LOUVOR DO PARTIDO
O indivíduo tem dois olhos
o Partido tem mil olhos.
O Partido vê sete Estados
o indivíduo vê uma cidade.
O indivíduo tem a sua hora
mas o Partido tem muitas horas.
O indivíduo pode ser destruído
mas o Partido não pode ser destruído.
Pois ele é a guarda-avançada das massas
e conduz a luta delas
com os métodos dos Clássicos, que são tirados
do conhecimento da realidade.
Brecht
TRÊS APONTAMENTOS
Três apontamentos decorrentes da leitura dos jornais de hoje:
1 - «Sócrates dá novo aperto no cinto dos portugueses», diz a notícia.
E explica que estão aí a chegar mais umas «medidas adicionais» que englobam um novo «aumento dos impostos e cortes nos serviços» - isto porque, segundo o primeiro-ministro, «será feito tudo o que for necessário para que seja cumprido o défice orçamental».
Dizendo o mesmo por outras palavras, Cavaco Silva opina que o que até agora foi feito «pode não ser suficiente»...
Entretanto, Passos Coelho, a pensar em futuras eleições, «pede maioria ampla e forte para mudar Portugal» - pedido igual ao que Sócrates fez, em vésperas de anteriores eleições; e igual ao que Barroso fez no seu tempo; e ao que Guterres, por sua vez, já tinha feito, repetindo a formulação usada por Cavaco...
E assim andam todos a «mudar Portugal» há mais de três décadas...
2 - A propaganda à «moção de censura» do BE vai de vento em popa: os média, entusiasmados, falam dela (e do líder) todos os dias.
O facto é tanto mais curioso quanto, como sabemos, a dita «moção» começou por ser fortemente desancada por esses média - todos - e pelos seus comentadores de serviço e, poucos dias depois, como que em obediência a um qualquer sinal combinado, passou a ser tratada com todos os cuidados propagandísticos por esses mesmo média - todos.
Vá lá a gente entender estas curiosidades!...
3 - O inesgotável Mário Soares, dedica a sua compacta prelecção de hoje, no DN, entre outras coisas, aos acontecimentos nos países árabes.
Fazendo questão de separar o trigo do joio - coisa que nele significa separar a democracia e a liberdade dos totalitarismos todos - fala-nos do «Presidente Mubarak» e do «ditador Kadhafi»...
E radiante, esfuziante, delirante, Soares observa que «as revoltas verificadas até agora, à excepção da Líbia - que é um caso sui generis - não envolveram gritos de ódio contra a América, o imperialismo ou Israel»...
Facto que, obviamente, garante às ditas «revoltas» um conteúdo democrático que não teriam se houvesse «gritos de ódio» à benemérita «América», ao altruísta «imperialismo» e a esse modelo de democracia que é «Israel»...
1 - «Sócrates dá novo aperto no cinto dos portugueses», diz a notícia.
E explica que estão aí a chegar mais umas «medidas adicionais» que englobam um novo «aumento dos impostos e cortes nos serviços» - isto porque, segundo o primeiro-ministro, «será feito tudo o que for necessário para que seja cumprido o défice orçamental».
Dizendo o mesmo por outras palavras, Cavaco Silva opina que o que até agora foi feito «pode não ser suficiente»...
Entretanto, Passos Coelho, a pensar em futuras eleições, «pede maioria ampla e forte para mudar Portugal» - pedido igual ao que Sócrates fez, em vésperas de anteriores eleições; e igual ao que Barroso fez no seu tempo; e ao que Guterres, por sua vez, já tinha feito, repetindo a formulação usada por Cavaco...
E assim andam todos a «mudar Portugal» há mais de três décadas...
2 - A propaganda à «moção de censura» do BE vai de vento em popa: os média, entusiasmados, falam dela (e do líder) todos os dias.
O facto é tanto mais curioso quanto, como sabemos, a dita «moção» começou por ser fortemente desancada por esses média - todos - e pelos seus comentadores de serviço e, poucos dias depois, como que em obediência a um qualquer sinal combinado, passou a ser tratada com todos os cuidados propagandísticos por esses mesmo média - todos.
Vá lá a gente entender estas curiosidades!...
3 - O inesgotável Mário Soares, dedica a sua compacta prelecção de hoje, no DN, entre outras coisas, aos acontecimentos nos países árabes.
Fazendo questão de separar o trigo do joio - coisa que nele significa separar a democracia e a liberdade dos totalitarismos todos - fala-nos do «Presidente Mubarak» e do «ditador Kadhafi»...
E radiante, esfuziante, delirante, Soares observa que «as revoltas verificadas até agora, à excepção da Líbia - que é um caso sui generis - não envolveram gritos de ódio contra a América, o imperialismo ou Israel»...
Facto que, obviamente, garante às ditas «revoltas» um conteúdo democrático que não teriam se houvesse «gritos de ódio» à benemérita «América», ao altruísta «imperialismo» e a esse modelo de democracia que é «Israel»...
POEMA
HOLLYWOOD
Todas as manhãs, pra ganhar o pão,
vou ao mercado onde se compram mentiras.
Cheio de esperança
meto-me na bicha dos vendedores.
Brecht
Todas as manhãs, pra ganhar o pão,
vou ao mercado onde se compram mentiras.
Cheio de esperança
meto-me na bicha dos vendedores.
Brecht
DESCUBRA AS DIFERENÇAS
Um dia destes, teremos uma informação verdadeira e rigorosa sobre o que está a acontecer na Líbia.
Por enquanto, sabemos apenas o que nos dizem os média dominantes, em cuja informação não podemos confiar - antes pelo contrário.
Sabemos, no entanto, não porque esses média no-lo digam mas por decifração do que dizem, que os acontecimentos na Líbia se revestem de características muito diferentes dos ocorridos nos outros países, designadamente no Egipto.
Assim, do Egipto tivemos notícias de grandes movimentações de massas que obrigaram à demissão de Mubarak; soubemos que, na opinião decisiva do governo de Obama, «Mubarak não é um ditador» e que os «EUA apoiam uma transição pacífica e ordeira» - enquanto as centenas de mortos e milhares de feridos por efeito da repressão ordenada por Mubarak não mereceram qualquer destaque por parte dos média em geral.
Da Líbia, foi-nos dito desde logo que, na opinião decisiva do governo de Obama, «Kadhafi é um ditador»; que a «repressão sobre os manifestantes pacíficos era de uma violência inadmissível»; que havia «mortos espalhados pelas ruas às centenas»; que, por isso, «a comunidade internacional isola o ditador» e «a NATO estuda a hipótese de uma intervenção de tipo humanitário»...
Foi-nos dito igualmente que «os rebeldes líbios» - fortemente armados, digo eu (e confesso não saber quem assim os armou...) - «controlam a maior parte das cidades do país», «cercam a capital, onde Kadhadi resiste» - e, pormenor importante, «combatem pela posse das jazidas de petróleo»....
Quer isto dizer que, na «informação» sobre esses acontecimentos, os média dominantes recorreram à velha técnica dos dois pesos e duas medidas - modalidade em que são especialistas eméritos graças a uma longa experiência na matéria.
Posto isto - e mesmo enquanto aguardamos informações credíveis e rigorosas sobre o que está, de facto, a acontecer - não é difícil detectar, desde já, alguns aspectos essenciais que distinguem os acontecimentos do Egipto dos da Líbia...
É caso para dizer, como em alguns passatempos: descubra as diferenças...
Por enquanto, sabemos apenas o que nos dizem os média dominantes, em cuja informação não podemos confiar - antes pelo contrário.
Sabemos, no entanto, não porque esses média no-lo digam mas por decifração do que dizem, que os acontecimentos na Líbia se revestem de características muito diferentes dos ocorridos nos outros países, designadamente no Egipto.
