TRÊS NOTAS A PROPÓSITO DO CENTENÁRIO
Primeira nota: PS, PCP, BE E PEV - que o Público, erradamente, designa por «esquerda parlamentar» (erradamente porque, não sendo o PS um partido de esquerda, não pode ser incluído na esquerda parlamentar) - rejeitaram o «voto de pesar» sobre o regicídio ocorrido há 100 anos.
E, a meu ver, muito bem. Ponto final.
Segunda nota: não percebi - e desagradou-me - a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na cerimónia de inauguração de uma estátua do rei D. Carlos.
O meu desagrado aumentou ao ler o discurso proferido pelo PR em Cascais e os elogios despropositados (para não dizer outra coisa) a esse personagem indigno que foi o penúltimo rei de Portugal.
Estou convencido de que o PR desconhece parte grande dos actos execráveis praticados por D. Carlos - repressão ditatorial, utilização abusiva e roubo de elevadíssimos bens públicos, etc, etc.
E, sendo certo que o PR não pode saber tudo (nem tal lhe pode ser exigido), não é menos certo que não deveria falar do que, aparentemente, desconhece.
Se assim procedesse teria sido, talvez, mais comedido nos elogios desbragados que fez a um indivíduo mal formado, arrogante, insolente e que, quando se referia ao povo português, o designava por «aquela piolheira».
Terceira nota: sobre o tema pronunciou-se, também, o Cardeal Patriarca de Lisboa.
D. José Policarpo condenou esse «acto de violência política» que foi o regicídio.
E, sublinhando que esse «não foi, infelizmente, o último acto de violência», aproveitou para condenar a perseguição religiosa durante a I República.
Ora, se a memória do Cardeal nessa matéria se resume a isso, há que avivar-lha, designadamente recordando-lhe que o regicídio não foi nem «o último» nem o primeiro acto de «violência política».
Ou seja: antes do regicídio - em plena Monarquia e com D. Carlos como rei - sucederam-se os actos de violência política, nomeadamente quando o rei encerrou o Parlamento e instituíu uma ditadura à maneira: acabando com a liberdade de imprensa, mandando prender milhares de pessoas e enviando muitos dos seus opositores para o degredo sem retorno de Timor.
Recorde-se, também, ao Cardeal que a «perseguição religiosa da I República» não é comparável, nem de longe nem de perto, com a brutal repressão dessa mesma I República contra os trabalhadores que lutavam pelos seus direitos.
Recorde-se, ainda, ao Cardeal que a violência política atingiu a escala máxima no decorrer dos 48 anos de ditadura fascista, com total ausência de liberdade, com dezenas de milhares de presos e de assassinados - 48 anos durante os quais, como o Cardeal Patriarca de Lisboa sabe, a Igreja Católica foi uma constante e fiel aliada do regime fascista repressor, torturador, opressor.
E, já agora, refira-se igualmente a violência política de novo tipo a que a política de direita, praticada pelo PS e pelo PSD desde há mais de trinta anos, tem vindo a submeter os trabalhadores e o povo português.
Primeira nota: PS, PCP, BE E PEV - que o Público, erradamente, designa por «esquerda parlamentar» (erradamente porque, não sendo o PS um partido de esquerda, não pode ser incluído na esquerda parlamentar) - rejeitaram o «voto de pesar» sobre o regicídio ocorrido há 100 anos.
E, a meu ver, muito bem. Ponto final.
Segunda nota: não percebi - e desagradou-me - a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na cerimónia de inauguração de uma estátua do rei D. Carlos.
O meu desagrado aumentou ao ler o discurso proferido pelo PR em Cascais e os elogios despropositados (para não dizer outra coisa) a esse personagem indigno que foi o penúltimo rei de Portugal.
Estou convencido de que o PR desconhece parte grande dos actos execráveis praticados por D. Carlos - repressão ditatorial, utilização abusiva e roubo de elevadíssimos bens públicos, etc, etc.
E, sendo certo que o PR não pode saber tudo (nem tal lhe pode ser exigido), não é menos certo que não deveria falar do que, aparentemente, desconhece.
Se assim procedesse teria sido, talvez, mais comedido nos elogios desbragados que fez a um indivíduo mal formado, arrogante, insolente e que, quando se referia ao povo português, o designava por «aquela piolheira».
Terceira nota: sobre o tema pronunciou-se, também, o Cardeal Patriarca de Lisboa.
