GRITO NEGRO
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder, sim
e queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!
José Craveirinha
6 comentários:
O mundo está precisar de grandes "incendios"...
Abraço.
Que força e que sensibilidade!
O carvão que arde iluminando e aquecendo tal como os povos que lutam pela sua emancipação.
Um beijo.
Grande poeta, José Craveirinha. Um grande bem haja ao vosso colectivo que estima e aprecia excelente poesia.
(Jorge)
Precisamos de uma grande combustão na sociedade...(gosto muito deste poeta:))
beijo,
Este poema é fortíssimo. E eu gosto do Craveirinha!
Um beijo grande.
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