POEMA

A QUEIMA DOS LIVROS


Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me!, escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não ma façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso!
Ordeno-vos: Queimai-me!


Brecht

3 comentários:

Maria disse...

Grande Brecht!
Lembrei-me do Farenheit 451...

Um beijo grande.

samuel disse...

Será que os responsáveis do Regime nem sempre são assim tão grunhos... e por vezes percebem muito bem quem é que, REALMENTE... espalha os tais "saberes nocivos"?

Anónimo disse...

Igual pensamento tive ao da Maria. Um filme de 1966, de François Truffaut que ainda não visionei. No entanto, todos sabemos essa malvada data, a do 10 de Maio, na Alemanha de Hitler (1933)...

(Jorge)