1941 foi um ano terrível. No mundo e em Portugal.
Nesse ano longínquo, o nazi-fascismo avançava, aparentemente imparável, no seu objectivo de conquista do mundo. O exército hitleriano invadia a URSS e o seu comandante ordenava que por cada alemão morto, fossem executados 50 a 100 comunistas; começavam os fuzilamentos em massa da população civil e em cerca de seis meses, as «unidades especiais» nazis liquidavam mais de 1 milhão de cidadãos soviéticos; em Outubro as tropas nazis chegavam às portas de Moscovo.
Apesar disso, sinais promissores começavam a surgir: em Dezembro, o avanço alemão era sustido, com a derrota frente a Moscovo...
Por cá, o fascismo exultava: emissoras nazis, instaladas em vários pontos do País com o apoio da PVDE, apoiavam as operações dos submarinos alemães; um relatório alemão falava de «nós»: «O sr. Volker informou que se conseguiu alugar a emissora portuguesa Rádio Renascença de modo a ficarem todas as emissões à nossa completa disposição»; um trust alemão, ligado a capitais norte-americanos, apoderava-se do ferro de Moncorvo; um relatório do Presidente do Comité Internacional de Auxílio aos Refugiados informava: «Vários refugiados alemães antifascistas têm desaparecido de Portugal por terem sido entregues pela polícia portuguesa à Gestapo, que os tem assassinado ou enviado para campos de concentração».
E, ainda por cá: 6 militantes comunistas eram assassinados no Tarrafal; jovens quadros comunistas, entre eles Álvaro Cunhal, levavam por diante o importante processo de reorganização do PCP - processo que era acompanhado de medidas concretas visando o reforço da actividade e da influência do Partido: em Agosto, o Avante! voltava a publicar-se (e, desde então, nunca mais interromperia a sua publicação clandestina regular até ao 25 de Abril de 1974); e a greve geral dos operários têxteis da Covilhã era ponto de partida para uma poderosa vaga de acções de massas contra a ditadura fascista...
Aqui chegados, os leitores do Cravo de Abril (os que tiveram a paciência de aqui chegar, obviamente...) perguntar-se-ão: mas a que propósito vêm estas notícias sobre o ano de 1941?
Eu explico: um post há umas semanas atrás publicado no blog as palavras são armas - excelente blog, de visita imperativa - informava sobre a edição nesse ano de 1941, em Portugal, de um curioso livro de gastronomia - «A Cosinheira das Cosinheiras» (que viria a ter dez edições).
Curioso, porque entre as muitas receitas ensinadas no referido livro, há uma cuja designação é surpreendente: «BACALHAU À COMUNISTA».
Na verdade, um prato assim chamado, divulgado em livro e aconselhado aos leitores em plena ditadura fascista - sob uma censura férrea e com perseguições ferozes aos comunistas - provocou em mim, leitor de hoje, um enorme espanto.
E foi esse espanto que me levou a rememorar alguns contecimentos ocorridos nesse ano, no mundo e em Portugal - acontecimentos ocorridos na mesma altura em que alguém escrevia e publicava um livro de receitas de cozinha do qual constava um prato chamado «Bacalhau à Comunista»...
Talvez a confirmar - isto digo eu, em jeito de conclusão - que em todas as áreas da vida nacional havia uma receita para combater - e se combatia - a ditadura fascista...
E aqui fica a receita (a do bacalhau, claro...):
«Bacalhau à Comunista - Partir um bacalhau em filetes fininhos, fazer uma massa bem fina de farinha de trigo, passar nela os filetes, um por um, fritar. Pôr num prato de ir ao forno, uma camada de filetes fritos, depois uma camada de rodas grossas de batatas cosidas e queijo parmesão; fazer molho branco e com ele cobrir o bacalhau; levar ao forno e aloirar».
Nesse ano longínquo, o nazi-fascismo avançava, aparentemente imparável, no seu objectivo de conquista do mundo. O exército hitleriano invadia a URSS e o seu comandante ordenava que por cada alemão morto, fossem executados 50 a 100 comunistas; começavam os fuzilamentos em massa da população civil e em cerca de seis meses, as «unidades especiais» nazis liquidavam mais de 1 milhão de cidadãos soviéticos; em Outubro as tropas nazis chegavam às portas de Moscovo.
Apesar disso, sinais promissores começavam a surgir: em Dezembro, o avanço alemão era sustido, com a derrota frente a Moscovo...
