UMA DEMOCRATA DE ELEIÇÃO

Fernanda Câncio é, entre outras coisas, jornalista, e é nessa condição que integra o painel de cronistas que, no DN, vão cumprindo a meritória e, certamente, bem remunerada tarefa de defender a política de direita.
Hoje, a cronista atirou-se aos professores com gata a bofe.
E fê-lo como sabe: em mau português, e naquele tom em que a pretendida ironia é abafada por irritações e raivas incontroláveis.

É claro que a cronista não está «contra o protesto» dos professores.
- «de modo nenhum», adverte -
mas está «farta deste» protesto: é isso, está farta...
E não é só ela que está farta: também «uma parte não negligenciável das gentes» está «saturada de protestos professorais».
Mais: essas «gentes» (certamente das suas relações) estão «saturadas», também, «de alunos a clamar por coisas como "fim dos exames nacionais" - e chocolates grátis, já agora, não?) ».
Ora, se a cronista está farta e se «as gentes» das suas relações «estão saturadas»... o «protesto» deve acabar. Já!
Acresce, garante a cronista, que o ministério deu provas de diálogo e de compreensão... e, por isso, «esperávamos (a cronista e as suas «gentes», entenda-se...) que os professores, em troca, aceitassem uma evidência simples: é preciso parar com esta história. Porque é preciso que as escolas funcionem e porque não chega encher a Avenida da Liberdade nem fazer greves muito participadas para mandar».

Aqui chegada, a cronista aborda a questão do mando e vira a agulha para a «democracia», a «legitimação democrática» e as «eleições», enfim, o blá, blá, blá da praxe.
Para dizer o quê?: que quem «manda» é quem governa e quem governa é quem ganhou as eleições - e como, «a última vez que olhei para as eleições os professores não se tinham candidatado a governar»...
Ou seja: o governo está legitimado para mandar porque foi eleito democraticamente; os professores estão legitimados para obedecer ao mando do Governo - e, se quiserem mandar, têm que se candidatar ao Governo e ganhar as eleições...

E tão longe foi a cronista no despautério e no desnudar-se em matéria de conceito de democracia, que a dada altura, talvez receando ter ido demasiado longe (de facto, estou em crer que nem o Governo lhe pede tanto, nem nada que se pareça...), arriscou: «Haverá quem considere o meu raciocínio anti-democrático.» ... E pela primeira vez escreveu a verdade - e, o que é mais importante, sem atropelos à Língua Pátria...

Mas logo o seu conceito de democracia - severo, implacável, autoritário - a chamou à razão.
Foi então que proferiu uma lição sobre «o que é a democracia e como funciona»: empunhando a metralhadora, disparou sucessivas e mortíferas rajadas de ameças sobre os professores - reservando o tiro final... para quem?, para quem?...
Claro: para «o PCP».

Presumo que, cumprida a tarefa, a cronista foi muito elogiada por quem de direito.

11 comentários:

Anónimo disse...

E depois querem-nos convencer que isto não está tudo ligado!
Para nós isto faz parte do programa pré-estabelecido, entre as m´fias reinantes.
Abraço

samuel disse...

Certamente... e a seguir, já mais aliviada da bílis, vai comprar mais umas botas da "prada" (uma sua conhecida fixação) e a bastecer-se nas lojinhas "gourmet" do El Corte Inglés (outra fixação).
É uma "croma" o mais das vezes insuportável, esta Câncio!

Crixus disse...

Então os malvados dos professores e outro que tais já estão a aborrecer a senhora? Assim sendo é melhor pararem com as manifestações e aceitarem pacatamente tudo o que o governo, legitimamente, lhes quer fazer, não vá a senhora ficar chateada ou triste, coitada!

Anónimo disse...

Agora que a Nazi Câncio está assustada é que se ia parar?!... Agora é preciso que também os outros trabalhadores avancem.

Ana Camarra disse...

Fernando Samuel

Então afinal como é?
Nós comunistas mexemos assim em tanta gente?
Ele é professores, funcionários públicos, estudantes, trabalhadores dos CTT, da Soflusa, da CP (e das outras empresas que são Cp mas a quem chamaram outras coisas), mas afinal não estamos quase extintos?!
Mortos e extintos?!
Caducos!
E mexem assim com tanta gente...estranho muito estranho!

beijos

GR disse...

Lá dizia a canção,
“Quem tem medo dos comunistas?
São os capitalistas”
Quanto à dita fascistoide, dela já ouvi chamar-lhe de tudo (então aqui no Norte), jornalista é que não!

GR

Maria disse...

Naturalmente. E recebe a (merecida) recompensa...
Se este blogue não me merecesse o máximo respeito, acrescentaria que ela, esta, a FC, está bem "engalanada", cabeçalmente falando, para o Natal... estilo rena... (diz quem parace que sabe!)

Um beijo grande

Anónimo disse...

Esqueceu-se que o PCP tem coleta à prova dessas balas!

Hilário disse...

Fernando,
Somos um granda Partido, estamos em todo lado, quer dizer estamos sempre com as lutas que são justas.

Quanto á senhora é mandá-la BUGIAR.

Um Abraço

AGRY disse...

A esta senhora gostaria apenas de lhe recordar (?) que não há democracia sem justiça social.
Eu sei, nós sabemos, que no conceito neo-liberal, e deformador de democracia, atende-se às liberdades formais, às liberdades que nos permitem “denunciar” que estamos famintos, desempregados e que somos governados por um bando de arrivistas sem ética e sem curriculum e que os jornalistas ao serviço desses senhores desfrutam da liberdade de insultar, diariamente, os trabalhadores deste país e permitem-se, em nome dos valores da democracia, ostracizar as forças progressistas. E basta!

Fernando Samuel disse...

poesianopopular: tudo ligadíssimo...
Um abraço.

samuel: insuportávelmente bem ataviada...
Um abraço.

crixus: a senhora vai ter muito com que se chatear..
Um abraço.

antuã: que a luta cresça e seja cada vez mais forte.
Um abraço.

Ana Camarra: mortos... mas bem vivos e cheios de força...
Um beijo.

GR: o que mais lamento nela é escrever tão mal...
Um beijo.

Maria: a «merecida recompensa«: dizes bem...
Um beijo grande.

CS: esquecimento imperdoável...
Um abraço.

Hilario: então... ela que vá bugiar...
Um abraço.

AGRY: dão todas as liberdades que não ponham em causa a sua necessidade de explorar quem trabalha e vive do seu trabalho.
Um abraço.