Assim, do Egipto tivemos notícias de grandes movimentações de massas que obrigaram à demissão de Mubarak; soubemos que, na opinião decisiva do governo de Obama, «Mubarak não é um ditador» e que os «EUA apoiam uma transição pacífica e ordeira» - enquanto as centenas de mortos e milhares de feridos por efeito da repressão ordenada por Mubarak não mereceram qualquer destaque por parte dos média em geral.
Da Líbia, foi-nos dito desde logo que, na opinião decisiva do governo de Obama, «Kadhafi é um ditador»; que a «repressão sobre os manifestantes pacíficos era de uma violência inadmissível»; que havia «mortos espalhados pelas ruas às centenas»; que, por isso, «a comunidade internacional isola o ditador» e «a NATO estuda a hipótese de uma intervenção de tipo humanitário»...
Foi-nos dito igualmente que «os rebeldes líbios» - fortemente armados, digo eu (e confesso não saber quem assim os armou...) - «controlam a maior parte das cidades do país», «cercam a capital, onde Kadhadi resiste» - e, pormenor importante, «combatem pela posse das jazidas de petróleo»....
Quer isto dizer que, na «informação» sobre esses acontecimentos, os média dominantes recorreram à velha técnica dos dois pesos e duas medidas - modalidade em que são especialistas eméritos graças a uma longa experiência na matéria.
Posto isto - e mesmo enquanto aguardamos informações credíveis e rigorosas sobre o que está, de facto, a acontecer - não é difícil detectar, desde já, alguns aspectos essenciais que distinguem os acontecimentos do Egipto dos da Líbia...
É caso para dizer, como em alguns passatempos: descubra as diferenças...
POEMA
A QUEIMA DOS LIVROS
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me!, escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não ma façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso!
Ordeno-vos: Queimai-me!
Brecht
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me!, escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não ma façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso!
Ordeno-vos: Queimai-me!
Brecht
NOTÍCIAS...
José Alberto Carvalho (JAC) e Judite de Sousa (JS) saíram da RTP e foram para a TVI: eis a notícia que fez as primeiras páginas (e páginas interiores cheias) dos jornais de ontem - e que, hoje, continua a ser notícia...
Assim, graças aos prestimosos média dominantes, ficámos a saber coisas importantíssimas e indispensáveis ao nosso conhecimento geral, tais como:
«Na TVI o clima geral é de satisfação e confiança», enquanto «Na RTP o clima é pesado»; «Há choros, lágrimas e tristeza» na RTP e «há alegria» na TVI; JS «chorava com a sua secretária pessoal» e JAC «estava arrasado»...
Confesso que se me despedaça o coração - e não só... - perante tão pungentes dramas.
Mas tenho esperança em que a Média Capital apague rapidamente as lágrimas e o cansaço da consagrada entrevistadora e do disputado director.
E que o faça humanitariamente, ou seja: com muitos milhares de euros/mês...
(Entretanto, o presidente Obama prepara-se para ordenar à NATO que invada e ocupe a Líbia. Garantem fontes bem informadas que a única preocupação de Obama é que a intervenção seja «humanitária» - ou não fosse ele Prémio Nobel da Paz...)
Assim, graças aos prestimosos média dominantes, ficámos a saber coisas importantíssimas e indispensáveis ao nosso conhecimento geral, tais como:
«Na TVI o clima geral é de satisfação e confiança», enquanto «Na RTP o clima é pesado»; «Há choros, lágrimas e tristeza» na RTP e «há alegria» na TVI; JS «chorava com a sua secretária pessoal» e JAC «estava arrasado»...
Confesso que se me despedaça o coração - e não só... - perante tão pungentes dramas.
Mas tenho esperança em que a Média Capital apague rapidamente as lágrimas e o cansaço da consagrada entrevistadora e do disputado director.
E que o faça humanitariamente, ou seja: com muitos milhares de euros/mês...
(Entretanto, o presidente Obama prepara-se para ordenar à NATO que invada e ocupe a Líbia. Garantem fontes bem informadas que a única preocupação de Obama é que a intervenção seja «humanitária» - ou não fosse ele Prémio Nobel da Paz...)
POEMA
LOUVOR DO APRENDER
Aprende o mais simples! Pra aqueles
cujo tempo chegou
nunca é tarde de mais!
Aprende o abc, não chega, mas
aprende-o! E não te enfades!
Começa! Tens de saber tudo!
Tens de tomar a chefia!
Aprende, homem do asilo!
Aprende, homem na prisão!
Aprende. mulher na cozinha!
Aprende, sexagenária!
Tens de tomar a chefia!
Frequenta a escola, homem sem casa!
Arranja saber, homem com frio!
Faminto, pega no livro: é uma arma.
Tens de tomar a chefia!
Não te acanhes de perguntar, companheiro!
Não deixes que te metam patranhas na cabeça:
vê c'os teus próprios olhos!
O que tu mesmo não sabes
não o sabes.
Verifica a conta:
és tu que a pagas.
Põe o dedo em cada parcela,
pergunta: Como aparece isto aqui?
Tens de tomar a chefia.
Brecht
Aprende o mais simples! Pra aqueles
cujo tempo chegou
nunca é tarde de mais!
Aprende o abc, não chega, mas
aprende-o! E não te enfades!
Começa! Tens de saber tudo!
Tens de tomar a chefia!
Aprende, homem do asilo!
Aprende, homem na prisão!
Aprende. mulher na cozinha!
Aprende, sexagenária!
Tens de tomar a chefia!
Frequenta a escola, homem sem casa!
Arranja saber, homem com frio!
Faminto, pega no livro: é uma arma.
Tens de tomar a chefia!
Não te acanhes de perguntar, companheiro!
Não deixes que te metam patranhas na cabeça:
vê c'os teus próprios olhos!
O que tu mesmo não sabes
não o sabes.
Verifica a conta:
és tu que a pagas.
Põe o dedo em cada parcela,
pergunta: Como aparece isto aqui?
Tens de tomar a chefia.
Brecht
HÁ PETRÓLEO NA LÍBIA
Diz Obama (mas poderia ser Bush-filho a dizer) que a repressão dos manifestantes na Líbia «é revoltante e inaceitável» e que «as acções do regime líbio violam os direitos humanos, as normas internacionais e todos os padrões de decência».
Diz Obama (mas poderia ser Clinton a dizer) que «esta violência tem de parar».
Diz Obama (mas poderia ser Bush-pai a dizer) que, para resolver o problema líbio, os EUA têm «um vasto leque de opções em cima da mesa».
Diz Obama (mas poderia ser Reagan a dizer) que «mais importante do que uma acção isolada é imperativo que as nações e os povos falem a uma só voz».
Eis, em quatro breves observações, devidamente alinhadas, a enunciação perfeita da «cartilha de guerra»do imperialismo norte-americano.
Estão lá todos os ingredientes com que é uso os governos dos EUA cozinharem as suas cruzadas mortíferas, desde o cenário criado para justificar a invasão até ao aviso lançado aos seus lacaios espalhados pelo mundo para que falem a uma só voz: a voz do dono.
Quer isto dizer que a invasão da Líbia pode estar iminente.
Porque, não nos esqueçamos, há petróleo na Líbia.
Diz Obama (mas poderia ser Clinton a dizer) que «esta violência tem de parar».
Diz Obama (mas poderia ser Bush-pai a dizer) que, para resolver o problema líbio, os EUA têm «um vasto leque de opções em cima da mesa».
Diz Obama (mas poderia ser Reagan a dizer) que «mais importante do que uma acção isolada é imperativo que as nações e os povos falem a uma só voz».
Eis, em quatro breves observações, devidamente alinhadas, a enunciação perfeita da «cartilha de guerra»do imperialismo norte-americano.
Estão lá todos os ingredientes com que é uso os governos dos EUA cozinharem as suas cruzadas mortíferas, desde o cenário criado para justificar a invasão até ao aviso lançado aos seus lacaios espalhados pelo mundo para que falem a uma só voz: a voz do dono.
