Talvez com mais rigor: os versos da canção dos Deolinda ganharam asas.
Certamente porque milhares e milhares de jovens se identificaram com os versos, sentiram que «aquilo» lhes dizia respeito, que eram eles os protagonistas daquela história contada/cantada em jeito de canção de intervenção...
Eles: a tal «geração dos sub-30» - geração sem direitos, geração do desemprego ou do emprego precário e precaríssimo, e «sem remuneração»;
geração sem horizontes, «porque isto está mal e vai continuar»;
geração sem casa, própria ou alugada, adiando «filhos, marido», valendo-se da «casinha dos pais» e conformada: «pra quê querer mais?»;
geração formatada pela ideologia das inevitabilidades e do não-vale-a-pena: «vou queixar-me para quê?» - se a TV mostra todos os dias que «há alguém bem pior do que eu»...;
geração que, sendo o que é porque assim a fizeram ser, talvez seja capaz de, um dia destes, dizer de si própria: «que parva que eu sou!»...
Que o mesmo é dizer - propõem, incisivos, os Deolinda - «e parva não sou!», porque «eu já não posso mais/que esta situação dura há tempo demais»...
E é tempo de lhe pôr termo, não é verdade?
Então, vamos a isso.
«Verso a verso, fomos sentindo o público a apropriar-se da canção e a tomá-la como sua»: dizem os Deolinda, comentando a reacção unânime das pessoas à primeira audição da canção.
Que se apropriem dela plenamente, é o que o Cravo de Abril deseja, que a tomem, de facto, como sua: que a cantem num coro imenso de exigência imperativa dos direitos a que têm direito.
16 comentários:
É uma nova geração que canta alertando não só os jovens como a população em geral.
Gosto das letras da Deolinda e naturalmente das suas canções.
BJ
GR
Há quem lhes chame a geração dos nem/nem com todas as vicissitudes expostas aqui.
Vitor sarilhos
Do que eu reparo em meu redor, [provincia litoral centro/norte]os jovens estão na fotografia desta cantiga dos Deolinda.É preciso ajudá-los a sair da moldura e ganhar consciencia da sua força,unidos e em movimento!
Abraço
Para que a discussão tivesse algum sentido, seria bom que alguem conseguisse situar politicamente
"Os Deolinda".
Caso contrario podemos estar a discutir uma qualquer manifestação de moda. Moda que como se sabe, é mastigar e deitar fora.
Mesmo assim e como já disse por ai, continuo a desejar que a cantiga desperte consciencias.
As revoluções fazem-se,sempre,a cantar.
Um abraço,
mário
Para além da Ana Bacalhau ter uma excelente voz e teatralmente bem dotada para interpretação do género, faz parte da juventude com massa cinzenta,ela mais o marido que faz parte do grupo.
È outra geração a despontar com mais qualquer coisa a dizer socialmente ,a vida segue o rumo .
Abraço.
As notícias sobre a morte da canção de intervenção foram bastante exageradas!
Abraço.
Também gosto das letras das cações dos Deolinda.
Bom fim de semana.
Um abraço.
A letra e a música é do guitarrista deles o Pedro da Silva Martins. Ele é o tipo inspirado atráz da banda e que faz todas as canções e letras. Já conhecia o trabalho dele de outra banda que tinha e que era também muito bom. Politicamente não sei onde se situam, só sei é que Socialmente estão lá... e isso é o que mais importa! Venham mais canções, Deolinda para que as cantemos em coro!
Bolota: a Ana Bacalhau apoia a CDU. Ou pelo menos já apoiou nas últimas legislativas.
Um abraço,
João Galamba
Ontem como hoje, a música (em especial a de intervenção) pode e dever ser uma das formas de fazer acordar as mentes adormecidas.
Que parvos nós somos!!!!!!
Mas a canção é especialmente dirigida à juventude com muitos ou poucos estudos, de uma maneira geral à juventude que procura trabalho ou à que não tem qulquer tipo de segurança e estabilidade.
É preciso continuar a luta e canções como esta podem fazer com muitos jovens despertem.
Um beijo.
Galamba,
Obrigado pela informação.
Quando quase todos os post falam em intervenção e bem, intervenção também é isso, o assumir a nossa postura política sem medo, situação que nem sempre é clara no mundo comunista. Dizer-se comunista hoje, ainda tem alguma coisa de criminoso…apesar dos 30 e muitos anos de democracia. Façam-no fora do meio amigo/familiar depois analisem as reacções.
A dúvida que fui colocando aqui sobre “Os Deolinda” não é por acaso. Os mais novos nem tanto mas os mais usados por certo se recordarão.
Quem se lembra dos “Heróis do Mar” agrupamento todo p´ra frentex por volta dos anos 80 que afinal se vieram a revelar meninos dos papás da direita arruaceira???
Há imensa música de intervenção em Portugal, são é de um género que não é tão ouvido por tanta gente, hip-hop de intervenção, com letras de bem maior apelo à luta e revolta do que esta, apesar de achar que esta está muito boa. Agora a pergunta que faço é quem os contacta, aos músicos, parece que é compartimento estanque e que só alguns privilegiados os podem contactar para nos apoiarem, e por vezes esquecemo-nos que todos o devemos fazer, se bem que por vezes esses contactos bem sucedidos sejam desaproveitados.
Há muitos anos que uma canção 'deste tipo' não era tão bem agarrada por tanta gente. Depois dos concertos a blogosfera ficou inundada dos Deolinda, a canta isto. É bom sinal...
Um beijo grande.
Ora então se gostaram dessa o que dirão desta, do Martim que se tornou mais conhecido agora por ter entrado nos ídolos da SIC, excelente esta música http://www.youtube.com/watch?v=cjCcgBqvCUg
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