O REGINO
O Regino era um homem sem trabalho;
de tanto padecer fez-se mendigo
e levava já de ofício vinte anos.
De cór sabia o bater das portas,
os degraus das catedrais
e as pedras de todos os caminhos;
polia com as costas as esquinas,
aquecia ao sol suas sardinhas.
Tinha calos de pedir esmola,
a mão curtida pelos ventos
e uma ferida no centro da palma
por onde já caíam as moedas.
Fora seu ofício o de mineiro
porém tossia quando ia à mina
e o médico aconselhou «mudança de ares»;
mendiga desde então
pelas aldeias da serra.
Glória Fuertes
10 comentários:
Haverá aldeias na serra em número suficiente?
Talvez seja melhor mudar... os ares!
CRUZ
A cruz.
(Ponto final
do caminho.)
Olha-se na acéquia.
(Reticências.)
Federico Garcia Lorca
CRUZ
A cruz.
(Ponto final
do caminho.)
Olha-se na acéquia.
(Reticências.)
Federico Garcia Lorca
É, mudar de ares... as aldeias podem ter ares diferentes, diria um qualquer ministro da saúde...
Um beijo.
Pois mudou de ares...
Impressionante!
Aqui no Barreiro também existiam centenas de trabalhadores com saturnismo, era mania associar isso á fábrica...
beijos
Duro, duríssimo e comovente, este poema de uma poetisa que não conheço.
Vamos ter mais??
Uma vida dura... Uma vida, entre tantas outras...
Abraços
Conheço a Glória Fuertes como, escritora de literatura infantil.
Este poema é muito forte, bastante comovente.
GR
mudar para aldeias e vilas onde já não há médicos. Morrem mais depressa e portanto o poder do Capital não gastará dinheiro em reformas mesmo que miseráveis.
samuel: mudar os, em vez de mudar de...
Um abraço.
maria teresa: Lorca sabia tudo...
Obrigado.
Maria: os ministros é que deviam mudar de ares...
Um beijo grande.
Ana Camarra: é assim em todo o lado onde há capitalismo...
Um beijo.
justine: a teu pedido...
Um beijo.
Ludo Rex: uma vida exemplar... do sistema...
Um abraço.
gr: olá gr!
Um beijo grande.
Antuã: o Capital pensa em tudo...
Um abraço.
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