Quer isto dizer que a invasão da Líbia pode estar iminente.
Porque, não nos esqueçamos, há petróleo na Líbia.
POEMA
MEU IRMÃO ERA AVIADOR
Meu irmão era aviador,
deram-lhe um dia passagem,
fez a mal - e lá partiu,
para o Sul foi a viagem.
Meu irmão é conquistador,
falta espaço ao nosso povo,
e foi sempre o nosso sonho
velho: - terreno novo.
O que ele conquistou com fama
fica lá no Guadarrama:
de comprido, um metro e oitenta;
de fundo, um metro e cinquenta.
Brecht
Meu irmão era aviador,
deram-lhe um dia passagem,
fez a mal - e lá partiu,
para o Sul foi a viagem.
Meu irmão é conquistador,
falta espaço ao nosso povo,
e foi sempre o nosso sonho
velho: - terreno novo.
O que ele conquistou com fama
fica lá no Guadarrama:
de comprido, um metro e oitenta;
de fundo, um metro e cinquenta.
Brecht
UMA ESTÓRIA DO PASSADO...
... ou: QUANDO O COELHO SAI DA TOCA
Em 18 de Janeiro, dois dirigentes sindicais - José Manuel Marques, do STAL e Marco Rosa, da FENPROF - foram presos e algemados pela PSP, junto à residência do primeiro-ministro.
Posteriormente, o processo de Marco Rosa foi arquivado pelo DIAP (sem ter havido contra ele qualquer acusação) e José Manuel Marques foi julgado e absolvido pelo tribunal.
Estavam as coisas neste ponto, eis senão quando... sai da toca um Coelho (Chefe de gabinete do MAI, Rui Pereira) e toca de ler a sua sentença...
Assim, decidiu e mandou publicar o Chefe Coelho que «a intervenção da PSP foi proporcional e adequada».
Porquê?: porque, diz o Coelho, os acusados desobedeceram à PSP - inclusive à ordem dada a um deles para «terminar com agressões sucessivas a um agente da PSP».
Coisa horrível, esta!
Estremeço só de imaginar a cena em que o terrível dirigente sindical agride brutalmente, sucessivas vezes, o pobre e indefeso agente da PSP...
Mas, pior - muito pior - do que isso foi a cena seguinte.
É que, acusa Coelho, além das «agressões sucessivas» ao agente da PSP, «os manifestantes fizeram rebentar um engenho explosivo de pequenas dimensões, vulgo petardo»...
Em tempos, o saudoso ministro Ângelo Correia divertiu-nos à brava com a «insurreição dos pregos».
Agora, vem o Chefe Coelho e faz-nos chorar a rir com a sua «insurreição do engenho explosivo, vulgo petardo».
Não há dúvida: este láparo - vulgo coelho - segue à letra os seus antepassados do salazarento/marcelento MAI, cuja tarefa principal era redigir «notas oficiosas» a decretar que a intervenção das forças da ordem foi «proporcional e adequada» e que os manifestantes não passavam de um bando de terroristas fortemente armados...
É claro que hoje - felizmente para nós e infelizmente para os coelhos - as consequências dessas «notas oficiosas» já não são o que eram...
Mas atenção: como o Brecht aqui nos veio dizer um dia destes, «o ventre, donde isto saiu, ainda é fecundo»...
Em 18 de Janeiro, dois dirigentes sindicais - José Manuel Marques, do STAL e Marco Rosa, da FENPROF - foram presos e algemados pela PSP, junto à residência do primeiro-ministro.
Posteriormente, o processo de Marco Rosa foi arquivado pelo DIAP (sem ter havido contra ele qualquer acusação) e José Manuel Marques foi julgado e absolvido pelo tribunal.
Estavam as coisas neste ponto, eis senão quando... sai da toca um Coelho (Chefe de gabinete do MAI, Rui Pereira) e toca de ler a sua sentença...
Assim, decidiu e mandou publicar o Chefe Coelho que «a intervenção da PSP foi proporcional e adequada».
Porquê?: porque, diz o Coelho, os acusados desobedeceram à PSP - inclusive à ordem dada a um deles para «terminar com agressões sucessivas a um agente da PSP».
Coisa horrível, esta!
Estremeço só de imaginar a cena em que o terrível dirigente sindical agride brutalmente, sucessivas vezes, o pobre e indefeso agente da PSP...
Mas, pior - muito pior - do que isso foi a cena seguinte.
É que, acusa Coelho, além das «agressões sucessivas» ao agente da PSP, «os manifestantes fizeram rebentar um engenho explosivo de pequenas dimensões, vulgo petardo»...
Em tempos, o saudoso ministro Ângelo Correia divertiu-nos à brava com a «insurreição dos pregos».
Agora, vem o Chefe Coelho e faz-nos chorar a rir com a sua «insurreição do engenho explosivo, vulgo petardo».
Não há dúvida: este láparo - vulgo coelho - segue à letra os seus antepassados do salazarento/marcelento MAI, cuja tarefa principal era redigir «notas oficiosas» a decretar que a intervenção das forças da ordem foi «proporcional e adequada» e que os manifestantes não passavam de um bando de terroristas fortemente armados...
É claro que hoje - felizmente para nós e infelizmente para os coelhos - as consequências dessas «notas oficiosas» já não são o que eram...
Mas atenção: como o Brecht aqui nos veio dizer um dia destes, «o ventre, donde isto saiu, ainda é fecundo»...
POEMA
DE QUE SERVE A BONDADE
1
De que serve a bondade
quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
aqueles para quem foram bondosos?
De que serve a liberdade
quando os livres têm que viver entre os não-livres?
De que serve a razão
quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?
2
Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor:
a faça supérflua!
Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
por criar uma situação que a todos liberte
e também o amor da liberdade
faça supérfluo.
Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
um mau negócio!
Brecht
1
De que serve a bondade
quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
aqueles para quem foram bondosos?
De que serve a liberdade
quando os livres têm que viver entre os não-livres?
De que serve a razão
quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?
2
Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor:
a faça supérflua!
Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
por criar uma situação que a todos liberte
e também o amor da liberdade
faça supérfluo.
Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
um mau negócio!
Brecht
E LÁ CHEGARÁ
No Jornal de Notícias de hoje pode ler-se um artigo de «opinião», intitulado «Mourinho VS Deolinda».
A peça é assinada por uma senhora que dá pelo nome de Catarina Carvalho - Directora Executiva das revistas NM/NS» - e o seu conteúdo é igualzinho ao de muitas outras peças escritas por escribas seus colegas.
Peças que todos os dias preenchem o tempo e o espaço dos média dominantes e, aí, levam por diante a ofensiva ideológica com a qual - digo eu, resumindo - pretendem instalar e generalizar a ideia de que a exploração é uma coisa natural, necessária, inevitável.
Mais do que isso: que é, até, uma coisa extremamente vantajosa para quem é explorado pelos grandes grupos económicos e financeiros - que, por coincidência, são os proprietários dos média onde os adestrados escribas de serviço actuam...
Na peça referida, a escriba sublinha e sublima o exemplo do treinador de futebol Mourinho - o seu «sucesso», a sua «paixão pelo trabalho», a sua «ambição de chegar à perfeição».
Enfim, o exemplo a seguir - que ela contrapõe ao exemplo, a não seguir: o dos que só sabem «queixar-se, exigir, choramingar e outros verbos fracos que a geração celebrada pelos Deolinda adora»...
E é certamente a pensar em bons e maus exemplos que dá o seu próprio exemplo:
«Devo confessar - para minha grande vergonha adulta - que estive sentada na Avenida da Liberdade a protestar contra as propinas»...
É claro que a confissão pública desse crime grave que foi ter protestado contra as propinas, e o arrependimento por tão grave delito, eram desnecessários.
