Olhar cabisbaixo, não de vergonha que alentejano é altivo. nada deve e o que não tem, foi-lhe roubado ao suor pela tirania de quem o mantém no limiar da fome, na profundidade absoluta da certeza. certeza de quem sabe ser de sede o sonho, as palavras proibidas balbuciadas entre dentes ao peito camarada de circunstância igual! joaquim morte certa, mestre candeias para a familiaridade das gentes da sua terra e algum forasteiro de coração atento, tem o olhar cabisbaixo vergado ao peso da simplicidade que o assalta sempre que ensina da sua arte a quem dela vai à pergunta. entre palavras que pronuncia como quem chama pelos filhos - mastros, velas, mós, - se encontra no curioso alguma pinga de ternura ou entendimento, ousa falar-lhe ao entendimento e desabafa: isto são fascistas. estamos no mesmo. isto são os fascistas, mudaram-lhe foi a coleira. e eu, estalado no espanto de tanta lucidez, saio do meu encantamento quixoteano provocado pela magia do moinho e lembro-me do que querem eles fazer à minha Festa, à nossa Festa. e no íntimo, sorriso triste no meu silêncio apavorado - até me chegar a coragem que o derrubará! - aceno-lhe a cabeça, sinto-lhe as lágrimas, olho as velas como lenços no cais militar e colonial. eles estão aí. pois estão. mas o moinho é nosso, como sempre foi a razão imemorial do nosso pão! e rebento em grinaldas nas velas uivantes. aterro na saudade da quinta da atalaia. porque, como escrevi faz uns tempos, cada vez que o fascismo aperta, o coração dos homens bons levanta-se nas bandeiras do meu Partido. Fernando Samuel, a Festa é nossa, é NOSSA! aprendi-o contigo na alegria que sempre nos invade no nosso encontro. e aprendi-o com o mestre candeias, quando reconhece a lucidez do seu sentir nas letras sangrentas com que estes tempos de fome caiam as paredes do seu moinho!
5 comentários:
que maravilha..obrigada!
'o coração dos homens bons levanta-se nas bandeiras do meu Partido'
acho qque há muito tempo não me comovia assim
O Partido existe -porque
As mulheres e os homen existem
O Partido tem vida -porque
As mulheres e os homens
Dão vida e a vida pelo Partido
O Partido -é a vontade colectiva
A nossa bandeira -é
O Partido Comunista Português
Um abraço do tamanho da amizade.
"O poema é a lavra
Parto de coração a palavra
E somos o todo repartido
Repetido
A procurar
Encontrados alguns pedaços
Buscamos a unidade
De outras vidas e laços
Mas esquecidos
Perdidos...
Sentimos a verdade
E queremos despertar."
João Sevivas
Mais um texto de arrepiar, obrigado Camarada Luis Pereira!LOL
Beijo grande Sinira
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