Por cá, o fascismo exultava: emissoras nazis, instaladas em vários pontos do País com o apoio da PVDE, apoiavam as operações dos submarinos alemães; um relatório alemão falava de «nós»: «O sr. Volker informou que se conseguiu alugar a emissora portuguesa Rádio Renascença de modo a ficarem todas as emissões à nossa completa disposição»; um trust alemão, ligado a capitais norte-americanos, apoderava-se do ferro de Moncorvo; um relatório do Presidente do Comité Internacional de Auxílio aos Refugiados informava: «Vários refugiados alemães antifascistas têm desaparecido de Portugal por terem sido entregues pela polícia portuguesa à Gestapo, que os tem assassinado ou enviado para campos de concentração».
E, ainda por cá: 6 militantes comunistas eram assassinados no Tarrafal; jovens quadros comunistas, entre eles Álvaro Cunhal, levavam por diante o importante processo de reorganização do PCP - processo que era acompanhado de medidas concretas visando o reforço da actividade e da influência do Partido: em Agosto, o Avante! voltava a publicar-se (e, desde então, nunca mais interromperia a sua publicação clandestina regular até ao 25 de Abril de 1974); e a greve geral dos operários têxteis da Covilhã era ponto de partida para uma poderosa vaga de acções de massas contra a ditadura fascista...
Aqui chegados, os leitores do Cravo de Abril (os que tiveram a paciência de aqui chegar, obviamente...) perguntar-se-ão: mas a que propósito vêm estas notícias sobre o ano de 1941?
Eu explico: um post há umas semanas atrás publicado no blog as palavras são armas - excelente blog, de visita imperativa - informava sobre a edição nesse ano de 1941, em Portugal, de um curioso livro de gastronomia - «A Cosinheira das Cosinheiras» (que viria a ter dez edições).
Curioso, porque entre as muitas receitas ensinadas no referido livro, há uma cuja designação é surpreendente: «BACALHAU À COMUNISTA».
Na verdade, um prato assim chamado, divulgado em livro e aconselhado aos leitores em plena ditadura fascista - sob uma censura férrea e com perseguições ferozes aos comunistas - provocou em mim, leitor de hoje, um enorme espanto.
E foi esse espanto que me levou a rememorar alguns contecimentos ocorridos nesse ano, no mundo e em Portugal - acontecimentos ocorridos na mesma altura em que alguém escrevia e publicava um livro de receitas de cozinha do qual constava um prato chamado «Bacalhau à Comunista»...
Talvez a confirmar - isto digo eu, em jeito de conclusão - que em todas as áreas da vida nacional havia uma receita para combater - e se combatia - a ditadura fascista...
E aqui fica a receita (a do bacalhau, claro...):
«Bacalhau à Comunista - Partir um bacalhau em filetes fininhos, fazer uma massa bem fina de farinha de trigo, passar nela os filetes, um por um, fritar. Pôr num prato de ir ao forno, uma camada de filetes fritos, depois uma camada de rodas grossas de batatas cosidas e queijo parmesão; fazer molho branco e com ele cobrir o bacalhau; levar ao forno e aloirar».
6 comentários:
Mas a minha dúvida susbsiste: "à comunista" porquê? É que aquela parte de ir ao forno podia levar alguns a ter ideias...
Já tinha descoberto esta receita no mesmo blogue... só que não a experimentei, ainda.
E escrevo este comentário ao mesmo tempo que vejo na TV a notícia detalhada sobre mais um ataque de Israel a Gaza. Um massacre, pois.
Será que vamos ter disto até dia 20 (já que um apoia)? E depois do dia 20, como será?
Neste final de ano e início de outro parece que as LUTAS se agudizam...
Um beijo grande
Vou experimentar, quando o fizer digo se o meu palato gostou!
A receita, assim à vista "desalmada", parece provar que os tais comunistas, afinal, tinham uma dieta variada...
A censura esquecia-se dos livros de gastronomia.
Aristides: olha que és capaz de ter razão...
Um abraço.
Maria: depois do dia 20 (e até sabe-se lá quando) vai continuar a ser assim...
Um beijo grande.
Ana Camarra: quando experimentares diz alguma coisa...
Um beijo.
samuel: do fiel amigo ao... nada...
Um abraço.
Antuã: talvez fosse isso...
Um abraço.
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