Isto porque, se a senhora é o que é - directora-executiva das tais revistas - é porque confessou - no sítio certo, na hora certa e no tom certo - o seu arrependimento...
E já agora, acrescente-se que a «grande vergonha» pelo que fez é bem menor do que a sem-vergonha com que renega o que fez.
Prosseguindo na exibição pública do seu arrependimento - isto é: mostrando inteira fidelidade à voz dos interesses do dono - a arrependida, escreve a dada altura, em jeito de quem decreta, que «o emprego é um dever, não um direito».
Pronto: com esta tirada - que é, aliás, um dos principais eixos da ofensiva ideológica acima referida, e que não há cão nem gato, entre os escribas de serviço, que não utilize - a escriba eleva o seu arrependimento às alturas necessárias... e mostra estar em condições de passar ao nível seguinte...
Porque, escrevendo o que escreve e sendo o que é, exibe de forma inequívoca, não apenas o seu «sucesso» e a sua «paixão pelo trabalho», mas também a sua «ambição de chegar à perfeição»...
E lá chegará.
A peça é assinada por uma senhora que dá pelo nome de Catarina Carvalho - Directora Executiva das revistas NM/NS» - e o seu conteúdo é igualzinho ao de muitas outras peças escritas por escribas seus colegas.
Peças que todos os dias preenchem o tempo e o espaço dos média dominantes e, aí, levam por diante a ofensiva ideológica com a qual - digo eu, resumindo - pretendem instalar e generalizar a ideia de que a exploração é uma coisa natural, necessária, inevitável.
Mais do que isso: que é, até, uma coisa extremamente vantajosa para quem é explorado pelos grandes grupos económicos e financeiros - que, por coincidência, são os proprietários dos média onde os adestrados escribas de serviço actuam...
Na peça referida, a escriba sublinha e sublima o exemplo do treinador de futebol Mourinho - o seu «sucesso», a sua «paixão pelo trabalho», a sua «ambição de chegar à perfeição».
Enfim, o exemplo a seguir - que ela contrapõe ao exemplo, a não seguir: o dos que só sabem «queixar-se, exigir, choramingar e outros verbos fracos que a geração celebrada pelos Deolinda adora»...
E é certamente a pensar em bons e maus exemplos que dá o seu próprio exemplo:
«Devo confessar - para minha grande vergonha adulta - que estive sentada na Avenida da Liberdade a protestar contra as propinas»...
É claro que a confissão pública desse crime grave que foi ter protestado contra as propinas, e o arrependimento por tão grave delito, eram desnecessários.
Isto porque, se a senhora é o que é - directora-executiva das tais revistas - é porque confessou - no sítio certo, na hora certa e no tom certo - o seu arrependimento...
E já agora, acrescente-se que a «grande vergonha» pelo que fez é bem menor do que a sem-vergonha com que renega o que fez.
Prosseguindo na exibição pública do seu arrependimento - isto é: mostrando inteira fidelidade à voz dos interesses do dono - a arrependida, escreve a dada altura, em jeito de quem decreta, que «o emprego é um dever, não um direito».
Pronto: com esta tirada - que é, aliás, um dos principais eixos da ofensiva ideológica acima referida, e que não há cão nem gato, entre os escribas de serviço, que não utilize - a escriba eleva o seu arrependimento às alturas necessárias... e mostra estar em condições de passar ao nível seguinte...
Porque, escrevendo o que escreve e sendo o que é, exibe de forma inequívoca, não apenas o seu «sucesso» e a sua «paixão pelo trabalho», mas também a sua «ambição de chegar à perfeição»...
E lá chegará.
POEMA
APÊNDICE À «CARTILHA DE GUERRA»
(por baixo de uma fotografia de Hitler)
Esse que aí está, esteve quase a governar o mundo.
Mas os povos dominaram-no. No entanto
desejaria não ouvir o vosso triunfante canto:
O ventre, donde este saíu, ainda é fecundo.
Brecht
(por baixo de uma fotografia de Hitler)
Esse que aí está, esteve quase a governar o mundo.
Mas os povos dominaram-no. No entanto
desejaria não ouvir o vosso triunfante canto:
O ventre, donde este saíu, ainda é fecundo.
Brecht
ELES ANDAM POR AÍ...
Joe Berardo - que é, só ele sabe graças a quê, o 10º mais rico de Portugal - botou faladura.
Naquele seu linguajar de palhaço rico, disse que isto está mau, ou seja, que o desemprego, o aumento do custo de vida, etc, são coisas perigosas...
Não pela miséria que levam às casas da imensa maioria dos portugueses - isso é o menos... - mas porque comportam perigos; porque podem provocar «revoluções como as da Tunísia e do Egipto» - e isso é que não!, isso é que é, de todo em todo, inadmissível...
Então que propõe Berardo para atalhar os perigos?
É simples: «alguém tem que vir com um novo sistema de democracia e, se for preciso, mudar o sistema político».
Mudar como?
É simples: «com um novo género de ditadura» - que é o antídoto ideal para as revoluções...
Que ditadura?
É simples: «Quando Salazar tomou conta de Portugal não havia alimentação e havia bombas em Lisboa todos os dias, nos anos 30»...
E foi então que «alguém» - o homem providencial - «tomou conta de Portugal»; e «mudou o sistema político», e instalou «o novo sistema de democracia», o «novo género de ditadura»; e fez o milagre da multiplicação dos pães, da bem-aventurança, da calma em todos os lares, da paz nos espíritos e nas ruas, da ORDEM, enfim...
Não há dúvida: eles andam por aí...
E «o que faz falta é avisar a malta»... e que a malta os meta na ordem.
Naquele seu linguajar de palhaço rico, disse que isto está mau, ou seja, que o desemprego, o aumento do custo de vida, etc, são coisas perigosas...
Não pela miséria que levam às casas da imensa maioria dos portugueses - isso é o menos... - mas porque comportam perigos; porque podem provocar «revoluções como as da Tunísia e do Egipto» - e isso é que não!, isso é que é, de todo em todo, inadmissível...
Então que propõe Berardo para atalhar os perigos?
É simples: «alguém tem que vir com um novo sistema de democracia e, se for preciso, mudar o sistema político».
Mudar como?
É simples: «com um novo género de ditadura» - que é o antídoto ideal para as revoluções...
Que ditadura?
É simples: «Quando Salazar tomou conta de Portugal não havia alimentação e havia bombas em Lisboa todos os dias, nos anos 30»...
E foi então que «alguém» - o homem providencial - «tomou conta de Portugal»; e «mudou o sistema político», e instalou «o novo sistema de democracia», o «novo género de ditadura»; e fez o milagre da multiplicação dos pães, da bem-aventurança, da calma em todos os lares, da paz nos espíritos e nas ruas, da ORDEM, enfim...
Não há dúvida: eles andam por aí...
E «o que faz falta é avisar a malta»... e que a malta os meta na ordem.
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
Os que vão envelhecendo
metem o dinheiro nas caixas económicas.
Diante das caixas económicas estão carros.
Levam o dinheiro
p'rás fábricas de munições.
Brecht
Os que vão envelhecendo
metem o dinheiro nas caixas económicas.
Diante das caixas económicas estão carros.
Levam o dinheiro
p'rás fábricas de munições.
Brecht
DIFERENTE DOS QUE SÃO TODOS IGUAIS
Num texto hoje publicado no jornal de que é Director, João Marcelino comenta o caso do ministro dos Negócios Estrangeiros indiano que, na ONU, leu parte do discurso de Luis Amado, MNE de Portugal, julgando ser o seu discurso.
Diz o Director do DN - pertinente, sublinhe-se - que o caso «mostra o que são hoje as convicções de alguns dos "estadistas" internacionais, como eles preparam o que dizem e, acima de tudo, o papel que têm na produção das ideias de que são porta-vozes».
