O Padre Vítor Melícias - Presidente da União das Misericórdias Portuguesas - deu entrevista ao Semanário.
Entrevista extensa, como não podia deixar de ser, conhecida que é a caudalosa fluência oratória do ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Recorde-se, entretanto, que este Padre Melícias é:
1) de esquerda;
e 2) franciscano.
São conhecidas a sua estreita ligação ao pio Guterres - de quem era confessor particular- e a admiração entusiática com que aplaudia a guterral (e pia) política.
É conhecida a sua fidelidade ao hábito franciscano, que faz questão de envergar em todos os momentos solenes - um hábito de tal forma adaptado aos hábitos de Melícias que faria o pobre S. Francisco corar de vergonha, já que, pelo tecido e pelo corte, as melicianas vestes parecem ser obra de um desses grandes costureiros italianos que dão cartas na moda actual e por isso se fazem pagar (bem).
Foi, então, com uma auréola de esquerda (moderna, é claro...) nimbando-lhe os alvos cabelos, e citando S. Francisco - «onde houver tristeza que eu leve a alegria» - que o Padre Melícias respondeu a perguntas do Semanário sobre misericórdia (é claro...) mas também sobre a situação no mundo e em Portugal.
Ouçamo-lo.
À pergunta: «Qual é a sua opinião sobre o Governo de José Sócrates,» o Padre começou por responder que
1) - o facto de não desejar ter, nem ter, «estatuto para fazer pronunciamentos políticos ou de incidência directa na política»;
e 2) - mais a sua «isenção e não filiação político-partidária»
- o aconselhavam a abster-se de responder à pergunta.
Contudo, não seguindo o conselho (talvez por ser de proveniência duvidosa..), lá acabou por responder...
Asim: «Devo, porém, dizer que desde os tempos da sua juventude, em que começou a trabalhar com o Eng. Guterres, tenho muito apreço pelas qualidades do agora primeiro-ministro» - e desabafou um longo e sentido lamento pelos «insidiosos golpes de baixa política» de que o primeiro-ministro tem sido alvo, «com prejuízo para ele e para o seu trabalho em favor do País», golpes esses que, proclamou ajeitando a auréola; «o estádio actual da nossa democracia já não devia admitir».
Imaginem o que seria se o Padre Melícias fizesse pronunciamentos políticos e não fosse isento político-partidariamente...
Mais adiante, à pergunta «qual a mensagem que gostaria de transmitir ao povo português?», mensajou assim :
«Coragem, minha gente, a coisa está difícil mas não está sem saída. Poupemos e trabalhemos todos. Critiquemos menos e façamos mais»...
Depois, num rebate de franciscana misericórdia, conluiu deste jeito a sua mensagem:
«E, muito importante!, sejamos atentos e solidários para com os que formos encontrando com maiores necessidades».
E lá foi. Poupar, trabalhar e dar esmolas.
Porque a política dele é o trabalho...
E misericordiar.
E mensajar.
Ah, estes padres que nos caem do céu!...
13 comentários:
Poema a propósito ou a despropósito? Aguardo o veredicto.
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Drummond de Andrade
Um verdadeiro 'evangelizador' do sistema é o que é... Bom Domingo
Graças a Deus que;os portugueses cada vez menos, ouvem estes padrecos!
Estava a ver se conseguia notar alguma diferença entre este Melícias e o Gonçalves Cerejeira, mas desisti!
...e que todos os dias escorregam um bocadinho para o inferno!
Post bem escrito! Direi mesmo, bem escrito demais!...
Estás a "atirar perolas a párocos". :)
Abraço
Às tantas, vai-se a ver, e não é do céu que eles caem.
Este é mais um que invoca o nome de Deus em vão ou não fosse este Milícias um escravo do deus dinheiro.
E lá vêm eles "mensajar" com a p... da caridadezinha...
Será que pensam que nós não pensamos, e não sabemos ler?
Excelente post!
Um beijo
... aos trambolhões...
À men... deles.
G'anda post.
Abraço
'Arbeit macht frei'. Acho que era isso que o padre Melícias queria dizer. Mas como não sabe alemão disse-o em português, à sua maneira.
maria teresa: Drummond vem sempre, sempre a propósito (curiosamente este poema - Quadrilha - já por aqui passou)
Obrigado.
ludo rex: evangelizador do sistema: bem visto!
Um abraço.
josé manangão: não desistas, camarada, pode ser que encontres...
Um abraço.
justine: o inferno a que têm direito...
Um beijo.
samuel: a gargalhada soltou-se-me grande e incontível: obrigado.
Um abraço.
alex campos: sim, são quedas muito mais terrenas...
Abraço.
antuã: mas... franciscano...
Abraço.
maria: se calhar pensam mesmo...
Um beijo.
Zambujal: abraço grande...
pedro: à sua maneira e à porta de um... jornal...
Abraço.
Poder-se-ia dizer que se trata de um frade escondido com o rabo de fóra.
rui silva
rui silva: ou que o hábito não faz o monge...
Um abraço.
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