POEMA

PARA BELLUM


Protestos, livros, poemas, sacrifícios,
a história analisada e desmascarada: a paz
e não a guerra desde sempre a guerra.
É velho tudo isto. Há malandros
para ganhar com as guerras, há patriotas
para mandar os outros morrer nelas, há
heróis ou não heróis que morrem nelas,
há multidões para serem massacradas.
Eu protesto, tu protestas, ele protesta, etc.
E nada muda, ou muda para mais.
Antigamente, os faraós ao contar os mortos inimigos
(nunca os próprios mortos) exageravam - evidente.
Hoje, os comunicados cometem sempre esse exagero
(e a mesma distracção discreta). Mas há sempre
humanidade com vocação para matar e multidões
com vocação vacum para cadáver.
E neste cheiro a podre milenário - vale a pena
sequer dizer que são filhos da puta?


Jorge de Sena

5 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Bem adequado aos dias de hoje, principalmente ao "amigo" americano.

Um beijo.

Justine disse...

Vale, sim, vale a pena, e dizer bem alto!

Mário disse...

Com tal de que o povo, todo, se dê conta, dizê-lo não é imprescindível. Até lá...

Um abraço.

Maria disse...

Vale sempre a pena 'chamar as coisas pelo nome que elas são'!

Um beijo grande.

samuel disse...

Vale pouco, francamente... mas ainda vale!

Abraço.