Todavia, alerta Marcelino - outra vez pertinente - seria injusto concluir que todos os estadistas têm estes comportamentos, já que tal «generalização seria ofensiva para muitos políticos mundiais».
Pena é que, face a generalizações semelhantes feitas aqui em Portugal não haja idêntica reacção da parte de Marcelino ou de qualquer outro jornalista dos média dominantes.
Por exemplo, quando se diz, e esses média - DN incluído - propagam, cada um à sua maneira, que «os partidos são todos iguais», é preciso dizer que... tal «generalização é ofensiva» para o PCP, o qual- como os 90 anos da sua história mostram - é um partido diferente dos que são todos iguais.
Diferente, desde logo, quando no acto da sua fundação, em 6 de Março de 1921, definiu como seu objectivo supremo a construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados.
Diferente, quando, cinco anos depois, após a ordem de Salazar para que todos os partidos se auto-dissolvessem, ao contrário de todos os outros, que acataram a ordem, optou pela resistência, consciente das consequências que tal opção implicava - uma resistência que o afirmou, durante quase meio século, como única força política a enfrentar o regime fascista.
Diferente, pelo papel singular que desempenhou no processo revolucionário e na construção do regime democrático de Abril.
Diferente, pela sua postura, hoje, ocupando a primeira linha da luta contra a política de direita e por um novo rumo para Portugal - e sempre, sempre «tendo o socialismo no horizonte».
Diz o Director do DN - pertinente, sublinhe-se - que o caso «mostra o que são hoje as convicções de alguns dos "estadistas" internacionais, como eles preparam o que dizem e, acima de tudo, o papel que têm na produção das ideias de que são porta-vozes».
Todavia, alerta Marcelino - outra vez pertinente - seria injusto concluir que todos os estadistas têm estes comportamentos, já que tal «generalização seria ofensiva para muitos políticos mundiais».
Pena é que, face a generalizações semelhantes feitas aqui em Portugal não haja idêntica reacção da parte de Marcelino ou de qualquer outro jornalista dos média dominantes.
Por exemplo, quando se diz, e esses média - DN incluído - propagam, cada um à sua maneira, que «os partidos são todos iguais», é preciso dizer que... tal «generalização é ofensiva» para o PCP, o qual- como os 90 anos da sua história mostram - é um partido diferente dos que são todos iguais.
Diferente, desde logo, quando no acto da sua fundação, em 6 de Março de 1921, definiu como seu objectivo supremo a construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados.
Diferente, quando, cinco anos depois, após a ordem de Salazar para que todos os partidos se auto-dissolvessem, ao contrário de todos os outros, que acataram a ordem, optou pela resistência, consciente das consequências que tal opção implicava - uma resistência que o afirmou, durante quase meio século, como única força política a enfrentar o regime fascista.
Diferente, pelo papel singular que desempenhou no processo revolucionário e na construção do regime democrático de Abril.
Diferente, pela sua postura, hoje, ocupando a primeira linha da luta contra a política de direita e por um novo rumo para Portugal - e sempre, sempre «tendo o socialismo no horizonte».
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
Para quê conquistar mercados para os produtos
que os operários fabricam?
Os operários
ficariam com eles de bom grado.
Brecht
Para quê conquistar mercados para os produtos
que os operários fabricam?
Os operários
ficariam com eles de bom grado.
Brecht
UM GRANDE DIA
A «moção de censura» continua a ser o prato forte dos média dominantes: por um lado, aproveitando-a para desviar as atenções do que é fundamental; por outro lado, levando por diante uma autêntica operação de salvamento do BE do buraco em que se meteu.
Entretanto, a situação nacional continua marcada por dois traços fundamentais:
1 - o prosseguimento da política de direita ao serviço dos interesses do grande capital e contra os interesses dos trabalhadores, do povo e do País - com consequências terríveis no agravamento constante das condições de trabalho e de vida da imensa maioria dos portugueses;
2 - a luta dos trabalhadores contra essa política e por uma mudança de rumo para Portugal - luta que é, ela sim, no seu todo e em cada uma das suas expressões parciais, a mais eficaz de todas as moções de censura à política de direita e a única que a poderá derrotar definitivamente.
Momento importante dessa moção de censura, foi a recente semana de luta no sector dos transportes e comunicações, traduzida num vasto conjunto de fortes greves e paralisações em empresas como Metro/Lisboa, Transtejo, Carris, CP, EMEF, CP/Carga, Soflusa, Refer, STCP, CTT, INCM, etc.
E nos próximos dias e semanas, a luta vai continuar - em sectores, em empresas e locais de trabalho, juntando forças, unindo vontades, criando condições para maiores, mais fortes e mais participadas lutas.
Amanhã, é a vez de os trabalhadores da Administração Pública se reunirem, às 14H30, num grande Encontro Nacional, na Praça da Figueira, e de, ali, apresentarem a sua moção de censura, expressa na determinação de «defender os serviços públicos, os direitos, os salários, as pensões e a democracia».
E a luta de massas voltará a atingir expressão maior na grande Manifestação Nacional que a CGTP-IN convocou para o dia 19 de Março, em Lisboa.
E esta será, certamente, uma poderosa moção de censura à política de direita.
À política de direita que, na actualidade, tem o governo PS/Sócrates como executante de serviço - e que, não o esqueçamos, tem vindo a ser executada, desde há 35 anos, pelos três partidos da contra-revolução de Abril: PS, PSD e CDS.
Dia 19 de Março tem que ser - vai ser - UM GRANDE DIA.
Entretanto, a situação nacional continua marcada por dois traços fundamentais:
1 - o prosseguimento da política de direita ao serviço dos interesses do grande capital e contra os interesses dos trabalhadores, do povo e do País - com consequências terríveis no agravamento constante das condições de trabalho e de vida da imensa maioria dos portugueses;
2 - a luta dos trabalhadores contra essa política e por uma mudança de rumo para Portugal - luta que é, ela sim, no seu todo e em cada uma das suas expressões parciais, a mais eficaz de todas as moções de censura à política de direita e a única que a poderá derrotar definitivamente.
Momento importante dessa moção de censura, foi a recente semana de luta no sector dos transportes e comunicações, traduzida num vasto conjunto de fortes greves e paralisações em empresas como Metro/Lisboa, Transtejo, Carris, CP, EMEF, CP/Carga, Soflusa, Refer, STCP, CTT, INCM, etc.
E nos próximos dias e semanas, a luta vai continuar - em sectores, em empresas e locais de trabalho, juntando forças, unindo vontades, criando condições para maiores, mais fortes e mais participadas lutas.
Amanhã, é a vez de os trabalhadores da Administração Pública se reunirem, às 14H30, num grande Encontro Nacional, na Praça da Figueira, e de, ali, apresentarem a sua moção de censura, expressa na determinação de «defender os serviços públicos, os direitos, os salários, as pensões e a democracia».
E a luta de massas voltará a atingir expressão maior na grande Manifestação Nacional que a CGTP-IN convocou para o dia 19 de Março, em Lisboa.
E esta será, certamente, uma poderosa moção de censura à política de direita.
À política de direita que, na actualidade, tem o governo PS/Sócrates como executante de serviço - e que, não o esqueçamos, tem vindo a ser executada, desde há 35 anos, pelos três partidos da contra-revolução de Abril: PS, PSD e CDS.
Dia 19 de Março tem que ser - vai ser - UM GRANDE DIA.
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
O pintor de tabuletas diz:
quantos mais canhões se fundirem
mais tempo haverá de paz.
Sendo assim dir-se-ia:
quanto mais grão se deitar à terra
menos trigo crescerá.
Quantas mais vitelas se abaterem
menos carne haverá.
Quanta mais neve derreter nos montes
mais baixos os rios serão.
Brecht
O pintor de tabuletas diz:
quantos mais canhões se fundirem
mais tempo haverá de paz.
