Os jornais de hoje informam sobre os 100 mais ricos de Portugal.
Os títulos dos periódicos a que tive acesso são um autêntico alerta vermelho:
«Fortuna de portugueses mais ricos cai»
«Milionários portugueses menos ricos»
«A fortuna dos mais ricos caíu»
«Crise bate à porta dos 100 mais ricos do País»
Os dramas que esta situação gera são fáceis de imaginar.
Veja-se o caso de Belmiro de Azevedo - que «liderava o ranking desde 2004» - e está, agora, a viver momentos dramáticos, vendo a sua fortuna reduzida a uns míseros 1722 milhões de euros.
E a que se deve este desastre?: estou em crer que a calaceirice.
Senão vejamos: aqui há tempo, Belmiro explicou, em entrevista, que a sua fortuna se devia ao facto de ele, Belmiro, ser possuidor de uma certa arte de criar riqueza, trabalhando que nem um mouro, assim:
anos e anos sem ter férias, nem fins de semana, nem feriados, nem dias santos, todos os dias, todos!, a entrar na empresa antes das oito da matina, antes, portanto, dos trabalhadores - esses, sim, com férias, fins de semana, feriados e dias santos, autênticos felizardos, a viveram à custa do esforço do sacrificado patrão...
Ora, se agora a fortuna de Belmiro veio por aí abaixo, só pode ter sido porque - isto digo eu - o homem passou a gozar férias, fins de semana, feriados e dias santos...
Se assim foi, é bem feito, para não ser calão.
É claro que, graças a Deus, nem todos os 100 estão menos ricos. Alguns há que estão, mesmo, muito mais ricos. É o caso de Américo Amorim, que destronou Belmiro e é hoje o maior, com uma fortuna de 3106 milhões de euros.
E lá está: o êxito do Amorim deve-se à aplicação, por este, do método do Belmiro.
Quem o diz é, vejam bem!, o Público - que atribui o sucesso do novo líder precisamente «à sua mestria para criar riqueza».
Será que nesta apreciação do Público há uma crítica velada à calaceirice do dono?
Em todo o caso, não desesperemos: a soma das fortunas dos 100 é, ainda, de 32 mil milhões de euros (cerca de 20% do produto interno bruto nacional) - dinheiro mais do que suficiente para garantir o bem-estar e a felicidade de todos os portugueses.
Tanto mais que se trata de dinheiro sagrado. Porque foi ganho a trabalhar.
8 comentários:
Este teu "post", Fernando Samuel, como todos, pôs-me em sobressalto. Porque, de um (sobre)salto, fui ali à estante buscar... a "Arte de Furtar" e comecei a folhear aquela preciosidade atribuída ao Padre António Vieira (zeloso da Pátria). Talvez servisse para melhor caracterizar quem agora anda "de aflitos" porque vê, por suas malas artes, a fortuna oscilar - pelas Bolsas maiusculas e pelas nossas bolsas minusculas - entre os 1 e os 3 milhares de milhões, e a ganhar aqui e a perder ali... mas só os lugares do pódium. Adiante... porque já me desarrumaste o dia... lá terei de voltar aos conselhos ao "nosso senhor D. João IV para que a emende" (à arte de furtar).
Um grande abraço e desculpa o relambório
Coitados!!!
Estou "desfeito"! Não seria de fazer qualquer coisa, sei lá... organizar uma colecta...
Abraço
Tenho tanta peninha deles!... Trabalham tanto!... Ainda acabam a pedir esmola!...
Tenho tanta peninha deles!... Trabalham tanto!... Ainda acabam a pedir esmola!...
Enquanto lia o teu post veio até aqui um cheirete a suor, que só pode ser do Belmro ou doi Amorim. Ou dos dois, porque grandes trabalhadores serão!
Têm ambos a "sua mestria para criar riqueza" (estes e outros, que há mais).
Nós temos a mestria de "nos" sabermos e de criarmos ricos amigos, daqueles que são para a vida...
O Trabalho é que é sagrado. E o fruto do trabalho, e o suor de quem trabalha, é que é sagrado!
Um beijo
zambujal: nestes casos estamos perante a Suprema Arte de Furtar - o que significa que os meliantes sabem-na toda, a essa Arte de Fazer Fortuna.
É claro que a ajuda do Governo é preciosa, não só porque ajuda a furtar mas também porque legaliza o furto - mas é para isso que o governo existe, não é verdade?...
Um abraço grande.
samuel: ora aí está uma bela ideia: a colecta! Seja como for temos que fazer qualquer coisa, não podemos deixar que aqueles pobres sofram mais...
Um abraço grande.
antuã: felizmente que o Vaticano decidiu que pedir esmola é um direito humano fundamental...
Um abraço grande.
maria: a mestria de «nos» sabermos e de criarmos ricos amigos, daqueles que são para a vida - essa é a grande mestria, a que nos distingue deles, a que nos dá a imensa força que temos...
Um beijo grande.
E depois queixam-se que todos os dias são assaltados os bancos!
...É lá que os ladrões o escondem!
Penso eu, de que!
josé manangão: e quem é que é ladrão?: os que assaltam os bancos ou os que o escondem lá?...
Enviar um comentário