Antes, durante e, pelos vistos, após os Jogos Olímpicos, a ideologia dominante assestou baterias na China.
O bombardeamento incidiu, essencialmente, nos «direitos humanos» - Tibete incluído, é claro...
Recorde-se, antes de mais, que o conceito de direitos humanos definido pelo actual sistema dominante não abarca os direitos ao trabalho, à alimentação, à saúde, à habitação, ao ensino, enfim, a uma vida digna.
Por uma razão simples: quem definiu esse conceito fê-lo na consideração de que a existência de exploradores e explorados é uma «inevitabilidade», decorre de uma «ordem natural das coisas», estabelecida por um poder supremo para o qual a existência de uma imensa minoria de ricos e de uma imensa maioria de pobres é a chave para a «boa harmonia» da sociedade.
Garantida essa questão para eles essencial, os fazedores do conceito estabeleceram, depois, que os direitos humanos eram as «liberdades políticas» - multipartidarismo e sufrágio universal - tratando de assegurar que essas liberdades servissem os seus interesses.
E assim têm vindo a fazer.
Aliás, com um grande pragmatismo. Por exemplo, os EUA conseguiram criar um sistema partidário que, dizendo-se multi é uni: trata-se do unipartidarismo bicéfalo, ou seja, da existência de um partido com duas cabeças, uma «democrática» outra «republicana», ambas defensoras intransigentes do sistema, mas fingindo que são oposição uma à outra e concorrendo, até, a animadas e folclóricas eleições...
Também no que respeita ao sufrágio universal, vimos recentemente, a propósito do Tratado Porreiro, pá, a forma como eles torneiam as dificuldades que ocasionalmente se lhes deparam: se há perigo de serem derrotados nas urnas, não há referendo... e não hesitam em mandar o sagrado sufrágio universal para as urtigas.
E assim, e através de uma poderosa máquina de propaganda, vão estabelecendo o seu conceito de direitos humanos - um conceito do qual são impiedosamente excluídos todos os países que recusam ser lacaios do imperialismo norte-americano.
Como é o caso, entre outros, da China.
Quero eu dizer com isto que a China é um modelo de respeito integral pelos direitos humanos?
Longe de mim, tal ideia.
Mas quero dizer, isso sim, é que a meu ver não há um único país do mundo onde os direitos humanos - nas suas dimensões política, social, humana - sejam integralmente respeitados. E que a auto-promoção dos que criticam a China a zelosos cumpridores dos direitos humanos, só pega porque tem a divulgá-la a mais poderosa máquina de propaganda que alguma vez existiu.
É também minha opinião que num mundo em que o capitalismo/imperialismo - baseado na exploração, na opressão, na injustiça, na inumanidade - é o sistema dominante, não cabe o respeito pelos direitos humanos. Não cabe de todo: nem no países que combatem esse sistema (porque estão condicionados por uma permanente ofensiva visando liquidar as suas experiências) nem, obviamente, nos países do sistema que vivem e se alimentam precisamente do desrespeito pelos direitos humanos.
Por isso, a luta contra o capitalismo e pelo socialismo é o único caminho que conduzirá a uma sociedade baseada no respeito pelos direitos a que todo o ser humano, pelo simples facto de existir, tem direito.
O bombardeamento incidiu, essencialmente, nos «direitos humanos» - Tibete incluído, é claro...
Recorde-se, antes de mais, que o conceito de direitos humanos definido pelo actual sistema dominante não abarca os direitos ao trabalho, à alimentação, à saúde, à habitação, ao ensino, enfim, a uma vida digna.
Por uma razão simples: quem definiu esse conceito fê-lo na consideração de que a existência de exploradores e explorados é uma «inevitabilidade», decorre de uma «ordem natural das coisas», estabelecida por um poder supremo para o qual a existência de uma imensa minoria de ricos e de uma imensa maioria de pobres é a chave para a «boa harmonia» da sociedade.
Garantida essa questão para eles essencial, os fazedores do conceito estabeleceram, depois, que os direitos humanos eram as «liberdades políticas» - multipartidarismo e sufrágio universal - tratando de assegurar que essas liberdades servissem os seus interesses.
E assim têm vindo a fazer.
Aliás, com um grande pragmatismo. Por exemplo, os EUA conseguiram criar um sistema partidário que, dizendo-se multi é uni: trata-se do unipartidarismo bicéfalo, ou seja, da existência de um partido com duas cabeças, uma «democrática» outra «republicana», ambas defensoras intransigentes do sistema, mas fingindo que são oposição uma à outra e concorrendo, até, a animadas e folclóricas eleições...
Também no que respeita ao sufrágio universal, vimos recentemente, a propósito do Tratado Porreiro, pá, a forma como eles torneiam as dificuldades que ocasionalmente se lhes deparam: se há perigo de serem derrotados nas urnas, não há referendo... e não hesitam em mandar o sagrado sufrágio universal para as urtigas.
E assim, e através de uma poderosa máquina de propaganda, vão estabelecendo o seu conceito de direitos humanos - um conceito do qual são impiedosamente excluídos todos os países que recusam ser lacaios do imperialismo norte-americano.
Como é o caso, entre outros, da China.
Quero eu dizer com isto que a China é um modelo de respeito integral pelos direitos humanos?
Longe de mim, tal ideia.
Mas quero dizer, isso sim, é que a meu ver não há um único país do mundo onde os direitos humanos - nas suas dimensões política, social, humana - sejam integralmente respeitados. E que a auto-promoção dos que criticam a China a zelosos cumpridores dos direitos humanos, só pega porque tem a divulgá-la a mais poderosa máquina de propaganda que alguma vez existiu.
