FESTEJEMOS, IRMÃOS! ALELUIA!

Estamos, então, perante promissoras perspectivas de futuro.
Certamente as mais promissoras de sempre ao longo da história da humanidade.
É isso, no mínimo, que podemos deduzir quer das apreciações da generalidade dos média nacionais e internacionais à eleição de Obama, quer das opiniões expendidas sobre o mesmo tema por relevantes figuras políticas de todo o planeta.

«Momento histórico»; «Vitória da mudança»; «A América e o mundo vão mudar»; «O mundo já começou a mudar» «O triunfo do Sonho Americano»: declarações e títulos como estes têm sido, desde ontem, o pão nosso de todas as horas.
É claro que as «mudanças» apregoadas são, não apenas de carácter positivo, mas upa-upa: tantas e tamanhas são as bem-aventuranças anunciadas que, na realidade, tudo indica estarmos perante a tão ansiosamente esperada Boa-Nova.

O próprio Obama, no seu discurso da vitória, proclamou: «A mudança chegou à América».
E, se me permitem, aproveito para sublinhar que - dizendo o que disse e como disse - o novo Presidente norte-americano perdeu uma excelente oportunidade de iniciar a «mudança» passando desde logo a chamar «Estados Unidos da América» àquilo a que todos os seus antepassados, em linguagem de donos de tudo, chamam «América»...
Mas, pronto, um homem não se pode lembrar de tudo... e como se sabe, os EUA, fazendo uso daquele seu hábito expansionista que têm desde pequeninos, sempre viram o continente americano como coisa sua e só sua...
Aliás, são muitos e vêm de longe os hábitos dos EUA nestas matérias: foi talvez usando outro desses hábitos antigos que Obama designou o seu país como «Terra dos livres e lar dos bravos», certamente a pensar na história do que estes «livres» e «bravos» fizeram desde Hiroshima ao continente americano, passando pelo Iraque e pelo Afeganistão - sempre no cumprimento de um muito específico «sonho americano» que é pesadelo de milhões de pessoas.

Logo a seguir, Obama, marcando o tempo da «mudança», explicou: «Não chegaremos lá num ano ou, talvez, num mandato. Mas, prometo, chegaremos».
E ao ler esta explicação - plena de sabor pós-vitória eleitoral ... - não pude deixar de perguntar-me: mas onde é que eu já ouvi isto?

11 comentários:

samuel disse...

Não é que eu pensasse estar... mas é sempre muito bom confirmar que não se está sozinho... :)

Abraço

Anónimo disse...

Apesar de ter um tom de pele diferente, ele é um homem do sistema. E disse que quer concentrar topas no Afeganistão em vez de no Iraque. Com esta para mim está quase tudo dito. É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma…
Abraço

João Filipe Rodrigues disse...

Estão todos a ser tão severos contra este acontecimento!?!
Eu acredito que eles SÃO CAPAZES de fazer a mudança de continuar a dominar o mundo.

Abraço

Anónimo disse...

Se não forem os povos a mudar o mundo, bem pudemos esperar sentados...

Ana Camarra disse...

Eu Juro que gostava de partilhar do optimismo mundial.
Adorava estar confiante que o facto de ter um tom de pele diferente é o suficiente.
Adorava daqui a um ano estar a escrever que estava enganada que sim Obama virou tudo ao contrário e que o mundo estará em paz e melhor.

beijos

Anónimo disse...

Eu já desconfiava de tanta festa da média do capital!...

Maria disse...

Ele sempre disse "o sonho americano", não "o sonho de quem vive dos EUA"...
Enfim, nós até já estamos habituados a tanta "ignorância"...
Para já, podia levantar o embargo a Cuba, não era?
E sair de Guantánamo, certo?
Ai de quem ainda acredita no pai natal...

Um beijo grande

Hilário disse...

Fernando,

Volto a repetir o que disse há dias.

Os milhões de dólares investidos na campanha eleitoral do Obama pelos grandes milionários não foi para mudar o tipo de jogo.

Não se iludam meus amigos!

O jogo vai ser o mesmo o que muda são as peças!

Um Abraço

Antonio Lains Galamba disse...

lá como cá... palavras palavras e só palavras. bolinhas de sabão e o sonho prometido (que, no meu ver, nem foi o caso) para as calendas!

Anónimo disse...

IL GATTOPARDO:
Tancredi decidiu combater ao lado das tropas de Garibaldi e comunica-o a Don Fabrizio. Uma das frases que lhe diz é:
“Se vogliamo che tutto rimanga com’è, bisogna che tutto cambi”
Ver:
http://www.youtube.com/watch?v=g0TYZmFcuFU
Esta é a frase exacta que tem uma força literária que as traduções habitualmente não contemplam.
Repare-se que as coisas mudarem é o normal da vida. Algo mudaria mesmo que, por exemplo, McCain fosse eleito.
A palavra "tutto" repetida é a chave para se entender o sentido da frase.
Os EUA perceberam que algo de dramático tinha que acontecer "para que tudo ficasse na mesma".

Fernando Samuel disse...

samuel: ó se é!...
Um abraço.

ludo rex: claro: se não fosse um homem do sistema não teria a menor possibilidade de ser eleito presidente.
Um abraço.

joão filipe rodrigues: essa é a «mudança» que vai haver...
Abração.

salvo conduto: verdade incontestável.
Um abraço.

ana camarra: só quem o aplaude hoje é que não gostaria nada de te ouvir dizer, daqui por um ano, que estavas enganada...
Um beijo.

antuã: os média louvam quem os patróes mandam...
Um abraço.

maria: por exemplo!... e sair do Iraque, e do Afeganistão, e ... de todos os países que os EUA, de uma forma ou de outra, ocupam...
Um beijo grande.

hilário: basta pensar em donde é que vieram esses milhões de dólares...
Um abraço.

antónio lains galamba: lá como cá, pois claro.
Abração.

jorge: muitíssimo pertinente.
Um abraço.