MARCHA
Lá vem o cortejo
pela rua fora
tocando os seus gritos
de que está na hora.
Estremecem vidraças
tremem os portões
na casa da praça
e a velha transida
com medo da morte
por medo da vida
lá vai aos baldões
estreitar-se ao pescoço
do seu cão de caça.
Vêm baionetas
correndo em tropel
mais metralhadoras
gargalhando triste
e tinta a granel
de mangueira em riste.
Lá vêm a passo
os lacrimogéneos
os arquimausgénios
capacetes de aço.
Lá vêm em bicha
defender vidraças
defender portões
defender a praça
defender a velha
defender o cão
defender a caça.
E viva o poeta
que tem tanta graça.
Francisco Viana
3 comentários:
E teve mesmo! É muito bom! :-)))
Abraço.
Acabei de ler o poema a sorrir...
Um beijo grande.
Com ironia muitas verdades se dizem!
E, no tempo do fascismo, muito se usava este processo. No entanto este poema é bem claro naquilo que pretende transmitir.
Um beijo.
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