Sendo assim dir-se-ia:
quanto mais grão se deitar à terra
menos trigo crescerá.
Quantas mais vitelas se abaterem
menos carne haverá.
Quanta mais neve derreter nos montes
mais baixos os rios serão.
Brecht
TÍTULOS EXEMPLARES...
Eis quatro títulos de jornais de hoje:
«Portugueses compram menos remédios e já pedem crédito nas farmácias»
«Sete idosos encontrados mortos em casa em apenas oito dias»
«Desemprego bate todos os recordes»
«Quase metade dos desempregados são jovens»
Comentários para quê?: estes títulos, em escassas dezenas de palavras, resumem exemplarmente o essencial das consequências de 35 anos de política de direita aplicada pelo PS, o PSD e o CDS/PP.
«Portugueses compram menos remédios e já pedem crédito nas farmácias»
«Sete idosos encontrados mortos em casa em apenas oito dias»
«Desemprego bate todos os recordes»
«Quase metade dos desempregados são jovens»
Comentários para quê?: estes títulos, em escassas dezenas de palavras, resumem exemplarmente o essencial das consequências de 35 anos de política de direita aplicada pelo PS, o PSD e o CDS/PP.
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
As raparigas à sombra das árvores da aldeia
escolhem os namorados.
A morte escolhe também.
Talvez
nem sequer as árvores fiquem com vida.
Brecht
As raparigas à sombra das árvores da aldeia
escolhem os namorados.
A morte escolhe também.
Talvez
nem sequer as árvores fiquem com vida.
Brecht
UMA GRANDE NOTÍCIA
Boas notícias, estas que nos falam de um comunicado divulgado pelo Partido Comunista do Egipto (PCE).
Como se esperava, e como adiante se verá, estamos perante uma forma distinta de análise da situação no Egipto: é das questões cruciais para o povo e para o país que o comunicado trata.
Derrubado o ditador há, agora, que «derrubar o regime, as suas instituições, organismos e símbolos», dizem os comunistas egípcios, para os quais é imperativo que seja recuperado «o papel de actor nacional do Egipto no mundo árabe e no plano internacional, face ao interesses do imperialismo e do sionismo».
Bem visto, digo eu, já que, sem isso, tudo ficará (mais ou menos) na mesma.
Valorizando algumas das medidas tomadas pelo Conselho Superior das Forças Armadas - designadamente a suspensão da Constituição, a dissolução do parlamento e o estabelecimento de um período de transição até à convocação de eleições livres e democráticas - o PCE aponta a necessidade de substituir o governo actual (nomeado por Mubarak) por um governo civil de transição.
Por outro lado, o PCE defende a satisfação, com carácter de urgência, das reivindicações que estão na base da vaga de greves que paralisa praticamente todos os sectores de actividade do país: fim da corrupção e da tirania, aumentos de salários, melhoria das condições de trabalho e de vida, instituição dos salários mínimo e máximo nacionais.
Os comunistas egípcios exigem, também, a libertação imediata dos presos políticos e a liberdade de formação de partidos políticos.
O PCE apela à luta dos trabalhadores e do povo, condição indispensável para que todos estes objectivos sejam alcançados.
Nesse sentido, o PCE convocou uma manifestação para a próxima sexta-feira - com a qual se propõe «comemorar a revolução e mobilizar o povo para que se assuma como actor principal e garante de que o processo revolucionário seguirá a direcção justa».
Independentemente do maior ou menor êxito que a manifestação venha a alcançar, o facto de ela ter sido convocada - convocada pelo Partido Comunista do Egipto - é, por si só, uma grande notícia.
Como se esperava, e como adiante se verá, estamos perante uma forma distinta de análise da situação no Egipto: é das questões cruciais para o povo e para o país que o comunicado trata.
Derrubado o ditador há, agora, que «derrubar o regime, as suas instituições, organismos e símbolos», dizem os comunistas egípcios, para os quais é imperativo que seja recuperado «o papel de actor nacional do Egipto no mundo árabe e no plano internacional, face ao interesses do imperialismo e do sionismo».
Bem visto, digo eu, já que, sem isso, tudo ficará (mais ou menos) na mesma.
Valorizando algumas das medidas tomadas pelo Conselho Superior das Forças Armadas - designadamente a suspensão da Constituição, a dissolução do parlamento e o estabelecimento de um período de transição até à convocação de eleições livres e democráticas - o PCE aponta a necessidade de substituir o governo actual (nomeado por Mubarak) por um governo civil de transição.
Por outro lado, o PCE defende a satisfação, com carácter de urgência, das reivindicações que estão na base da vaga de greves que paralisa praticamente todos os sectores de actividade do país: fim da corrupção e da tirania, aumentos de salários, melhoria das condições de trabalho e de vida, instituição dos salários mínimo e máximo nacionais.
Os comunistas egípcios exigem, também, a libertação imediata dos presos políticos e a liberdade de formação de partidos políticos.
O PCE apela à luta dos trabalhadores e do povo, condição indispensável para que todos estes objectivos sejam alcançados.
Nesse sentido, o PCE convocou uma manifestação para a próxima sexta-feira - com a qual se propõe «comemorar a revolução e mobilizar o povo para que se assuma como actor principal e garante de que o processo revolucionário seguirá a direcção justa».
Independentemente do maior ou menor êxito que a manifestação venha a alcançar, o facto de ela ter sido convocada - convocada pelo Partido Comunista do Egipto - é, por si só, uma grande notícia.
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
É noite. Os casais
vão deitar-se nas camas. As mulheres novas
vão parir órfãos.
Brecht
É noite. Os casais
vão deitar-se nas camas. As mulheres novas
vão parir órfãos.
Brecht
TIRANIAS
De um modo geral, toda a gente se manifestou satisfeita com a demissão do ditador egípcio: uns, porque ficaram mesmo satisfeitos;
outros, porque... ficaria mal não mostrarem satisfação (mesmo depois de terem apoiado o tirano durante décadas...)
Há também os que, não tendo ficado nada satisfeitos com a demissão de Mubarak, não ousam tornar pública a sua insatisfação - porque não fica bem...
E há, ainda, os que, incapazes de esconder o que pensam, e sentindo-se à vontade para exibir o que lhes vai naialma, manifestam publicamente a sua insatisfação - de moca afiada, como manda a tradição...
Está neste caso Alberto Gonçalves, sociólogo dominical do Diário de Notícias, reaccionarão dos quatro costados com frequentes assomos fascizantes, versão actual dos salazarentos escribas do antigamente.
Escreve ele, o sociólogo dominical, que «o combate à tirania de Mubarak faz-se em nome de uma tirania imensamente pior» - isto porque, desabafa o Gonçalves, «o que a maioria ruidosa ou silenciosa de egípcios quer é uma possibilidade de viver sob a barbárie da shari».
Estão a ver?: para o Gonçalves era muito melhor ficar tudo como estava: com «o nosso ditador» - que é bom porque é «o nosso»; com «a nossa tirania»- que é boa porque é «a nossa»; com «a nossa barbárie»- que é boa porque é «a nossa».
Assim, para o sociólogo dominical a opção é entre uma «tirania» e outra «tirania» - uma boa, «a nossa», outra má, «a deles», dos islamistas... - e mais nada.
Pelo que, se os milhões que derrubaram o ditador que durante trinta anos os oprimiu, vierem dizer que não querem mais tiranias - nem «boas», nem «más», nem a tirania de Mubarak recauchutada - estou em crer que o Gonçalves entra em parafuso...
E se esses mesmos milhões vierem dizer que desejam viver num pais democrático e independente, em que os seus direitos económicos, políticos, sociais, culturais, humanos, sejam respeitados... bom, aí o sociólogo dominical rebentará de raiva - porque essa seria, para ele, a pior de todas as «tiranias»... que haveria que esmagar a ferro e fogo, à boa maneira «islamista» que é gémea da boa maneira «ocidental»...
outros, porque... ficaria mal não mostrarem satisfação (mesmo depois de terem apoiado o tirano durante décadas...)
