O Cravo de Abril assinala o 15º aniversário da morte de ARMINDO RODRIGUES - Médico, Poeta, Contista, Tradutor, Resistente Antifascista, Militante do Partido Comunista Portugês.
Armindo Rodrigues nasceu em Lisboa onde se formou em Medicina, tendo vivido parte da sua infância no Alentejo.
Opositor activo do regime fascista desde a juventude, tornou-se militante do PCP - Partido ao qual se manteve ligado durante toda a sua vida - e interveio em todas as batalhas necessárias, com uma notável coragem política e física.
Em 1943 publicou o livro de poemas «Voz Arremessada ao Caminho», que viria a ser o primeiro de uma vasta Obra Poética hoje editada em 18 volumes - complementada com vários volumes de contos; com a tradução de autores como Cholokov, Malraux, Fournier e Óscar Wilde; e o imperdível «Um Poeta Recorda-se - Memórias de uma Vida».
A sua Poesia, marcada simultaneamente por uma vertente irónica plena de força e por um profundo lirismo emocional, e inequivocamente inserida no movimento neo-realista, é de reconhecida superior qualidade literária - e é de leitura obrigatória para quem não a conheça - e de releitura imperativa para os que com ela já tomaram contacto.
Leitura e releitura de tanto maior importância quanto, como sabemos, sobre a Obra de Armindo Rodrigues pesa um pesado e profundo silêncio - aquele pesado e profundo silêncio no qual o poder do grande capital tenta, impiedosamente, enterrar tudo o que se lhe opõe...
Da Poesia de Armindo Rodrigues, escreveu Jacinto do Prado Coelho:
«Voltada ideológica e emocionalmente para o futuro, trazendo até nós, viva, uma longa e variada tradição, a obra de Armindo Rodrigues parece querer significar que não é arrancando as raizes culturais de um povo que o seu futuro se constroi».
A intensa actividade política do Poeta, fez dele um alvo constante da repressão fascista, tendo sido preso por várias vezes - e de todas essas prisões nos deixou sinais poéticos...
Como este poema que hoje trago aos visitantes do Cravo de Abril - a relembrar o Poeta, o Camarada, o Amigo:
Armindo Rodrigues nasceu em Lisboa onde se formou em Medicina, tendo vivido parte da sua infância no Alentejo.
Opositor activo do regime fascista desde a juventude, tornou-se militante do PCP - Partido ao qual se manteve ligado durante toda a sua vida - e interveio em todas as batalhas necessárias, com uma notável coragem política e física.
Em 1943 publicou o livro de poemas «Voz Arremessada ao Caminho», que viria a ser o primeiro de uma vasta Obra Poética hoje editada em 18 volumes - complementada com vários volumes de contos; com a tradução de autores como Cholokov, Malraux, Fournier e Óscar Wilde; e o imperdível «Um Poeta Recorda-se - Memórias de uma Vida».
A sua Poesia, marcada simultaneamente por uma vertente irónica plena de força e por um profundo lirismo emocional, e inequivocamente inserida no movimento neo-realista, é de reconhecida superior qualidade literária - e é de leitura obrigatória para quem não a conheça - e de releitura imperativa para os que com ela já tomaram contacto.
Leitura e releitura de tanto maior importância quanto, como sabemos, sobre a Obra de Armindo Rodrigues pesa um pesado e profundo silêncio - aquele pesado e profundo silêncio no qual o poder do grande capital tenta, impiedosamente, enterrar tudo o que se lhe opõe...
Da Poesia de Armindo Rodrigues, escreveu Jacinto do Prado Coelho:
«Voltada ideológica e emocionalmente para o futuro, trazendo até nós, viva, uma longa e variada tradição, a obra de Armindo Rodrigues parece querer significar que não é arrancando as raizes culturais de um povo que o seu futuro se constroi».
A intensa actividade política do Poeta, fez dele um alvo constante da repressão fascista, tendo sido preso por várias vezes - e de todas essas prisões nos deixou sinais poéticos...
Como este poema que hoje trago aos visitantes do Cravo de Abril - a relembrar o Poeta, o Camarada, o Amigo:
PRISÃO DE CAXIAS, 1949
Como fantasmas, sem repouso,
no corredor andam os guardas,
de pistola à cinta, dia e noite.
Nuvens vazias lhes pesam.
Um vinho azedo os corrompe.
O corredor é longo e estreito.
longo e sujo,
longo e escuro.
Do tecto baixo as lâmpadas exaustas
dir-se-ia que de remorsos lhe põem mais sombras
na atmosfera sombria de remorso.
Só nas salas, fechados, os presos falam,
os presos riem,
os presos cantam.
Não há remorso na lembrança deles.
Na desgraça deles não há remorso.
O remorso ficou lá fora,
no corredor onde andam os guardas,
de pistola à cinta, dia e noite,
a manchar de vergonha a vida
e a fazer nojo aos escarradores
alinhados contra a parede.
O remorso ficou lá fora,
na felicidade e na cobardia
dos que se alheiam do combate.
Na minha sala há treze presos.
Treze são as salas que dão
para o corredor onde andam os guardas,
de pistola à cinta, dia e noite.
Maldita seja a maldição
com que à honra se responde.
Cada sala tem uma janela
que nem finge de fingimento,
porque além da barreira das grades
em frente um talude nos cobre
a despreocupação de ave
do horizonte desdobrado,
e lá fora andam outros guardas,
de carabina ao ombro, dia e noite.
Na minha sala há treze presos,
com treze protestos erguidos,
mas erguida uma só bandeira.
São criminosos de querer,
num tempo torpe de prisões,
as torpes prisões arrasadas.
Os outros presos, nas outras salas,
sangram das mesmas feridas,
ardem de desejo igual.
Estão aqui presos, mas são livres,
porque neles a justiça
sopra como os vendavais.
A prisão ficou lá fora,
nos felizes e nos cobardes.
E não resisto a deixar-vos, ainda, esta
ELEGIA POR ANTECIPAÇÃO À MINHA MORTE TRANQUILA
Vem, morte, quando vieres.
Onde as leis são vis, ou tontas,
não és tu que me amedrontas.
Troquei por penas prazeres.
Troquei por confiança afrontas.
Tenho sempre as contas prontas.
Vem, morte quando quiseres.
A morte veio no dia 8 de Agosto de 1993.
O POETA tinha «as contas prontas».
Lamentávelmente - mas sem surpresa - nenhum dos jornais de hoje (tanto quanto vi) dedicou uma só linha a Armindo Rodrigues...
5 comentários:
Bela lembrança!
Bela e farta "refeição" de poesia!
Obrigado! (aos dois...)
Abraço
Aqui, onde os nossos poetas vivem e resistem, e a poesia resiste, deixo-te também um poema de Armindo Rodrigues, que fala de Liberdade:
Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Um beijo e obrigada pela poesia!
Compreensível, que nenhum jornal tenha lembrado hoje Armindo Rodrigues, o contrário seria admirável!
Tu fizeste-lhe uma bela homenagem, e lembrámo-lo aqui:))
A melhor homenagem que lhe podiam fazer era a que fizeram (nada)decerto ficaria mais satisfeito com a tua lembrança, esta comunicação social, só elogia os cobardes.
samuel: abraço de obrigado (aos três...)
maria: obrigado por este belo poema do armindo Rodrigues.
Um beijo.
justine: o contrário seria admirável... mas impossível...
Um beijo.
josé manangão: no ponto a que as coisas chegaram, se calhar é mesmo como dizes: a melhor homenagem que estes média lhe podiam fazer era... o que fizeram...
Um abraço.
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