POEMA

O DILÚVIO


Suicidou-se o João!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.
Assaltaram o meu banco!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.
Uma bomba na rua!
Não se rale, senhora,
As vezes acontece.
O meu filho é um estróina!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.
O mundo está doido!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.

Acontece isso e mais,
e mais e ainda mais.
E ainda aconteceu pouco.
Não se pode ser sempre igual
desde o berço até morrer.
E cansamo-nos, senhora,
de comer sempre do mesmo.
E de comprar o jornal
e de dormir na mesma cama.
E sentimo-nos humilhados
quando, ao fazer a barba,
nos contam histórias de fadas.
E então acaba tudo
com isso que me conta agora:
suicídios, assaltos, bombas,
loucuras e...
e mais, senhora, e mais.
Mas você disso nada sabe.
Não é nova e tem muita massa.


Ovidi Montllor
(In Antologia da Novíssima Poesia Catalã)

7 comentários:

samuel disse...

É... ser novo (no espírito) e ter pouca massa tem algumas vantagens. Não serão muitas... mas são grandes! :-)

Anónimo disse...

Não conhecia, boa escolha.
Abraço

Anónimo disse...

O valor das palavras está:- no valor de quem as pronuncia!
Abraço

Ana Camarra disse...

Muito boa escolha!

Beijos

Ana Camarra disse...

Muito boa escolha!

Beijos

Justine disse...

Curioso este poema, FS.Ainda não sei dizer se gostei...vou ler mais:))

Maria disse...

Pois, o óbvio....
Não conhecia, mas conheço pouco este autor.

Um beijo grande