POEMA

VIAGEM


Aparelhei o barco da ilusão
e reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
o mar...

(Só nos é concedida
esta vida
que temos;
E é nela que é preciso
procurar
o velho paraíso
que perdemos).

Prestes, larguei a vela
e disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
a revolta imensidão
transforma dia a dia a embarcação
numa errante e alada sepultura...
mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
o que importa é partir, não é chegar.


Miguel Torga

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Mas havemos de chegar.

Um beijo.

Maria disse...

Nada chegada seremos todos!

Um beijo grande.

samuel disse...

Já partimos... e isso é bom!

Abraço.