Há dirigentes sindicais e há «dirigentes sindicais».
Neste caso, as aspas servem para distinguir o trigo do joio, isto é:
distinguir os sindicalistas que defendem os interesses dos trabalhadores que os seus sindicatos representam; dos que se mascaram de sindicalistas para defenderem os interesses do grande capital.
João Proença é um destes últimos: chefe da UGT - central «sindical» criada pelos partidos da política de direita com o objectivo de apoiar essa política e de quebrar a espinha à CGTP - ele comporta-se como um verdadeiro homem de mão dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros.
Exemplo disso é a sua recente atitude em relação ao Código do Trabalho. Atitude recorrente, aliás, já que a UGT tem aprovado todos os pacotes anti-laborais. (ficou, até, célebre o célebre brinde com champanhe com que todos - ugêtês, patrões e ministros - comemoraram um desses pacotes laborais)
Há dias, João Proença foi ouvido pelo Correio da Manhã.
O tema era o caso do jovem Pedro Jorge e as perguntas eram duas:
1 - se a UGT concordava com o processo disciplinar instaurado ao jovem electricista que, «no programa Prós e Contras, disse ganhar o ordenado ilíquido de 541,2 euros e não ser aumentado há vários anos»; e
2 - se «a UGT tem conhecimento de casos idênticos».
À primeira pergunta, o Proença respondeu que «achamos que é uma situação lamentável», mas... «as declarações que ele (o Pedro Jorge) fez parece não terem sido muito felizes»: «disse que não era aumentado desde 2003» e, afinal, «não o era desde 2004»; «disse também que a empresa estava em boa situação financeira, mas parece que não estava».
Ora, como estamos lembrados, foi precisamente na base destes argumentos que o patrão instaurou o processo disciplinar ao Pedro Jorge...
É caso para dizer que um administrador da empresa não teria respondido melhor - o que significa que Proença cumpriu mais uma vez, com incontestado brio, as suas funções de representante do patronato.
À segunda pergunta, o Proença respondeu que: «Não» - e acrescentou: «Às vezes, tem havido queixas daquilo que se considera perseguição pelo exercício de actividade sindical nas empresas», mas... se assim for, a «Autoridade para as Condições de Trabalho» resolverá o assunto...
É claro que não há nenhum caso de «sindicalista« da UGT perseguido - por que raio é que os patrões haviam de perseguir quem tão fielmente os serve e que por tal servidão é devidamente remunerado?
E é claro que há muitos sindicalistas da CGTP perseguidos - precisamente porque defendem os interesses dos trabalhadores
E é claro que para a tal «Autoridade» se trata de «queixas daquilo que se considera perseguição»...
9 comentários:
Pois é! Há sindicalistas "de classe". ou seja, da classe operária e dos trabalhadores, e há sindicalistas de "outra classe" ou ao serviço dela.
Um abraço
A UGT é uma central anti-sindical travestida de sindicato, que foi a melhor forma que os inimigos dos trabalhadores encontraram para sabotar a sua luta e reverter as conquistas alcançadas. Mas com todas as atitudes e declaraçãoes destes Proenças, Torres Couto e outros que tais, só se engana quem quer.
Como alguém já disse, a UGT não é uma central sindical, é um "penduricalho patronal".
Mas o chato da questão é que os "dirigentes sindicais" já nem sequer se dão ao luxo de disfarçarem.
Um abraço
O povo nem sempre acerta com os seus rifões e ditos vários... mas há um, que quase de todas as vezes que é utilizado para descrever alguém, parece um retrato em alta definição de todas as expressões faciais, corporais, de voz e no caso de Proença, até de carácter. É quando se diz de alguém que "estava com ar de vendido!"
Abraço
Depois de tantos anos de lutas sindicais e de traições da ugt os trabalhadores já deviam saber escolher o trigo do joio. Acho que não querem saber, ou não querem escolher.
Assim sendo, apetece-me dizer uma heresia: cada trabalhador tem a central que merece. Porque é uma questão de classe!
Um beijo
Nenhuma das centrais sindicais é perfeita e numa "onda" poética pois,quando entrei, ontem, pela primeira vez neste blogue, encontrei-a aqui, vou citar para ler nas entrelinhas:
" Remansos
Cipreste.
(Água estagnada)
Choupo.
(Água cristalina)
Vime.
(Água profunda)
Coração.
(Água de pupila)"
Federico García Lorca
traduzido por José Bento
zambujal: é essa a diferença...
Um abraço.
crixus: ainda é assim é necessário que alertemos...
Um abraço.
alex campos: elogiados pelos média, eles sentem-se impunes...
Um abraço.
samuel: ora bem, o «ar de vendido» corre-lhes nas veias...
Um abraço.
maria: apetecer, apetece, mas... repara na consciência que é necessário ter para rejeitar (porque é má) uma coisa que todos os dias, todos os jornais, rádios e televisões, no dizem que é boa...
Um beijo.
maria teresa: é claro que a perfeição não existe, mas existem a seridade, a dignidade, a honra - e é aí que a CGTP se distingue da UGT...
Mais uma vez, obrigado por ter vindo e por nos oferecer o Lorca - cujo aniversário do assassinato passa na próxima semana e aqui será assinalado.
Volte sempre.
Um abraço.
Como dizia jesus de Galileia "ninguém pode servir dois senhores ao mesmo tempo". proença optou pelo Senor Dinheiro.
antuã: optou pela desvergonha...
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