É também minha opinião que num mundo em que o capitalismo/imperialismo - baseado na exploração, na opressão, na injustiça, na inumanidade - é o sistema dominante, não cabe o respeito pelos direitos humanos. Não cabe de todo: nem no países que combatem esse sistema (porque estão condicionados por uma permanente ofensiva visando liquidar as suas experiências) nem, obviamente, nos países do sistema que vivem e se alimentam precisamente do desrespeito pelos direitos humanos.
Por isso, a luta contra o capitalismo e pelo socialismo é o único caminho que conduzirá a uma sociedade baseada no respeito pelos direitos a que todo o ser humano, pelo simples facto de existir, tem direito.
12 comentários:
Post bom de ler! Dá vontade de continuar...
Obrigado!
Tremendo post! Tremendo de bom!
Obrigada, Fernando Samuel
Um beijo grande
Desde que "consulto" este blogue ( esse tempo é muito curto)este foi o texto mais "liberto", mais pessoal, menos "cópia". Francamente foi o que gostei mais!
Parabéns!
Faz lembrar a história da raposa e das uvas, é engraçado ouvi-los dizer (os vários comentadores) no final dos jogos que estes foram grandiosos, assim secamente!
Enfim inveja, pequenês mesquinhês, porque os jogos de Pequim podiam não ter tido mais nada, mas só a cobertura televisiva, foi de uma competência e de um profissionalismo, que deixou o Mundo de (boca aberta). Aquilo é como na Festa do Ávante, só não há espaço nem liberdade para que quer estragar a Festa.
No 2º canal da Tv. pública (hora do almoço), dava programas temáticos sobre a China.
É difícil arranjar um adjectivo para tais documentários.
Enquanto vociferavam ódio, na China faziam, um dos mais extraordinários JO!
Excelente post.
GR
A China é um país muito interessante:
1º tem um sistema economico de capitalismo selvagem e politicamente ditadura;
2º ha uma grande desigualdade entre o litoral e o interior;
3º um pais com entraves ha liberdade e desrespeita as pessoas.
4º Os EUA e a UE é que sao sempre os maus. Temos eleiçoes livres em ambos, com sufragio universal. O sistema dos partidos é nos EUA diferente dos da UE, mas nao unipartidario/ totalitario.
5º A questao do referendo: o referendo agora parece que se tornou mais importante que o Parlamento. Discordo. Os Parlamentos dos paises UE não sao uma coisa como a vergonhosa Ass. Nacional do Estado Novo em que eram 100% da UN. Nao, existem 6 partidos. Eleitos pelo povo por sufragio universal, ai o sufragio nao foi para as "urtigas". Ora as pessoas tem uma oportunidade para se expressarem sobre a UE nas europeias e conhecem as convicçoes dos partidos sobre a UE. Nao quero dizer com isto que os referendos nao sejam importantes. Mas dizerem que é mais importante que o Parlamento, isso discordo. Nao podemos rotelar um pais que nao fez referendo ao tratado como antidemocratico.
Um abraço
J.Z.Mattos
Belo texto Fernando Samuel. os Direitos humanos são desrespeitados essencialmente nos países capitalistas ou nestes o dinheiro não seja mais importante que as pessoas. Aos que vêm aqui atacar os países não capitalistas ou que pretendem abandonar o capitalismo eu pergunto porque é que neste país onde vivemos, desde 1976, os direitos humanos como a saúde, a educação, a cultura, a segurança social, a habitação, etc,etc. são inversamente proporcionais aos impostos que pagamos, ou seja, quanto mais impostos pagamos menores são os nossos direitos?!...
Toda a gente sabe que o respeito,ou falta dele, pelos direitos humanos é o que menos interessa aos EUA ou aos seus seguidores europeus. Tivessem eles oportunidade de entrar livremente no mercado chinês em contrapartida do seu silêncio e iriam ver como a China passava a ser o melhor país do mundo.
Abraço, F. Samuel, e até um destes dias.
Eu estava a prepar resposta para o cinismo e a hipocrisia do J.Z. Mattosm mas só agora reparei que ele é Mattos com dois tês:-não vale a pena é tempo perdido.
samuel: este é um tema que exige continuação... colectiva...
Um abraço amigo.
maria: obrigado, camarada.
Um beijo grande.
maria teresa: mais liberto, mais pessoal, menos cópia: registei...
Obrigado.
josé manangão: como na Festa do Avante?: és capaz de estar a ver bem...
Um abraço, camarada.
gr: vociferar ódio é uma das especialidades deles...
Um beijo amigo.
J.Z.MAttos: lendo o seu comentário, fico com a sensação de que o J.Z. Mattos não leu o que eu escrevi... na verdade, TUDO o que escreve NADA tem a ver com o que eu escrevi, limitando-se a repetir muito do que sobre a matéria pode ser lido/ouvido nos média dominantes.
sem qualquer animosidade, deixo-lhe uma sugestão: leia o que eu escrevi e, depois, se quiser, responda ao que leu - concordando ou discordando, mas pensando pela sua cabeça...
Um abraço.
antuã: os direitos humanos, na interpretação que eles lhes dão, têm sido, de facto, uma das principais armas da ofensiva ideológica do capitalismo.
Um abraço grande.
aristides: os critério deles em matéria de direitos humanos são simples: todos os países que fielmente fazem o que eles mandam, são exemplares defensores dos direitos humanos ... deles...
Um abraço grande, meu amigo.
ao senhor J.Z.MATTOS, se leu um pouco daquilo a que chamam o tratado de Lisboa, deveria saber que os parlamentos,como o nosso ficam praticamente sem poder nenhum!já em relação aos referendos. a "democracia ocidental", só os aceita quando os resultados, vão de encontro ao que eles pretendem (caso da Irlanda e outros)
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