D. José Policarpo condenou esse «acto de violência política» que foi o regicídio.
E, sublinhando que esse «não foi, infelizmente, o último acto de violência», aproveitou para condenar a perseguição religiosa durante a I República.
Ora, se a memória do Cardeal nessa matéria se resume a isso, há que avivar-lha, designadamente recordando-lhe que o regicídio não foi nem «o último» nem o primeiro acto de «violência política».
Ou seja: antes do regicídio - em plena Monarquia e com D. Carlos como rei - sucederam-se os actos de violência política, nomeadamente quando o rei encerrou o Parlamento e instituíu uma ditadura à maneira: acabando com a liberdade de imprensa, mandando prender milhares de pessoas e enviando muitos dos seus opositores para o degredo sem retorno de Timor.
Recorde-se, também, ao Cardeal que a «perseguição religiosa da I República» não é comparável, nem de longe nem de perto, com a brutal repressão dessa mesma I República contra os trabalhadores que lutavam pelos seus direitos.
Recorde-se, ainda, ao Cardeal que a violência política atingiu a escala máxima no decorrer dos 48 anos de ditadura fascista, com total ausência de liberdade, com dezenas de milhares de presos e de assassinados - 48 anos durante os quais, como o Cardeal Patriarca de Lisboa sabe, a Igreja Católica foi uma constante e fiel aliada do regime fascista repressor, torturador, opressor.
E, já agora, refira-se igualmente a violência política de novo tipo a que a política de direita, praticada pelo PS e pelo PSD desde há mais de trinta anos, tem vindo a submeter os trabalhadores e o povo português.
5 comentários:
Esta classe dominante, incluindo os senhores jornlistas e politólogos, pensam que, os restantes, são todos ignorantes e passivos.
Qualquer dia estão a propor um voto de pesar pelos acontecimentos que originaram o 25 de ABRIL.
Verdade se diga que todas estas palhaçadas, têm um certo ar de feira de vaidades, porque ninguem lhes liga nenhuma.
Viva a RÉPUBLICA.
25 DE ABRIL SEMPRE!
josé manangão
Depois dele ter afirmado quando era 1º. sargento, perdão, 1º. ministro que a peça de Mozart que mais gostava era do Amadeus!.. foi para não ficar atrás do autor dos Concertos para Violino de Chopin, já se espera tudo. Ele provavelmente nem sabe quantos dedos tem uma vaca!... O policarpo não tem nada a ver com Jesus AC (Antes de Constantino). Quem ele serve é o ídolo criado pelo criminoso Constantino. Jesus depois de adulto (12 anos) a única vez que foi ao templo foi para chicotear os cambistas (banqueiros) e outros vendilhões daquele covil de ladrões.
josé manangão: Viva a República! Viva o 25 de Abril!
Abraço grande.
antuã: o rol de coisas dessas que ele disse dava para publicar um livro - como aquele que, após o 25 de Abril, o Mário castrim organizou sobre os pensamentos do Tomás.
Abraço grande.
Lembro-me da minha avô e velhos tios, relatando as lutas e actividade na Carbonária (uma organização secreta, anti-monarquica, antimaçonica e antireligiosa). Lembro-me de brincar com bengalas (lindíssimas, com marfim embutido) de onde saia um perigoso punhal, de um guarda-chuva que guardava um minúsculo revolver e a velha cartola que ocultava senhas secretas. Alguns foram presos e voltaram a sê-lo, quando já eram militantes comunistas (já Salazar estava no poder). Ouvi, falar na Luta pela Liberdade, dos perigos da monarquia, da opulência como vivia o rei D. Carlos, o porquê da sua sífilis, num tempo onde a miséria, a fome e a opressão do povo era esquecida por um reino onde a abundância e a prepotência existia.
É no mínimo um escândalo (para mim) o PR ter sido parte integrante nas cerimónias, quanto ao clero é natural, sempre ao lado do poder, contra os mais desprotegidos.
Eles sabem muito! Hoje, D. Carlos, amanhã Salazar.
GR
gr: acabo de ler o protesto de uma associação monárquica à Câmara de Castro Verde, por esta ter homenageado um dos regicídas - Alfredo Costa, natural daquele concelho alentejano. Dizem estes monárquicos que D. Carlos foi «um defensor do parlamentarismo» e que «promoveu e honrou os valores da liberdade e da democracia». É preciso ter lata, não é?
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