CANTAS BEM...

... MAS NÃO ME ALEGRAS


Mostra-nos a realidade que, durante os últimos 32 anos, o PS - de Soares a Sócrates, passando, entre outros, por Sampaio e Guterres - ocupou lugar de vanguarda na execução e apoio da política de direita.
Pode dizer-se, mesmo, que o PS tem sido, no plano partidário, o instrumento fundamental da contra-revolução de Abril que entregou o País ao poder do grande capital nacional e internacional.

Mostra-nos igualmente essa realidade que sempre que as coisas começam a dar para o torto e o descontentamento com governos PS ganha grande dimensão, logo surgem, do seio dessa família, umas quantas rosas floridas, pintadas em tons de vermelho, a gritar contra as «injustiças», a «exigir esquerda», a declamar, em prosa ou em verso, vibrantes orações em louvor da «Esquerda».
Trata-se de verdadeiros artistas que, alinhando com tudo o que vem sendo feito para destruir Abril, quando se apercebem de que o povo os está a topar, vestem os fatos de esquerda e fazem o papel de oposição à política que o governo do seu partido está a fazer: são os chamados «seguros de vida de esquerda do PS».

Um protagonista dessa representação teatral desde há mais de trinta anos, é Manuel Alegre.
E, é justo dizer, fá-lo com assinalável brilhantismo - e com assinalável sem vergonha.
Sempre assim foi: desde os tempos em que escrevia sentidos poemas sobre o Alentejo e os alentejanos, mas votava, na Assembleia, as leis que iriam destruir a Reforma Agrária (ou saía na altura das votações) - até aos tempos actuais, em que protesta e grita contra a política de Saúde do Governo PS, mas vota o Orçamento de Estado que vai prosseguir a política de Saúde do Governo PS.

Protesta e grita... e é ouvido por quem tem a tarefa de o ouvir: os média, propriedade do grande capital que é, como se sabe, o grande e único beneficiário da política de direita.

Os média promovem Alegre como figura contestatária do PS e divulgam profusa e diariamente as suas contestações. E, naturalmente, silenciam as suas contradições.
Alegre é presença diária certa e inevitável em tudo quanto é comunicação social dominante. De tal forma que até já passou a ser apresentado como a «única oposição ao Governo» e o «grande vencedor» da luta contra a política de Saúde que levou à demissão do anterior ministro...

Estamos perante a repetição a papel químico da operação várias vezes ocorrida ao longo dos últimos 32 anos: quando esse partido de esquerda que é o PS começa a cheirar demasiado a direita, há sempre um Alegre para disfarçar esse cheiro e que, em prosa ou em verso, canta empolgadamente os princípios e valores da esquerda - assim dando um precioso contributo para perpetuar a política de direita.

5 comentários:

Anónimo disse...

Já ouvi desabafos de satisfação, da parte de gente de direita, em relação ás atitudes do Alegre!
Mas isso fáz sentido, agora o que não faz sentido é a posição de algumas pessoas bem pensantes que, se deixam embarcar nestes engodos!
Não há mais lugar, até para benefícios de dúvida, é preciso que se façam roturas.
Abaixo o NIN, viva o NÂO e o SIM!
josé manangão

Anónimo disse...

por vezes tenho chamado a atenção para o ensino artístico. para melhor compreender o problema consultar marsemsal.blogspot.com

Fernando Samuel disse...

josé manangão: as pessoas são empurradas para estes engodos:é para isso que serve a publicação,todos os dias, de elogios às atitudes do Alegre.
Abraço.

antuã: é a política de direita em acção... já visitei o excelente blog que aconselhas.
Abraço.

GR disse...

O Alegre, não passa de um bobo, tristemente lembrado. Pode criticar o desgoverno que não corre risco nenhum, pelo contrário. Os bobos foram sempre acarinhados, fazem jeito à corte.
O poder do dinheiro, tem muita força.
Nem os poemas que dizem ser dele, os consigo ler!

Antuã,
Excelente blog
marsemsal.blogspot.com

GR

Fernando Samuel disse...

gr: ele vive, politicamente, dessas «críticas» ao governo.
Beijo amigo.