sebag Montefiore, entre outros.
Para quem gosta de cinema, recomendo "Vem e Vê" de Elem Klimov.
Como é possivel que há dois anos na festa do "avante" estivesse no pavilhão central à venda precisamente esse livro onde Robert Service (da CIA) ataca ferozmente Staline e o comunismo.
Abraço
Carlos Henriques
Seixal
Carlos Henriques,
Felizmente, esteve à venda o livro de Ludo Martens (recentemente falecido), "Um Outro Olhar Sobre Stáline". Se quiser ler um bom livro sovre Stáline, tem aqui este autor: Geoffrey Roberts, "Stalin's Wars: From World War to Cold War, 1939-1953". Este e "Stalin, A man of history" de Ian Grey, são as melhores biografias de Stáline que li até agora (como também a de Ludo Martens).
«The Unknown Stalin" de dois escritores russos, um deles Zhores A. Medvedev, é razoável, mas como um destes autores esclareceu, no princípio desta obra, todo o arquivo de Stáline se perdeu a seguir à sua morte. Portanto, muitas das biografias escritas, baseiam-se em conjecturas, em vez de factos concretos.
Saúde
(Jorge)
A ingenuidade do Jorge ao dizer que todo o arquivo de Staline se perdeu a seguir à sua morte é de pasmar.
Mas alguns que não são tão ingénuos, sabem muito bem porque se perderam. Só que não se perderam todos. O cinema dessa época teve quase o mesmo destino, porém houve alguém que in extremis o salvou do esquecimento.
Se o Jorge tiver dois dedos de testa sabe porquê.
Pedro: obrigado pela visita e pelo comentário.
Abraço.
Graciete Rietsch: as respostas às ruas perguntas esclarecem muita coisa...
Um beijo.
Anónimo: obrigado pela visita e pelo comentário.
JC: obrigado pela visita e pelo comentário. Procurarei na net o texto do autor que refere.
joão l.henrique: sim, nessas matérias são especialistas...
Um abraço.
Jorge: sobre as diferenças entre os soldados soviéticos e os outros, vale a pena ler Kapput, de Cúrzio Malaparte.
Um abraço.
Anónimo: dois filmes notáveis, de facto.
Zé: a questão não é essa: é claro que Stáline sabia (como sabia qualquer cidadão medianamente informado): a questão tem a ver com a patranha lançada por, entre outros Krutchev, segundo a qual Stáline não preparou o país para a guerra - e essa patranha foi já abundantemente e rigorosamente desmascarada e feita em cacos...
Antuã: andam à coca, escrevem para todo o lado...
Um abraço.
samuel: exactamente o que se passa comigo...
Um abraço.
Anónimo: e «ignorando os avisos», ele - com o seu povo e o seu Exército Vermelho - derrotaram aquele que era, então, o mais poderoso exército do mundo...
Abraço.
Anónimo: «Vem e vê» é um filme imperdível.
Um abraço.
São de facto uma cambada, estes estoriadores pequeninos na proporção inversa da patranha e da mentira que veiculam.
Mas a História, um dia, far-se-á!
Agora vou ler os comentários que já percebi têm 'molho'...
Um beijo grande.
Maria: eles próprios são uma colossal patranha...
Um beijo grande.
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