Há também os que, não tendo ficado nada satisfeitos com a demissão de Mubarak, não ousam tornar pública a sua insatisfação - porque não fica bem...
E há, ainda, os que, incapazes de esconder o que pensam, e sentindo-se à vontade para exibir o que lhes vai naialma, manifestam publicamente a sua insatisfação - de moca afiada, como manda a tradição...
Está neste caso Alberto Gonçalves, sociólogo dominical do Diário de Notícias, reaccionarão dos quatro costados com frequentes assomos fascizantes, versão actual dos salazarentos escribas do antigamente.
Escreve ele, o sociólogo dominical, que «o combate à tirania de Mubarak faz-se em nome de uma tirania imensamente pior» - isto porque, desabafa o Gonçalves, «o que a maioria ruidosa ou silenciosa de egípcios quer é uma possibilidade de viver sob a barbárie da shari».
Estão a ver?: para o Gonçalves era muito melhor ficar tudo como estava: com «o nosso ditador» - que é bom porque é «o nosso»; com «a nossa tirania»- que é boa porque é «a nossa»; com «a nossa barbárie»- que é boa porque é «a nossa».
Assim, para o sociólogo dominical a opção é entre uma «tirania» e outra «tirania» - uma boa, «a nossa», outra má, «a deles», dos islamistas... - e mais nada.
Pelo que, se os milhões que derrubaram o ditador que durante trinta anos os oprimiu, vierem dizer que não querem mais tiranias - nem «boas», nem «más», nem a tirania de Mubarak recauchutada - estou em crer que o Gonçalves entra em parafuso...
E se esses mesmos milhões vierem dizer que desejam viver num pais democrático e independente, em que os seus direitos económicos, políticos, sociais, culturais, humanos, sejam respeitados... bom, aí o sociólogo dominical rebentará de raiva - porque essa seria, para ele, a pior de todas as «tiranias»... que haveria que esmagar a ferro e fogo, à boa maneira «islamista» que é gémea da boa maneira «ocidental»...
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
General, o teu tanque é um carro forte.
Arrasa um bosque e esmaga centos de homens.
Mas tem um defeito:
precisa de um condutor.
General, o teu bombardeiro é forte.
Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um elefante.
Mas tem um defeito:
precisa de um mecânico.
General, o homem é muito hábil.
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito:
sabe pensar.
Brecht
General, o teu tanque é um carro forte.
Arrasa um bosque e esmaga centos de homens.
Mas tem um defeito:
precisa de um condutor.
General, o teu bombardeiro é forte.
Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um elefante.
Mas tem um defeito:
precisa de um mecânico.
General, o homem é muito hábil.
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito:
sabe pensar.
Brecht
A PERGUNTA QUE TARDAVA
A «moção» prossegue o seu caminho, cumprindo assim o destino previsto de projectar o BE para a ribalta mediática, sem a qual o partido de Louçã não sabe nem pode viver e que constitui a sua principal prova de vida.
Desta vez, contudo, e ao contrário do que sempre tem acontecido, as coisas não estão a correr bem para os bloquistas: há críticas, muitas, à esperteza saloia que esta operação de Louçã evidencia, sendo que algumas dessas críticas surgem no interior do próprio partido.
Mas atenção: os tradicionais apoiantes do BE nos média dominantes não dormem...
No Diário de Notícias de hoje, a jornalista Eva Cabral produz uma peça que abre com a oportuníssima pergunta:
«será que o BE podia contribuir para uma solução governativa à esquerda, funcionando à semelhança do que o CDS representa para o PSD?» (entenda-se que «à esquerda» significa, para a jornalista, com o PS...)
Ora aí está a pergunta que, nas circunstâncias actuais, se apresenta como uma excelentíssima oportunidade para o partido de Louçã dar banho à sua imagem após a sucessão de manifestações de incontinente oportunismo político vertida nos últimos meses.
Aí está, portanto, a pergunta pela qual o BE ansiava. E que tardava... mas chegou.
Foi assim que, construída a pergunta - certamente na sequência de intenso labor meníngico - a jornalista endereçou-a ao destinatário que a aguardava ansiosamente.
O sortudo foi, desta vez, João Semedo - o qual, como estava previsto, rejeitou categoricamente a hipótese da tal «solução governativa» e, recorrendo ao típico discurso bloquista - feito de frases supostamente sonoras e vivendo exclusivamente dessa suposta sonoridade - respondeu sonoramente:
«o que o BE quer é construir uma esquerda de governo para um governo de esquerda»...
Genial, não acham?
Diz-me a minha memória - e tenho todas as razões para nela confiar - que raras vezes o pensamento bloqueiro terá atingido tamanhas alturas e sonoridades.
Eu, se estivesse no lugar do líder Louçã, punha-me a pau com este Semedo.
É que, quem produz uma frase como a acima citada, revela incontestáveis - quiçá incontornáveis... - artes de liderança.
Mas não há crise: Louçã sabe isso muito melhor do que eu - e o mais certo é que, à hora a que escrevo este post, um, ou uma, qualquer jornalista, esteja já a elaborar, afanosamente, a pergunta que permitirá ao líder, uma vez mais, afirmar-se como tal, exibindo a superior qualidade da sonoridade do seu verbo.
Desta vez, contudo, e ao contrário do que sempre tem acontecido, as coisas não estão a correr bem para os bloquistas: há críticas, muitas, à esperteza saloia que esta operação de Louçã evidencia, sendo que algumas dessas críticas surgem no interior do próprio partido.
Mas atenção: os tradicionais apoiantes do BE nos média dominantes não dormem...
No Diário de Notícias de hoje, a jornalista Eva Cabral produz uma peça que abre com a oportuníssima pergunta:
«será que o BE podia contribuir para uma solução governativa à esquerda, funcionando à semelhança do que o CDS representa para o PSD?» (entenda-se que «à esquerda» significa, para a jornalista, com o PS...)
Ora aí está a pergunta que, nas circunstâncias actuais, se apresenta como uma excelentíssima oportunidade para o partido de Louçã dar banho à sua imagem após a sucessão de manifestações de incontinente oportunismo político vertida nos últimos meses.
Aí está, portanto, a pergunta pela qual o BE ansiava. E que tardava... mas chegou.
Foi assim que, construída a pergunta - certamente na sequência de intenso labor meníngico - a jornalista endereçou-a ao destinatário que a aguardava ansiosamente.
O sortudo foi, desta vez, João Semedo - o qual, como estava previsto, rejeitou categoricamente a hipótese da tal «solução governativa» e, recorrendo ao típico discurso bloquista - feito de frases supostamente sonoras e vivendo exclusivamente dessa suposta sonoridade - respondeu sonoramente:
«o que o BE quer é construir uma esquerda de governo para um governo de esquerda»...
Genial, não acham?
Diz-me a minha memória - e tenho todas as razões para nela confiar - que raras vezes o pensamento bloqueiro terá atingido tamanhas alturas e sonoridades.
Eu, se estivesse no lugar do líder Louçã, punha-me a pau com este Semedo.
É que, quem produz uma frase como a acima citada, revela incontestáveis - quiçá incontornáveis... - artes de liderança.
Mas não há crise: Louçã sabe isso muito melhor do que eu - e o mais certo é que, à hora a que escrevo este post, um, ou uma, qualquer jornalista, esteja já a elaborar, afanosamente, a pergunta que permitirá ao líder, uma vez mais, afirmar-se como tal, exibindo a superior qualidade da sonoridade do seu verbo.
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
A guerra que aí vem
não é primeira. Antes dela
houve outras guerras.
Quando a última acabou
houve vencedores e vencidos.
Entre os vencidos o povo baixo
passou fome. Entre os vencedores
passou fome também o povo baixo.
