Diz-nos, de Denver, a reportagem do Público que o «sonho» de Marthin Luther King «tornou-se finalmente realidade».
Também de Denver, garante-nos a inevitável Ana Gomes que «o sonho está a cumprir-se». Não sei se de Denver se de Lisboa, o DN confirma que «Obama vive sonho de Luther King» - e o mesmo, mais palavra menos palavra, hão-de dizer todos os média dominantes do planeta.
Não foi por acaso que a nomeação, pela Convenção do Partido Democrata, de Barack Obama para candidato à presidência, ocorreu na véspera do 45º aniversário da gigantesca marcha pelos direitos civis que culminou com o célebre discurso I have a dream proferido por Luther King - «sonho» que era, entre outras coisas, o do fim da segregação racial nos EUA.
Concluindo como concluem, os média querem que concluamos com eles que, com a nomeação do «afro-americano» Obama, está o sonho de Luther King cumprido, ou seja, a segregação racial nos EUA acabou - e sobre isso, basta apenas olhar para o que nos dizem os dados sobre o lugar ocupado pelos negros norte-americanos, por exemplo, em matéria de desemprego, de pobreza, de população prisional...
Outra componente desta colossal operação propagandística - realçada pelos mesmos média - é a que focaliza nos objectivos de «reconstruir o sonho americano e restaurar a liderança americana no mundo» as «duas questões fundamentais da próxima eleição».
Sublinhe-se que este «sonho americano» (de que é parte integrante o «sonho» de «liderança americana no mundo») nada tem a ver com o sonho do I have a dream - e também sobre isso basta apenas lembrar que Luther King viria a ser assassinado por acrisolados defensores do sonho americano e da liderança no mundo...
E quanto à tão anunciada e louvada «mudança» prometida por Obama, o «estratega principal» do candidato diz-nos que o discurso que este irá proferir (já proferiu) na Convenção «é inspirado nos de John Kennedy em 1960, de Ronald Reagan em 1980 e de Bill Clinton em 1992».
Está tudo dito: com tais inspirações, fica claro que a «mudança» consiste no velho sonho americano de liderar o mundo - isto é, de o dominar, explorar e oprimir.
Entretanto, enquanto, lá dentro, a Convenção confirmava Obama como candidato, no exterior ocorriam manifestações de protestos vários e uma «marcha em defesa dos Direitos Humanos, de solidariedade com os prisioneiros políticos detidos nos cárceres norte-americanos, contra a ocupação do Iraque e do Afeganistão e pelo imediato regresso das tropas dos EUA».
A polícia reprimiu estas manifestações. Como lhe competia.
Ou não fosse a liderança do mundo a menina dos olhos do sonho americano - que há que defender mesmo que, para isso, seja necessário... tudo o que for necessário...
Também de Denver, garante-nos a inevitável Ana Gomes que «o sonho está a cumprir-se». Não sei se de Denver se de Lisboa, o DN confirma que «Obama vive sonho de Luther King» - e o mesmo, mais palavra menos palavra, hão-de dizer todos os média dominantes do planeta.
Não foi por acaso que a nomeação, pela Convenção do Partido Democrata, de Barack Obama para candidato à presidência, ocorreu na véspera do 45º aniversário da gigantesca marcha pelos direitos civis que culminou com o célebre discurso I have a dream proferido por Luther King - «sonho» que era, entre outras coisas, o do fim da segregação racial nos EUA.
Concluindo como concluem, os média querem que concluamos com eles que, com a nomeação do «afro-americano» Obama, está o sonho de Luther King cumprido, ou seja, a segregação racial nos EUA acabou - e sobre isso, basta apenas olhar para o que nos dizem os dados sobre o lugar ocupado pelos negros norte-americanos, por exemplo, em matéria de desemprego, de pobreza, de população prisional...
Outra componente desta colossal operação propagandística - realçada pelos mesmos média - é a que focaliza nos objectivos de «reconstruir o sonho americano e restaurar a liderança americana no mundo» as «duas questões fundamentais da próxima eleição».
Sublinhe-se que este «sonho americano» (de que é parte integrante o «sonho» de «liderança americana no mundo») nada tem a ver com o sonho do I have a dream - e também sobre isso basta apenas lembrar que Luther King viria a ser assassinado por acrisolados defensores do sonho americano e da liderança no mundo...
E quanto à tão anunciada e louvada «mudança» prometida por Obama, o «estratega principal» do candidato diz-nos que o discurso que este irá proferir (já proferiu) na Convenção «é inspirado nos de John Kennedy em 1960, de Ronald Reagan em 1980 e de Bill Clinton em 1992».
Está tudo dito: com tais inspirações, fica claro que a «mudança» consiste no velho sonho americano de liderar o mundo - isto é, de o dominar, explorar e oprimir.
Entretanto, enquanto, lá dentro, a Convenção confirmava Obama como candidato, no exterior ocorriam manifestações de protestos vários e uma «marcha em defesa dos Direitos Humanos, de solidariedade com os prisioneiros políticos detidos nos cárceres norte-americanos, contra a ocupação do Iraque e do Afeganistão e pelo imediato regresso das tropas dos EUA».
