CANÇÃO DO MESTIÇO
Nasci do negro e do branco
e quem olhar para mim
é como se olhasse
para um tabuleiro de xadrez:
a vista passando depressa
fica baralhando a cor
no olho alumbrado de quem me vê.
Mestiço!
E tenho no peito uma alma grande
uma alma feita de adição.
Foi por isso que um dia
o branco cheio de raiva
contou os dedos das mãos
fez uma tabuada e falou grosso:
- mestiço!
a tua conta está errada.
Teu lugar é ao pé do negro.
Ah!
Mas eu não me danei...
e muito calminho
arrepanhei o meu cabelo para trás
fiz saltar fumo do meu cigarro
cantei do alto
a minha gargalhada livre
que encheu o branco de calor!...
Mestiço!
Quando amo a branca
sou branco...
Quando amo a negra
sou negro...
Pois é...
Francisco José Tenreiro
4 comentários:
A solução é amar...
Abraço.
... porque quando se ama não se distrinçam cores, somos só homens. Iguais.
beijo,
Com amor ou sem amor, um ser não se define pela côr da pele. Basta comparar o Luther King com o Obama.
Um beijo.
A soma do amor... e é bonito!
Um beijo grande.
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