POEMA

MENINO POVO


O meu Menino Povo de olhos resplandecentes
mora
na choça negra de terra e colmo
a meio da floresta,
entre a fome
e a noite.
E a sua mãe pobre
nada mais tem para lhe dar
que dois grandes seios.
Agora
o piar das aves agoirentas enche a noite
e o Menino treme
de pavor.
Lá fora uivam as alcateias
e a floresta range diabolicamente.
Parece que a noite
será sempre noite...
Ai se assim fosse!
Mas eu que venho de longe
e sou a clara esperança
trago comigo o canto das calhandras
na alvorada,
e juro ao meu Menino Povo de olhos resplandecentes
que a manhã não tarda,
ela aí vem a caminho por todos os caminhos do mundo,
é breve Dia.


Papiniano Carlos

5 comentários:

Mar Arável disse...

Boa memória

Abraço

samuel disse...

Não fosse essa confiança...

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

"A aurora é lenta,mas avança"
Nicholas Guilen( estará bem escrito?)

Um beijo.

Ansomilo disse...

Há 50 anos, trabalhava eu na SEN(Sociedade Editora Norte), cujo "negócio" era a venda de livros aos seus sócios, antifacistas que combatiam o regime, por isso foi alvo da pide que a encerrou, após uma sessão em que reuniu a comemorar algo, que não me recordo, e entre as figuras ilustres, que conheci na altura, destaco Papiniano Carlos, Vergínia Moura, Santos Silva, José Silva, etc.. Por saber que ainda vive, aqui manifesto a minha homenagem e lembrar que só HOMENS como ele são dignos de respeito.

Maria disse...

A manhã não tarda...
uma outra manhã, uma outra madrugada!

Um beijo grande.