«No rasto das fundações» é o título de um interessante trabalho hoje publicado no Diário de Notícias.
Começando por lembrar que as fundações «não são obrigadas a mostrar orçamento, nem relatórios, nem a prestar contas com regularidade» - e que o seu enquadramento legal permite a ausência de transparência no que respeita ao dinheiro transferido do Orçamento do Estado - o DN revela ter apurado que, «em pouco mais de cinco anos, foram transferidos cerca de 250 milhões de euros de dinheiro dos contribuintes» para 31 das 639 fundações existentes.
É muito dinheiro?
É pouco?
Não sei.
Sei apenas - e é isso que, para já interessa - que, muito ou pouco, é o CONTRIBUINTE (eu, tu, ele, nós...) que paga...
Acresce que algumas destas fundações são também financiadas por autarquias...
É-nos dado o exemplo da Fundação Mário Soares que recebe 50 mil euros anuais da Câmara Municipal de Lisboa. E que desde 2006 recebeu da Câmara Municipal de Leiria 294 mil euros.
Tudo isto em paga das «acções de carácter cultural, científico e educativo» levadas a cabo pela referida Fundação...
Hão-de ser muitas, e de elevadíssima qualidade - e de onerosos custos de produção... - as acções praticadas pela Fundação Mário Soares...
Finalmente, diz-nos um dos autores do trabalho que «a política e as fundações andam há muito de mãos dadas».
E dá exemplos, depois, dos políticos que integram os órgãos sociais das respectivas fundações.
Sem surpresa, lá encontramos... o que era inevitável encontrarmos: só políticos ligados, directa ou indirectamente, a todos os partidos do sistema e que passaram por todos os governos PS, ou PSD, ou PS/CDS, ou PS/PSD, ou PSD/CDS...
Isto é: só políticos ligados aos partidos do chamado arco do governo...
Ou «arco da velha», como, há dias, em fala certeira, os caracterizou Jerónimo de Sousa.
Arco da velha política de direita que, com fundações ou sem elas, afundou Portugal.
8 comentários:
Melhor seria que as fundações se (a)fundassem com os respectivos mentores e amigos anexos...
Um beijo grande.
Se a estes milhões juntarmos os "mamados" pelas parcerias público-privadas e os muitos outros milhões "abichados" em milhares de inúteis cargos e acessorias, criados nas empresas públicas e na Administração Pública - todos principescamente pagos e ocupados pelos filhos, sobrinhos, afilhados e amiguinhos dos ministros e secretários de Estado do tal "arco do poder" -, então teríamos a exacta dimensão do esbulho, do roubo descarado do dinheiro dos portugueses.
Talvez seja uma útil tarefa para alguns camaradas economistas, para tal mais vocacionados e habilitados. O Eugénio Rosa, apesar do seu meritório esforço, não chega para tudo...
Um abraço.
O descaramento não conhece limites... e estas "fundações" sempre têm um ar mais selecto do que os conselhos de administração das empresas de patos bravos, bancos, etc.
Abraço.
Fundação... Mário Soares. Só poderia ser o chamado «pai da democracia portuguesa». Nem mais.
E, no entanto, não se cansa em aparecer na televisão, para dar mais uma entrevista, uma opinião, cheio de tiques de velho, a beber o copinho de água, com a mão trémula...
...a imagem patética de um país que ajudou a afundar.
(Jorge)
As fundações bem nos afundam.
Outro logro sob a capa da cultura e da humanidade.
Um beijo.
A C.M. Leiria dá 2006 recebeu da Câmara Municipal de Leiria 294 mil euros?
O que leva esta Câmara a dar tanto dinheiro a este energúmeno?
E as outras 608 Fundações, ficam a ver navios?
Isto só ao bofetão e começava pelo energúmeno.
Bjs,
GR
As fundações são um meio para que o arco da governamentação, digo, arco da corrupção actue impunemente.
Fernando Samuel
Isto só acaba quando os portugueses votarem de modo a que os partidos da "velha" não tenham qualquer poder. E pode ser já em 5 de Junho.
Vitor sarilhos
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