CASA DE PENHORES...

«O regresso das casas de penhores», é a manchete da revista NS do DN de hoje, anunciando uma reportagem sobre o assunto: «o negócio dos empréstimos sobre ouro, prata e jóias vai de vento em popa, depois de ter estado quase à beira da extinção. Acossados pela crise, cada vez mais portugueses vão pôr os objectos de valor no "prego"».

E o jornalista vai ao encontro de prestamistas e de pessoas obrigadas a recorrer ao «prego».
Assim, ficamos a saber que, nos últimos dois anos, a procura das casas de penhores registou «uma subida da ordem dos 50%» - e que «as épocas de maior procura costumavam ser antes e depois das férias, no regresso às aulas ou a seguir ao Natal, mas ultimamente a procura deixou de ter ciclos. É a toda a hora».
Quanto aos objectos penhorados, diz o gerente de uma casa de prego: «querem penhorar tudo, do relógio à roupa», contudo, «na maioria dos casos, só aceitamos ouro, prata, jóias, metais preciosos, fios, pulseiras, anéis de ouro ou prata, relógios de marca» - «quando vierem, e se vierem (buscar os objectos penhorados), pagarão os juros. Se não vierem ao fim de três meses, segue para leilão. A maioria não volta para resgatar».

No que respeita aos que vão penhorar: «os repórteres viram homens e mulheres a entrar cabisbaixos e a sair depressa, com a cara escondida, o cenho franzido»...
Uma mulher que acabou de penhorar uma pulseira, explica: «Vai dar para pagar a comida da última semana do mês e uma conta atrasada da luz (...) daqui a um mês logo se vê se há dinheiro para recuperar a pulseira» - e fala da «situação insustentável em que este Governo nos colocou», logo acrescentando: «Este e os outros, que não souberam governar os fundos comunitários e aplicar a riqueza. Agora que a coisa está mais preta é que dá nas vistas. Os ricos cada vez mais ricos e os que não eram pobres a viver na pobreza»...

Casas de prego - eis uma imagem de marca de 32 anos de política de direita - de Soares a Sócrates, passando por Cavaco, Guterres, Barroso/Lopes...
Casas de prego - ressuscitadas pelo brutal agravamento das condições de vida da imensa maioria dos portugueses, que Sócrates e os seus ministros negam, garantindo que vivemos no melhor dos mundos - enquanto vão penhorando o País na casa de prego do grande capital nacional e internacional.

4 comentários:

samuel disse...

Para "amenizar" esta triste realidade alguém criou há muitos anos a deprimente frase "Vão-se anéis, mas fiquem os dedos!"
Pena... que os milhões de portugueses que vão ficando apenas com os dedos, não os fechem bem apertados...
Um punho bem cerrado pode fazer coisas extraordinárias!

Abraço

Maria disse...

Estou para aqui há que tempos e nem sei o que dizer. Estará provavelmente tudo dito, o teu post é o espelho de uma realidade cada vez mais abrangente, e o comentário do Samuel é tão assertivo...

Um beijo

Anónimo disse...

Ora aqui está (mais) um governo empenhado em empenhar os portugueses!
E é muito útil lembrar, como tu fazes, a sequência dos nomes que protagonizaram yão empenhadamente este percurso.
E, atenção, que os dedos também estão a ser empenhados e vendidos, não são só os aneis. Eles dão o exemplo...
Um abraço

Fernando Samuel disse...

samuel: um punho bem cerrado abre os caminhos todos...
Abraço.

maria: estas casas de penhores que praticamente desapareceram após o 25 de Abril...
Um beijo.

zambujal: Tudo empenhado... para o bem e para o mal...
Abraço.