A polícia reprimiu estas manifestações. Como lhe competia.
Ou não fosse a liderança do mundo a menina dos olhos do sonho americano - que há que defender mesmo que, para isso, seja necessário... tudo o que for necessário...
10 comentários:
O Obama é uma Rice em versão masculina. O sonho ficará adiado, como é evidente. Essa do sonho de Luther King estar cumprido é uma manobra de diversão, uma treta para entreter o pagode.
um abraço
Em 2005, Uraniano Mota dizia:
"Não sei o que é mais apavorante, se o sonho ou se o pesadelo norte-americano"
Pegando nas palavras da Teresa, não sei se Obama está a viver o sonho de Luther King ou a não perceber que está, isso sim, a prolongar o pesadelo...
Muito, ou quase tudo o que King denunciava (e que lhe custou a vida) está ainda lá, para quem tiver olhos para ver... e não se resolverá com discursos sobre a liderança do mundo. Milhões de norte americanos, não querem liderar o mundo, querem sim, alimentar-se convenientemente, ter um tecto e não uma roulote manhosa ou caixa de cartão, ter cuidados de saúde, etc, etc.
Já quase toda a gente acordou do famoso "sonho americano"... menos alguns americanos.
Excertos do discurso de Martin Luther King "Beyond Vietnam - A Time to Break Silence" http://www.stanford.edu/group/King/publications/speeches/Beyond_Vietnam.pdf :
(…)
1. "A time comes when silence is betrayal." And that time has come for us (...)
(…)
2. Even when pressed by the demands of inner truth, men do not easily assume the task of opposing their government's policy, especially in time of war.
(…)
3. (…) and I knew that I could never again raise my voice against the violence of the oppressed in the ghettos without having first spoken clearly to the greatest purveyor of violence in the world today -- my own government.
(...)
4. What do they think as we test out our latest weapons on them, just as the Germans tested out new medicine and new tortures in the concentration camps of Europe?
(…)
5. Now there is little left to build on, save bitterness.
(...)
6. (...) we are met by a deep but understandable mistrust. To speak for them is to explain this lack of confidence in Western words, and especially their distrust of American intentions now.
(…)
10. Somehow this madness must cease. We must stop now.
(...)
11. I speak as one who loves America, to the leaders of our own nation: The great initiative in this war is ours; the initiative to stop it must be ours.
(…)
7. The world now demands a maturity of America that we may not be able to achieve.
(...)
8. "This way of settling differences is not just."
(…)
9. A nation that continues year after year to spend more money on military defense than on programs of social uplift is approaching spiritual death.
(…)
Para ouvir pode ser aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=KlM87dwYPjg&feature=related
***
Agora, é comparar com:
"This is a war that we have to win," [Obama] said. "I will send at least two additional combat brigades to Afghanistan, and use this commitment to seek greater contributions - with fewer restrictions from NATO allies".
ou com:
http://www.youtube.com/watch?v=ze5Dm7SuzWw
(em que Obama fala também em atacar o Paquistão...)
mais uma vez os nossos jornalistas, além de não mostrarem qualquer tipo de isenção, conseguem misturar alhos com bogalhos... obama não é, nem será nunca comparavel a Luther king!
Na minha terra nestas questões é costume dizer "tás a comparar o cu com a feira de castro".Eles têm um jeitinho para tentar rescrever a historia,onde não falta uma manita dos rosas
um abraço
QUAL SONHO QUAL CARAPUÇA!
A candidatura de Obama é a resposta a um estado de necessidade do imperialismo norte-americano. “Como noutros momentos da sua história recente, os EUA precisam de fazer de fraquezas força e mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma”
alex campos: é o golpe clássico: apropriam-se de um símbolo positivo e utilizam-no em benefício dos seus ecuros objectivos.
Um abraço.
maria teresa: sonho e pesadelo pedem meças...
Um beijo.
samuel: «o sonho americano» é um dos maiores êxitos da propaganda primária...
Um abraço.
jorge: o sonho de Obama é impedir a concretização do sonho de Luther King.
Um abraço.
julio: eles fazem todas as misturas necessárias para vender a sua mercadoria.
Um abraço.
sousa: com as rosas a re-escrita fica mais cheirosa...
Um abraço.
hilário: De acordo.
Um abraço.
O sonho americano de dominar o Mundo é uma realidade, neste momento estão a tentar desestabilizar o adversário, e amigo mais forte, que é a Europa e o euro.
A velha Europa é sabidona, viveu no bem bom no tempo da guerra fia,e tal como a América não olha a meios para atingir os fins, fazem-me lembrar " o valentão e o pequenito que o acompanha só para dizer amen, revitalizando-lhe o égo.
Percebe-se isso agora no caso da Georgia, em que a Europa não para de gaguejar!
josé manangão: a União Europeia que é uma espécie de sucursal do imperialismo norte-americano...
Um abraço.
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