POEMA

GRITO NEGRO


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder, sim
e queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!


José Craveirinha

6 comentários:

samuel disse...

O mundo está precisar de grandes "incendios"...

Abraço.

Justine disse...

Que força e que sensibilidade!

Graciete Rietsch disse...

O carvão que arde iluminando e aquecendo tal como os povos que lutam pela sua emancipação.

Um beijo.

Anónimo disse...

Grande poeta, José Craveirinha. Um grande bem haja ao vosso colectivo que estima e aprecia excelente poesia.

(Jorge)

svasconcelos disse...

Precisamos de uma grande combustão na sociedade...(gosto muito deste poeta:))

beijo,

Maria disse...

Este poema é fortíssimo. E eu gosto do Craveirinha!

Um beijo grande.