MAS...

Fazendo o balanço à evolução da postura dos EUA face à situação no Egipto, constata-se que:

primeiro, reafirmaram o seu apoio ao regime de Mubarak - era esse, então, o caminho para manter tudo como está há 30 anos;
depois, quando as manifestações de massas atingiram maior dimensão e o regime tremeu, correram a dizer que era necessário mudar, mas que a «transição» tinha que ser «democrática e pacífica» - para manter tudo como está há 30 anos;
na fase seguinte, quando dois milhões de egípcios encheram as ruas das principais cidades do país, exigiram «a transição, agora», e avisaram, severos: «agora, quer dizer: agora» - para manter tudo como está há 30 anos;
entretanto, foram manobrando como só eles sabem, puxando todos os cordelinhos necessários para que «a transição», quando chegar, permita manter tudo como está há 30 anos;
ontem, vieram dizer que «em vez da saída imediata de Mubarak, preferem uma transição gradual». Porque, dizem, «se ele saísse agora, não haveria tempo para organizar eleições credíveis». Assim, declaram o seu apoio ao Mubarak, ao Suleiman, enfim a todos os que estão em condições de assegurar «eleições credíveis»... - para manter tudo como está há 30 anos.

Mas, como se fartaram de garantir, nada de ingerências nos problemas internos do Egipto...
Ontem mesmo, Hillary Clinton, em tom sério, explicava: «não devemos dizer aos egípcios: «queremos que façam isto».
Isso nunca! Era o que faltava!
E, sempre sem se rir, a Clinton explicou: «O que dizemos aos egípcios é: " é isto que queremos ver feito no fim do processo"».
A diferença entre o que «não devemos dizer» e «o que dizemos» é substancial, como se vê...
E é nessa diferença que reside o segredo para manter tudo como está há 30 anos.

Entretanto, «a Praça Tahrir continua ocupada por milhares de pessoas».
Dado crucial, esse, na medida em que é no prosseguimento da luta das massas populares que reside o outro segredo: o da mudança de facto...
Objectivo difícil, muito difícil, de alcançar. Mas...

9 comentários:

samuel disse...

A falta de vergonha do império não conhece limites...

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Que subtil é a Hillary Clinton!!! Mas...o Povo continua na Praça.

Um beijo.

svasconcelos disse...

Que raiva! Mas que diabo têm estes EUA de se meter sempre em casa alheia??!! Que opinião credível têm estes tipos? Que direito têm de interferir no que não lhes diz respeito?! Irra! Gananciosos, controleiros, manipuladores, interesseiros...!! Tão estúpidos que tomam o resto do mundo por estúpidos também.
Que o povo egípcio os ensine!

Um beijo,

Anónimo disse...

Onde estiver um governante dos EUA, seja ele escurinho ou não, está um criminoso hediondo.

Antuã

Eduardo Miguel Pereira disse...

Essa boca da Hillary Clinton, só fica a perder para a boca da Monica Lewinsky !

Anónimo disse...

Algumas notas para juntar ao texto do "Cravo de Abril". O primeiro-ministro de Israel mandou o seu ministro da defesa, Ehud Barak, para discutir com os representantes em Washington o fim da ajuda americana ao actual presidente egípcio. Omar Suleiman, o vice-presidente, já é conhecido por ser pró-israelita. Isto poderá servir no futuro, tendo em conta que o Egito faz fronteira com uma parte de Gaza.
O maior problema para Israel é o partido da irmandade muçulmana que procura mudar a situação política no Egipto. Esta situação relembra umas eleições na Palestina, em que após a vitória do Hamas, ocorreu uma batalha em Gaza, vencida pelo Hamas contra a Fatah (em Junho de 2007). Quando todos julgavam que a Fatah ganharia (alguns destes elementos eram ajudados por Israel, como Mohammed Dahlan), o Hamas apareceu vitorioso, modificando o cenário político na região.
Esta situação no Médio Oriente é complexa. Deve ser analisada com cuidado. Não, com aquela ligeireza que vimos ontem no programa "Prós e Contras", onde quatro autênticos pavões e inúteis idiotas trataram deste problema de um modo piegas e paternalista.

(Eduardo)

Fernando Samuel disse...

samuel: tal como a dos que o apoiam...
Um abraço

Graciete Rietsch: e ontem fizeram a maior de todas as manifestações...
Um beijo.

svasconcelos: eles agem donos e polícias do mundo.
Um beijo.

Antuã: é capaz de haver uma ou outra raríssima excepção...
Um abraço.

Eduardo Miguel Pereira: bom...
Um abraço.

Eduardo: é, de facto, uma situação complexa e cuja análise exige ponderação.
Obrigado pelas achegas.
Um abraço.

Maria disse...

Sempre os mesmos a fazerem sempre o mesmo...

Um beijo grande.

Fernando Samuel disse...

Maria: é só o que sabem fazer...

Um beijo grande.