Mário Soares vai publicar mais um livro.
A Coisa chama-se «Um político assume-se» e será posta à venda daqui por dez dias.
No entanto, entendeu o Diário de Notícias brindar os seus leitores com 4 - páginas - 4 de publicidade à Coisa - páginas repletas de transcrições da Coisa e de comentários à Coisa, produzidos pelo jornalista João Céu e Silva, o qual, enlevado com o «fabuloso» texto, se entrega aos ditirambos da ordem.
Pelas transcrições feitas, fica-se com uma ideia do que é a Coisa - do mesmo modo que, como é costume dizer-se, pelo andar da carruagem se vê quem vai lá dentro...
Por hoje, detenho-me apenas nesta afirmação de Soares, citada pelo jornalista:
«Portugal viveu desde a Revolução dos Cravos 35 anos de democracia pacificamente» - e explica o jornalista que, para Soares, «os anos do PREC não contam para a democracia».
Certamente porque não foram anos nem pacíficos nem democráticos, digo eu...
Mas vamos por partes: pacíficos, de facto, não foram, como Soares sabe melhor do que ninguém, ó se sabe!, ele que foi o chefe local da contra-revolução - já que os chefes supremos estavam lá fora e limitavam-se a enviar para Soares os dólares, os marcos, os francos, as libras, as coroas, indispensáveis à desestabilização do País...
Todos estamos lembrados da intensa campanha de mentiras, de falsificações, de calúnias postas a correr, aqui e no estrangeiro, espalhando uma imagem de desordens, de terror, de ataques à democracia, de «sangue nas ruas»... - e Soares, o mais completo de todos os mentirosos, falsificadores, caluniadores, sabe disso melhor do que ninguém.
Todos estamos lembrados do terrorismo bombista: sedes do PCP e de sindicatos assaltadas, incendiadas, militantes comunistas assassinados - e Soares sabe disso melhor do que ninguém.
Portanto, tem razão Soares quando diz que os anos do PREC não foram pacíficos - faltando-lhe apenas dizer o essencial: que foi ele o principal responsável por isso.
Já quanto a não existir democracia nesses anos do PREC, nada mais falso, como Soares muito bem sabe: esse foi, na realidade, o tempo em que a democracia - política, económica, social, cultural e amplamente participada - atingiu a sua expressão máxima em toda a história do nosso País.
Mas percebe-se que Soares não tenha gostado do que viu: os dólares, os marcos, os francos, as libras, as coroas, toldavam-lhe a visão: a democraCIA dele era outra... como se viu, logo que tomou posse o primeiro governo por ele presidido e desencadeou a mais brutal e feroz ofensiva contra tudo o que, de positivo, de progressista, de moderno, a Revolução de Abril tinha trazido a Portugal.
Sem olhar a meios, a «democracia pacífica» de Soares - ao mesmo tempo que entregava o poder ao grande capital que havia sido sustentáculo do fascismo e agravava brutalmente as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e do povo - exibia a sua natureza avançando contra a Reforma Agrária e, «pacificamente» e «democraticamente» dava início a um processo que, durante 14 anos, viria a pôr novamente o Alentejo a ferro e fogo, reprimindo, prendendo, espancando, julgando e condenando em julgamentos sumários milhares de trabalhadores - assassinando, como nos casos de Caravela e Casquinha.
Mas sempre, insista-se, «pacificamente» e «democraticamente».
Portanto, ao gosto e ao jeito de Soares e da contra-revolução de que ele foi, no plano nacional, o expoente máximo.
Sem olhar a meios, a «democracia pacífica» de Soares - ao mesmo tempo que entregava o poder ao grande capital que havia sido sustentáculo do fascismo e agravava brutalmente as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e do povo - exibia a sua natureza avançando contra a Reforma Agrária e, «pacificamente» e «democraticamente» dava início a um processo que, durante 14 anos, viria a pôr novamente o Alentejo a ferro e fogo, reprimindo, prendendo, espancando, julgando e condenando em julgamentos sumários milhares de trabalhadores - assassinando, como nos casos de Caravela e Casquinha.
Mas sempre, insista-se, «pacificamente» e «democraticamente».
Portanto, ao gosto e ao jeito de Soares e da contra-revolução de que ele foi, no plano nacional, o expoente máximo.
8 comentários:
Algem se lembra desta frase"A REVOLUÇÃO ACABOU...AGORA VAMOS TODOS TRABALHAR"
Exactamente - foi esse ser despresivel, coveiro,da nossa democracia traidor,pessonhento...berrrrrrrrr.
Acabei de deixar um comentário no Cantigueiro do Samuel que se adaptava aqui como uma luva.
Resumindo, e para não me repetir, os tempos do PREC tiveram de facto o lado positivo que referes, mas cometeu-se aí o mais crasso erro da nossa democracia
Deixámos do lado de fora das grades aqueles que actuaram contra a constituição entretanto aprovada e que proibia o fascismo.
Tivessem eles todos, sem excepção, sido julgados e condenados por esse crime, e outro Portugal teríamos hoje.
Para quem ainda não leu, é de ler "Rogue State, A Guide to the World's Only Superpower" de William Blum.
A propósito de Portugal, diz este autor, no capítulo denominado "A Concise History of US Global Interventions":
«Portugal, 1974-76
A bloodless military coup in 1974 brought down the US-supported 48-year fascist regime that was the world's only remaining colonial power. This was followed by a program centered on nationalization of major industries, workers control, a minimum wage, land reformm, and other progressive measures. Washington and multinational officials who were on the board of directors of the planet were concerned. Destabilization became the order of the day: covert actions; attacks in the US press; subverting trade unions; subsidizing opposition media; economic sabotage through international credit and commerce; heavy financing of selected candidates in elections; a US cut-off of Portugal from certain military and nuclear information commonly available to NATO members; NATO naval and air exercises off the Portuguese coast, with 19 NATO warships moored in Lisbon's harbor, regarded by most Portuguese as an attempt to intimidate the provisional government. The Portuguese revolution was doomed. The CIA-financed candidates took and retained power for years.»
Resta dizer que nesta lista de candidatos financiados pela CIA, estava o autor do livro "Um político assume-se", Mário Soares.
Ele há coisas!...
O texto que tenho para publicar daqui a pouco... parece combinado. :-)
Abraço.
Quando a coisa está a dar para o torto aparece a promoção ao coisO, referência da esquerda democrática e do socialismo de máscara humana. Uma espécie de vinho a martelo.
Mário Soares, o livro e os seguidores, são mesmo coisa má.
Nenhum deles poderá ter lugar num Portugal que há-de nascer da luta dos que defendem realmente a democracia, a liberdade e a Paz.
Um beijo.
O filho de p...ai(nunca fala da mae,pois tem vergonha dela)tem um percurso político cheio de traiçoes.Nao gosto de fascistas,mas ainda gosto menos de traidores.
.Quando a história for devidamente escrita,o filho de p...ai aparecerá como traidor,com toda a certeza.
Porque será que me veio à memória a cena da 'inventona dos pregos' do Angelo Correia...
Juro que não compro este livro!
Um beijo grande.
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