Brecht
A guerra que aí vem
não é primeira. Antes dela
houve outras guerras.
Quando a última acabou
houve vencedores e vencidos.
Entre os vencidos o povo baixo
passou fome. Entre os vencedores
passou fome também o povo baixo.
Brecht
OS LÍDERES SÃO ASSIM...
Eis, em resumo, a curta-metragem em exibição nos últimos dias, em sessões contínuas, nos média dominantes:
A Mesa Nacional do BE reuniu no sábado, dia 5.
Uns dias depois, o líder Francisco Louçã anunciou a apresentação, para 10 de Março, de uma moção de censura (não sem, antes, ter criticado severamente a hipótese de o PCP apresentar uma moção de censura à política de direita...)
Face a isto, pensámos - eu e os meus botões - que a anunciada moção correspondia a uma decisão da Mesa Nacional.
Puro engano: veio agora um bloquista dizer que a Mesa Nacional, nessa reunião do dia 5, não só não decidiu apresentar uma moção como decidiu não apresentar uma moção.
O mesmo bloquista considera que o anúncio da iniciativa é um acto de «oportunismo», tanto mais que, diz ele, a direcção do BE sabe que o PSD não a viabilizará (o que significa - isto dizemos eu e os meus botões - que, afinal, nas circunstâncias actuais, a referida moção serve essencialmente os interesses do Governo de Sócrates...)
Prosseguindo a reflexão, lembrámo-nos - eu e os meus botões - de outro anúncio público protagonizado pelo líder Louçã, também à revelia do órgão colectivo que é (devia ser...) a Mesa Nacional: o anúncio do apoio à candidatura de Manuel Alegre, a qual, como era previsível, viria a ser apoiada pelo partido do Governo...
E concluímos - eu e os meus botões - que este protagonismo do líder, esta repetida atitude de decidir sozinho e anunciar o que sozinho decidiu sem dar cavaco aos liderados, faz parte das normas de funcionamento do partido BE.
E concluímos, finalmente - eu e os meus botões - que são assim os partidos burgueses. Todos. Sem excepção.
Do centralismo democrático - que odeiam e combatem encarniçadamente - adoptam apenas e só o centralismo... e, à decisão democrática (tomada colectivamente e aplicada colectivamente), preferem a decisão tomada pelo todo poderoso líder - que, esse sim, é que sabe...
(no final desta reflexão colectiva, perguntei aos meus botões: já repararam que todos os governantes que, durante 30 anos, não se cansaram de apoiar os crimes do ditador Mubarak, não se cansam, agora, de festejar o derrubamento do seu ex-amigo do peito?
E eles, os meus botões, responderam: sabes bem que os líderes são assim...)
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
O PINTOR DE TABULETAS FALA DE GRANDES TEMPOS FUTUROS.
As florestas crescem ainda.
Os campos dão frutos ainda.
As cidades estão de pé ainda.
Os homens respiram ainda.
Brecht
O PINTOR DE TABULETAS FALA DE GRANDES TEMPOS FUTUROS.
As florestas crescem ainda.
Os campos dão frutos ainda.
As cidades estão de pé ainda.
Os homens respiram ainda.
Brecht
SE...
A televisão mostra imagens do povo em festa, na Praça Tahrir.
E diz, em rodapé:
«Mubarak demitiu-se - Obama falará às 18H30»
Querem apostar que o Obama vai apresentar-se como uma espécie de herói da libertação?...
De destacar, para já, é o facto de a vitória que foi demissão do ditador - que, durante 30 anos foi o homem de mão dos EUA no Egipto - exemplificar de forma clara a força imparável das massas em movimento.
A mostrar, também, que... mais, muito mais do que esta primeira vitória é possível. Se...
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
Os de cima dizem: no exército
reina a comunhão do povo.
Se é verdade ou não, ficais a sabê-lo
na cozinha.
Nos corações deve
haver a mesma coragem. Mas
nas marmitas há
comer de duas espécies.
Brecht
Os de cima dizem: no exército
reina a comunhão do povo.
Se é verdade ou não, ficais a sabê-lo
na cozinha.
Nos corações deve
haver a mesma coragem. Mas
nas marmitas há
comer de duas espécies.
Brecht
NO EGIPTO, A LUTA CONTINUA
Dizem os jornais que «Barack Obama e Hillary Clinton estão desiludidos» com o rumo das coisas no Egipto.
E por que é que os patrões estão «desiludidos»?: porque confiavam em que Suleiman (o vice-presidente recém nomeado por Mubarak) «controlasse os manifestantes e pusesse termo à crise»... e afinal, apesar das promessas feitas por Suleiman - «de aumento dos salários e das reformas e de não perseguir ninguém» - as manifestações de massas (ou seja: «a crise», na visão Obama/Clinton) não só não param como aumentam de força e intensidade...
Com efeito, os manifestantes continuam a ocupar a Praça Tahrir, no Cairo, bem como outras praças noutras cidades (Alexandria, Suez, Ismailia e Port Said), e deram mesmo um significativo passo em frente: cercaram o Parlamento, na capital.
Para além disso, as greves sucedem-se por todo o país: «O Egipto está praticamente parado».
Acresce ainda que os manifestantes subiram a fasquia reivindicativa em relação a Mubarak: agora, não exigem apenas a demissão do ditador, e muito menos querem que ele saia do país: exigem que ele seja julgado, no Egipto, pelos crimes que cometeu e pelo dinheiro que roubou - que se calcula andar pelos 50 mil milhões de dólares (que é, mais ou menos, o correspondente à fortuna de Bill Gates...)
Tudo razões para que as «desilusões» de Obama/Hillary sejam cada vez maiores...
Na verdade, não há nada como a luta dos oprimidos para criar «desilusões» aos opressores.
POEMA
DA «CARTILHA DE GUERRA ALEMû
Não vamos agora discutir
se explorámos o poder quando o tínhamos.
Agora já não temos o poder.
Não vamos agora falar
sobre se isto vai sem violência.
Agora foi a violência que nos derrubou.
Brecht
Não vamos agora discutir
se explorámos o poder quando o tínhamos.
Agora já não temos o poder.
Não vamos agora falar
sobre se isto vai sem violência.
Agora foi a violência que nos derrubou.
Brecht
«PARVA QUE SOU» INCOMODA MUITA GENTE
O êxito fulgurante da canção dos Deolinda - o tiro certeiro que ela é nas condições vividas por milhares e milhares de jovens e o impacto que teve junto de vastos segmentos das massas juvenis às quais se dirige - está a incomodar muita gente.
Obviamente, gente que, por tradição, vocação e... profissão, tem por dever incomodar-se com tudo o que, minimamente, belisque a ordem reinante e a opressão e a exploração que a sustentam - e que estão na origem das situações denunciadas na canção.
Na última página do Correio da Manhã de hoje, o habitual cronista de serviço à habitual coluna da direita - por ele significativamente designada Diário da Manhã (que foi título do órgão oficial do fascismo salazarista) - dispara, furioso, sobre «Parva que Sou» e os seus autores.
Num texto muito ao estilo das crónicas salazarentas de antanho, vomita ele: «para não se falar de coisas sérias (...) arranjam-se umas canções imbecis, com letras medíocres para salivar uns tantos lugares comuns» - e, prosseguindo na salivação, cospe assim: «ponham as Deolindas idiotas no caixote do lixo e deixem de ser parvos»...
Também na última página do Diário de Notícias de hoje, o habitual cronista de serviço à habitual coluna da direita - a pretexto do caso de uma senhora idosa que, na Inglaterra, se atirou a uns gatunos que se preparavam para assaltar um cidadão, na rua - conclui que uma atitude como a da velha senhora inglesa, «vale mais do que o choro dos Deolinda»...
Vindas de quem vêm, estas opiniões constituem rasgados elogios à canção dos Deolinda.
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